quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A FALTA DE IDEAIS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

Muitas vezes tenho questionado sobre o que está acontecendo com nossa juventude e em uma postagem anterior, fiz uma comparação com os alunos de ontem e os de hoje.
 
Nesta entrevista feito pelo psicanalista Jorge Forbes com o filósofo Luc Ferry, podemos ter  uma ideia mais profunda e mais abrangente sobre os ideais das pessoas nos tempos atuais.
 
Convido você a assistir e fazer uma reflexão.

 
 
 
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O DESEJO SEXUAL NO HOMEM E NA MULHER

Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 16.11.2012


Através da “Quebrando Tabu” procuro ajudar as pessoas com suas dúvidas sobre a sexualidade. Como eu disse na coluna anterior, seguidamente sou convidado para responder perguntas sobre a vida sexual. Escolhi outra delas para responder.

“Por que o desejo sexual das mulheres é menor do que o dos homens?”

A vida sexual do ser humano está condicionada à chamada Resposta Sexual, e como já abordamos em outras edições, ela se compõe de quatro fases: Desejo: Excitação; Orgasmo e Resolução.

A primeira fase, a do Desejo, é a que dispõe o indivíduo à atividade sexual, e mais que uma condição fisiológica, como do nível de hormônios, ela está condicionada também à cultura (aspectos sociais) e à parte emocional (psicológica).

Os componentes do desejo sexual são:
1.      IMPULSO a parte fisiológica, isto é, a que se experimenta no corpo e que estimula a atividade sexual sendo mais ou menos independente da estimulação externa;
2.      MOTIVAÇÃO é o aspecto afetivo do desejo sexual. Ele é o determinante na assiduidade e constância da atividade sexual. A motivação representa a vontade de comportar-se sexualmente e implica na inciativa, na receptividade ou nas duas coisas. É uma força mais importante do que a do impulso sexual;
3.      ASPIRAÇÃO trata-se da influência das forças culturais sobre a sexualidade. Forças frequentemente mais importantes que os aspectos biológicos ou afetivos. Por exemplo: a mulher não deve ser expansiva e nem tomar iniciativa, devendo manter-se recatada, ou ainda preferir atividades menos eróticas.

Sabendo como se compõe o desejo sexual, torna-se possível responder a dúvida em questão. O desenvolvimento afetivo e cultural da mulher se faz de forma diferente do homem. Na mulher este desenvolvimento, na maioria das vezes, imbrica o sentimento com o desejo sexual, isto é o sentimento pelo outro faz nascer o desejo sexual.  Para a maioria das mulheres é difícil ter atividades sexuais sem sentimentos envolvidos, e se o fizerem, muitas sofrerão de sentimentos de culpa.

Os Homens, também pelos aspectos culturais e afetivos que são diferentes das mulheres, conseguem separar as duas situações. No aspecto cultural, muitas vezes os meninos são estimulados a exercerem sua sexualidade sem muitos bloqueios e de maneira precoce. Na parte emocional, o desenvolvimento masculino leva a possibilidade de separação do desejo sexual e dos sentimentos. Um homem (na sua maioria) pode estar apaixonado e mesmo assim sentir desejo sexual por outras pessoas, e se vier a manter relações sexuais, não será atormentado pelo sentimento de culpa.


Portanto caros leitores, podemos entender que os desejos sexuais femininos não são menores do que os masculinos e sim influenciados de maneiras diferentes pelos aspectos culturais e psicológicos.

domingo, 11 de novembro de 2012

FREQUÊNCIA NÃO É SINÔNIMO DE DESEJO SEXUAL

Texto escrito pelo Dr. Oswaldo Rodrigues Jr., Psicoterapeuta sexual e Diretor do InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade e publicado no seu blog http://terapiadasexualidade.blogspot.com.br



Quando pensamos em desejo pelas atividades sexuais cada um de nós parece que tem sua compreensão do que é este desejo. E exatamente por isso que esta discussão pode ser complicada, inclusive para profissionais de saúde.

O desejo sexual é um esquema regulador que media as necessidades físicas, as individuais e as sociais, e por sua vez é regulado por estas instâncias.

O que chamamos de desejo sexual é aquele estado de sentido subjetivo, e que pode ser disparado por percepções internas (a exemplo de pensamentos, lembranças, sensações físicas ou emoções) e externas (estímulos que atingem os cinco sentidos), e este desejo pode conduzir a um comportamento sexual externo, mas nem sempre e ser diferente entre as pessoas.

Muitas pessoas e mesmo profissionais de saúde tentam compreender se existe mais ou menos desejo sexual questionando a frequência coital. O problema é que o número de vezes que alguém faz sexo não denota, necessariamente, a quantidade de desejo sexual. A frequência de atividades sexuais é dependente de muitas circunstâncias externas e sociais, interferindo nesta compreensão.

Existe um fundo biológico nesta discussão, mas o limite desta designação natural e biológica é a reprodução. Uma vez alcançada o desejo é destituído desta condição biológica. Isto talvez explique a diminuição drástica de motivação para sexo num casal pós terem filhos...

Então, para que o desejo sexual possa surgir, várias condições são necessárias, como integridade anatômica e fisiológica, equilíbrio psicossocial e situações com potencial erótico, em geral descritas como "um clima adequado".

Nosso interesse através do consultório, no InPaSex, atentamos para a perspectiva psicológica. Assim consideramos os fatores mais importantes que afetam o desejo sexual: a ansiedade, a depressão, o estresse e fatores do relacionamento de casal.

Mas também podemos apontar vários indícios de como as pessoas sentem pouco desejo sexual:

1. Não aprenderam a perceber de forma adequada seus próprios níveis de excitação sexual fisiológica. A percepção da excitação, como sensação genital, está neles diminuída ou mal classificada.

2. Não aprenderam a facilitar a excitação em si mesmos.

3. Usam um conjunto limitado de indícios para definir uma situação como sexual.

4. Manejam um conjunto limitado de indícios para definir uma situação como sexual.

5. Têm expectativas limitadas quanto à própria capacidade de excitação.

6. Não percebem a si mesmos como muito sexuais.

E ainda precisamos considerar que o desejo sexual apresenta diferenças de gênero: em geral os homens manifestam desejos sexuais mais intensos e frequentes do que as mulheres, o que se manifesta como maior atividade sexual. O desejo sexual masculino parece ser qualitativamente diferente do feminino em nossa cultura. O homem em geral busca um objeto sexual inespecífico para obter prazer orgásmico, ao passo que a mulher busca um objeto sexual específico, com o qual estabelece uma relação afetiva. Isto leva muitas vezes a que o homem finja afeto para obter o coito e que a mulher realize o coito para expressar afeto ou como recompensa pelos sentimentos afetivos manifestados (reais ou fingidos) pelo homem.

Assim o desejo sexual é um constructo multidimensional. O desejo se diferencia em desejo sexual com e sem parceiro. Estes dois aspectos servem para finalidades diferentes. Nosso grupo de pesquisas, o GEPIPS, se encontra pesquisando um instrumento avaliatório para compreender estas diferenças, e continuamos a coletar informações a partir de pessoas que respondem a um questionário, e assim podemos comparar e conhecer estas diferenças.

Compreender o desejo sexual é fundamental para o tratamento de problemas e disfunções sexuais. Muitos profissionais de saúde se esquecem deste importante fator e falham no tratamento das queixas sexuais masculinas e femininas.

O tratamento de problemas de desejo sexual é considerado como dos mais difíceis, em especial por demorar-se mais para ser superado, mas é viável e permite o estabelecimento de um relacionamento a dois de modo adequado e satisfatório.