segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

BUENO, O GIGANTE!

Meu último post do ano de 2013 é uma dupla homenagem que quero prestar. A primeira tem como destino uma figura, na realidade um exemplo, que tem sido referência na minha vida como professor, e a segunda, ao colégio que marcou minha vida.


No início do segundo semestre, recebi um convite que muito me honrou, o de escrever um texto que faria parte de um livro que homenagearia o Colégio Estadual Professor Pedro Schneider, mais conhecido como "Pedrinho".


Este colégio marcou muito minha vida em todos os seus sentidos, e fazer parte dos escolhidos para deixar uma mensagem de agradecimento aos seus 60 anos, muito me emocionou. Fui aluno desta Instituição nos anos de 1967, 1968, 1969 e 1970.  A seguir o texto elaborado para a homenagem.



Sempre que entro em uma sala de aula, nos últimos quinze anos, se faz presente uma imagem que tenho desde os 16 anos de idade (46 anos se passaram). É a de um professor jovem, entrando na sala de aula com passos firmes, cabeça erguida e carregando apenas o caderno de chamada. Eu estava sentado no fundo da sala junto ao saudoso colega e amigo Atílio Ricardo Moretti. Era o primeiro ano do curso cientifico de Colégio Estadual Pedro Schneider, o “Pedrinho” como era chamado.


Nas duas vezes que tomei o caminho da docência, o fiz motivado por querer saber mais (como diz Júlio Golin – “aprendemos muito mais quando ensinamos”) e também por dividir as experiências profissionais e de vida com os jovens. A primeira, no Colégio Professor Gustavo Schereiber, conhecido como Escola Técnica de Comercio (ETC). A segunda foi como professor em IESs para cursos de graduação e pós-graduação. Posso contar também os mais de 35 anos como instrutor de treinamentos e palestrante.

Minha memória volta ao primeiro ano do cientifico no Pedrinho. Os anos 60 foram marcados por ideias de liberdade e participação.  Anos onde tivemos os Beatles, o feminismo, Concílio Vaticano II, chegada do homem na lua, início da informática, transmissão da TV em cores, a revolução, ou a contrarrevolução dependendo do lado que se estava, de 31 de março de 1964, a revolta dos estudantes em Paris em 1968, enfim foram anos de muitas mudanças.  A maioria das pessoas possuía uma bandeira, que independente da sua cor, seria capaz de sacrificar muito dos seus desejos para alcançar seu ideal. E nós que vivemos esta época no auge da adolescência, éramos guiados pelo desejo de um mundo e de um Brasil melhor.

Nosso colégio tinha posição de destaque na qualidade dos professores e de ensino, e tínhamos como parâmetro desta qualidade os colégios dos protestantes e das freiras, os únicos na época  que tinham curso médio. O ensino se organizava em primário (cinco anos), ginasial (quatro anos), médio (o cientifico, ou clássico, ou ainda o normal) que era composto de três anos. Depois vinha o curso superior.

Naquela tarde do ano de 1967, as notícias que teríamos um professor novo de matemática, se tornaram realidade, e após nossa entrada feita em fila e depois de ter ouvido os avisos feitos pelo professor Tarcílo Lawich, aguardávamos ansiosos a sua chegada. O motivo pelo qual depois do início do ano letivo tínhamos um novo professor me escapa da memória, mas todos nós estávamos com o nível de ansiedade acima do normal, pois além de ser alguém desconhecido (e por este motivo, uma ameaça), a matéria era a matemática.

Quando ele entrou “a turma do fundo” redobrou sua atenção, pois além da nossa “má fama”, como adolescentes, precisávamos encontrar características que o tornasse menos ameaçador. Nossa atenção se concentrou em dois aspectos: a estatura pequena do professor e o cacoete que ele tinha de iniciar a maioria das frases com a palavra “bueno”. O ano letivo teve prosseguimento e o novo professor foi conquistando a turma, tanto que se tornou nosso professor responsável e durante suas aulas a atenção e o comprometimento com o estudo atingiram níveis elevadíssimos. Não me lembro de tê-lo visto novamente, mas até hoje o professor GELSO STEFFEN é um dos modelos de referência para minha vida. Quero nestas linhas fazer algo que nunca foi possível. AGRADECER pela postura de professor e de ser humano. OBRIGADO GIGANTE BUENO! 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A PRÓSTATA E O NOVEMBRO AZUL




Colaboração para o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O Estado do maranhão edição de 22.11.2013


Neste mês de novembro está se dando ênfase aos cuidados da saúde masculina, através da divulgação do exame da próstata. Deseja-se mostrar a necessidade que todo homem, a partir dos 45 anos, vá ao urologista fazer acompanhamentos anuais sobre a saúde da próstata. Por que abordar este assunto nesta coluna que é destinada aos jovens? Porque muitas vezes o jovem por achar que é assunto de ‘velhos’ não se conscientiza da importância dos cuidados com a saúde masculina.

