domingo, 29 de julho de 2012

De quem o pai gosta mais?



Jorge Forbes

Pais ficam aflitíssimos ao afirmarem: -“Gosto dos meus filhos igualzinho”, por serem imediatamente contestados. – “É mentira!” brada o primeiro, “É mentira!”, repete o segundo, o terceiro e quantos mais filhos houver.

“É mentira”, fala também a voz da consciência na cabeça dos pais: eles sabem que é mentira, mas como confessá-la sem imediatamente não se verem tachados pelos filhos, e por si próprios, de injustos, interesseiros, parciais, e mais e mais?

Por suposto que é mentira e qual é o grande problema em afirmá-lo? A questão é que se condensa e se confunde, no termo "gostar", afinidade e amor. O impasse pode ser facilmente resolvido se os pais souberem que o amor pelos filhos é igual, mas as afinidades com um ou com outro, são obviamente diferentes, inclusive variando no tempo e na circunstância.

O amor de um pai – genericamente falando, pai ou mãe – por um filho, é um amor que faz com que ele possa morrer por um filho. Esse é um tema destacado pelo filósofo francês, Luc Ferry, em seu último livro: A revolução do amor. Quando se morre por alguém, evidentemente não há graduação; não se pode morrer mais por um filho e menos por outro. Ninguém morre pela metade e `morrer´, aqui, não é utilizado metaforicamente. Hoje em dia não morremos mais pelos três grandes ícones do mundo moderno, anterior ao nosso, pós-moderno, a saber: a pátria, a revolução, a religião; quando se trata do mundo ocidental, é claro. Essas atitudes não fazem mais nenhum sentido, embora já tenha feito e muito. Mas, morrer por um filho, sim; nenhum outro sentido lhe é hoje superior.

Agora, já a afinidade é outra coisa. A afinidade é uma parte do amor, aquela que diz respeito ao compartir os mesmos fins. Exemplo: torcer por um time de futebol; gostar de um tipo de conversa e de leitura; preferir uma casa de praia, ou de montanha; escolher uma roupa, mais discreta ou mais espalhafatosa; compartilhar o gosto por cinema; adorar ficar em casa, ou sair muito; e por aí vai. A afinidade é múltipla, e como escrevi acima, varia com o tempo. Ninguém comparte todas as afinidades com a mesma pessoa, é quase impossível, até porque a própria pessoa muda seus gostos pelos mais variados motivos: pelo dia, humor, cansaço, enfim, pelo chamado “estado de espírito”. A consequência é que pode parecer que hoje o pai prefira o filho mais velho e que amanhã o caçula se veja o escolhido. Diz alguém que o sortudo é o pai, pois esse – pai ou mãe – só existindo um, ao filho não é dado preferir uma mãe a uma outra mãe. Por certo ele preferirá algumas vezes a mãe, noutras o pai.

O mais interessante do amor de um pai por um filho é que ele não é explicável, logo, também por isso não cabe dizer que ele é maior por este ou aquele filho, uma vez que não sendo explicável não pode ser mensurável.

Este ponto de inexplicável, de não dito no amor de pais e filhos é uma âncora fundamental para a vida de um filho. Ele junta nessa âncora duas qualidades importantes: apoio e flexibilidade. Apoio, pois um filho conta com a certeza desse amor, ao enfrentar as incertezas da vida, e flexibilidade, pois exatamente por não ter explicação, esse amor permite muita variação de escolhas pelo filho: ele não será menos amado se fizer isto ou aquilo, exatamente porque o amor está sempre além das afinidades. Aqui vale lembrar que ele está mais além inclusive das afinidades biológicas. Temos um fato recente que ilustra isso, dado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ocorre que FHC reconheceu um filho gerado fora de seu casamento, há um bom tempo. Razões que ultrapassam o nosso âmbito o levaram a fazer um teste de DNA, de prova de paternidade. Esse teste deu negativo, negando-lhe a paternidade biológica. Incontinenti, o ex-presidente disse que sua paternidade não dependia do componente de DNA e que em nada aquele teste mudaria sua relação com o seu filho.

As afinidades são muitas, diversas, móveis; o amor de um pai é um só.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

EREÇÃO

                                               

Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 13.07.2012



Como nossa coluna “Quebrando Tabu” tem como objetivo maior ajudar seus leitores a tirar dúvidas sobre sexualidade, vamos refletir um pouco sobre o uso do Sildenafil. SILDENAFIL o que é isto?



Estamos falando no principio ativo de medicamentos que causaram uma verdadeira revolução sexual. Remédios para a disfunção erétil masculina e que hoje estão entre os três remédios mais vendidos no mundo. Para entendermos seu funcionamento e consequências é importante lembrar-se do que já falamos neste espaço sobre o ciclo de RESPOSTA SEXUAL, que é composta por três estágios: desejo, excitação e orgasmo.



Estes remédios atuam sobre o estágio da excitação, onde ocorre a preparação fisiológica para o ato sexual. A ereção, que significa a capacidade de manter o pênis ereto a fim de  realizar o ato sexual, ocorre por mecanismos nervosos e vasculares. Muitas pessoas usam a medicação pensando que terão mais desejo sexual. Isto não ocorre de fato, pois desejo e excitação, são momentos diferentes. O que acontece muitas vezes é o efeito placebo, o usuário acredita que funciona e acaba funcionando, muito mais por auto-sugestão do que por efeito da substancia química.



Como funcionam?? Estes remédios agem nos vasos sanguíneos dentro do pênis. Para que ocorra a ereção, estes vasos precisam permitir que o sangue entre dentro deles, isto é, que ocorra uma vasodilatação para que maior quantidade de sangue venha encher os corpos cavernosos, que são como depósitos que ao se encherem de sangue provocam a ereção e ao se esvaziarem o estado de repouso do pênis. Portanto, estes remédios não são de uso feminino.



Ao longo da vida, alguns fatores fisiológicos dificultam a vaso dilatação, e é nestas situações que as substâncias químicas agem, e com isto permitindo (desde que haja desejo) a ereção. Outros fatores fisiológicos como diabetes, arteriosclerose, doenças do fígado, uso crônicos de determinados medicamentos, cardiopatias, alcoolismo, tabagismo, entre outros, podem comprometer definitivamente a capacidade de ereção do pênis.



Fatores não físicos também dificultam a vaso dilatação, tais como o estresse, o medo e a ansiedade. Quanto maior for a idade do homem, maior a probabilidade de acontecerem fatores fisiológicos que dificultam a ereção.



Como o uso das medicações para ajudar a ereção é recente, ainda não é possível conhecer a totalidade dos efeitos colaterais do se uso em longo prazo. Os já conhecidos são rubor facial, dispepsia, congestão nasal, dor de cabeça, etc. Portanto você que é jovem, dificilmente terá indicação médica para o uso destas medicações, e se apresentar problemas com a ereção o melhor é procurar um urologista e constando a inexistência de fatores físicos, procure a ajuda de um psicanalista ou de um psicólogo.



Se depois de ler a coluna “Quebrando Tabu”, as dúvidas sobre o assunto persistiram, ou se aumentaram, escreva-nos que estamos aqui para ajudá-lo. Até o próximo encontro!!