A próstata é um órgão (glândula) encontrado apenas no homem e está ligada aos processos funcionais da sexualidade masculina principalmente ao sistema reprodutor. Esta glândula (cuja função é secretar substâncias com uma função predeterminada) pesa cerca de 20 gramas no homem adulto. ela ajuda na produção do esperma produzindo um liquido que auxiliará o transporte dos espermatozoides.

Dentro da próstata ocorre a transformação do hormônio testosterona (principal hormônio masculino). A testosterona é responsável por influenciar na energia, desenvolvimento muscular, dar características    masculinas ao homem (barba, timbre de voz, etc.), função imunológica  e a libido. Este hormônio é conhecido dos praticantes de musculação, e tem efeitos colaterais sérios (atrofia dos testículos e masculinização das mulheres) se for utilizado sem a orientação de um endocrinologista. 

Ao conhecer as finalidades e funcionamento da próstata, é possível a conscientização dos jovens da importância dos cuidados da saúde masculina que se faz também com prevenção.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

VIOLÊNCIA E A FALTA DE TOLERÂNCIA NOS DIAS ATUAIS


Os dias atuais são geradores de ansiedade, violência e falta de tolerância. Suas causas múltiplas são analisadas pelo olhar da Psicanálise. Fruto de observações clínicas no dia a dia é possível levantar hipóteses que explicam os elevados níveis de ansiedade que afetam os indivíduos na atualidade. Sem dúvida alguma, o narcisismo exacerbado é uma das causas desta ansiedade. A forma que cada um um trabalha esta sensação se torna uma resposta as demandas emocionais plasmadas muitas vezes em violência e intolerância. Neste vídeo procuramos de forma simplificada, uma panorâmica sobre o assunto. 






sexta-feira, 25 de outubro de 2013

BRINQUEDOS SEXUAIS

Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O Estado do Maranhão edição de 25.10.2013


Pergunta da leitora – “É possível perder a virgindade usando um vibrador?”. Um dos assuntos que tem sido constantemente referido pelos leitores desta coluna, é a curiosidade sobre os brinquedos sexuais ou também chamados brinquedos eróticos.

Hoje existe uma indústria voltada para o sexo. Neste segmento os brinquedos eróticos ganham uma porção considerável, uma vez que o surgimento de novas substâncias como o silicone, o plástico ou a gelatina possuem diversos graus de flexibilidade, e com isto, tornaram mais realista as sensações percebidas durante o uso destes brinquedos. Eles podem ser usados para a autossatisfação aumentando a sensação de prazer durante a masturbação, mas também podem ser usados pelo casal como forma de intensificar as fantasias sexuais e com isto o prazer.

Podemos classificar estes objetos, também chamados de acessórios, como sendo um estimulador dos órgãos de percepção. Temos os estimuladores VISUAIS (filmes, contos, estórias, livros, pinturas, fotos, etc.); OLFATIVOS (essências aromáticas, cheiros corporais, perfumes, etc.); GUSTATIVOS (temperos, bebidas, roupas comestíveis, etc.); além destes temos os AUDITIVOS (músicas, sons, ruídos, etc.) e os TÁTEIS (óleos massageadores, lubrificantes, objetos que provoquem dor, calor ou frio. Vibradores, bonecas infláveis, etc.). Todos estes recursos visam estimular os órgãos de percepção, pois estes são as vias de entrada para a construção das fantasias sexuais.

Alguns cuidados devem ser tomados durante o uso dos brinquedos sexuais. O primeiro deles é conhecer a procedência, pois existem fabricantes que utilizam materiais não adequados e que podem prejudicar a saúde do usuário; segundo lugar é importante saber se o usuário não é alérgico(a) às substâncias presentes e em terceiro lugar, sempre tomar extremo cuidado com a higienização do acessório.

Respondendo a pergunta da leitora, podemos afirmar que é possível sim o rompimento do hímen utilizando um vibrador.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

FINGIR ORGASMO


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O Estado do Maranhão na edição de 04.10.2013


Nossa reflexão desta edição vem da pergunta feita através de um e-mail enviando por um jovem de 17 anos, que pergunta: “É possível saber se a mulher finge ter um orgasmo durante a relação sexual?”. Resolvi escolher este assunto, porque me surpreendeu a pergunta feita por um jovem de 17 anos, mas como não sei o contexto da pergunta, vou responder de forma genérica.

Em primeiro lugar uma resposta genérica: é possível sim perceber se a mulher finge orgasmo, mas é difícil, pois para ter certeza é preciso conhecer, isto é, ter muita intimidade com esta mulher e conhecê-la.

Refletindo sobre o fato de uma mulher fingir o orgasmo, me ocorrem algumas perguntas que faria se estivesse no setting analítico: O quê significa o orgasmo para aquela pessoa? - O que ela pretende alcançar em fingir orgasmos? – Que sensações têm quando finge o orgasmo? – ente-se bem depois de fazer isto?

Sabe-se que muitas mulheres fingem orgasmos para agradarem seus parceiros, mas a grande questão é ter consciência que o orgasmo é, na grande maioria das vezes, o resultado de maturidade emocional e relacional. Esconder problemas através do fingir, além de não ajudar, pois mascara os problemas, vai provocar mais frustração, tanto no que finge como no outro que é enganado.

A qualidade do relacionamento emocional se reflete na vida sexual do casal, e pode-se dizer que a ‘química’ do relacionamento reflete o momento afetivo que os parceiros vivem. Procurar resolver os problemas emocionais levará a desnecessidade de fingir orgasmo na relação.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ACTING OUT E PASSAGEM AO ATO SUICIDA




O termo foi usado por Freud em 1915 no texto “Recordar, repetir e elaborar” onde afirma que o “automatismo da repetição substitui a compulsão à recordação”, isto é, que o acting ocorre quando o paciente não consegue recordar, pensar ou verbalizar seus conflitos.

No Vocabulário da Psicanálise  de Laplanche e Pontalis, o termo é usado, para quase sempre, designar ações de caráter impulsivo, relativamente em ruptura com os sistemas de motivação habituais do sujeito, relativamente isolável no decurso das suas atividades, e que toma muitas vezes uma forma auto ou hetero-agressiva.

Jacques-Alan Miller no seu texto “Jacques Lacan: observações sobre seu conceito de passagem ao ato”. Ato é diferente de ação. Ato tem dimensão de certeza. É algo novo. Sem lei. Não orienta. Afasta o pensamento. Passagem ao ato – separa-se do Outro. Acting out – se direciona ao outro é um apelo, um chamado ao Outro.

Pensamento implica um desejo metonímico e é uma defesa contra o ato.  Lacan, segundo Miller, chama de ato o que visa o cerne do ser: o gozo. Gozo é um conceito necessário, pelo menos para ordenar o que Freud nos traz: que o sintoma,..., o sujeito se sustenta nele. No cerne do ato há um NÃO! Proferido na direção ao Outro.

Ato não é decifrado, porque não tem relação com o ics. Por ele declinar da linguagem ele (ato) é mudo. Enquanto que o Pensamento é impasse e inibição do ato, o ato é um passe porque sem Outro se autoriza de si mesmo.

É comum o indivíduo falar muito em ‘desmotivação’ que é possível considerar como falta da falta. Como uma angustia constituída que o coloca num labirinto do qual não encontra saída. Ao mesmo tempo está presente numa relação com o desejo de Outro  e não quer se submeter. Isto torna sua angustia mais viscosa. Seu labirinto mais sombrio e com nuances de não ter escapatória. Segundo Lacan “o desejo é, no sujeito humano, realizado no outro, pelo outro, no outro”. Sentindo-se objeto de desejo do outro  tem dificuldade de tornar-se desejante.

Em Lacan elucidado Miller diz “a tese de Lacan, uma espécie de axioma, é que o desejo, no gênero humano, deve se fazer reconhecer”.







sexta-feira, 13 de setembro de 2013

COMPULSÃO SEXUAL


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O Estado do Maranhão na edição de 13.09.2013




Tenho recebido e-mails perguntando sobre o assunto Compulsão Sexual. Muitas são as perguntas e as colocações: “exagero no sexo”, “querer muito fazer sexo”, “meu parceiro quer sexo várias vezes ao dia”, etc.

Já abordamos o assunto da frequência sexual neste espaço, e vimos que não existem regras quanto ao número de vezes. Mas a pergunta ainda permanece: quando esta frequência se torna patológica?

Toda compulsão pode ser classificada como uma adicção, isto é, uma necessidade incontrolável por algo ou alguma coisa. O termo adicção vem do latim e significa escravo. Quando a necessidade por sexo se caracteriza por uma busca incansável e frequente por sexo, causando sofrimento e comprometimento das atividades diárias comuns.

A compulsão sexual é uma disfunção sexual na fase do desejo, e em muitos tratados é denominada de satiríase quando ocorre em homens e ninfomania quando ocorre em mulheres. Ela é tratada de forma similar ao de outros tipos de adicção. O tratamento passa pelo uso de medicamentos e também pelo processo psicoterapêutico.

Hoje em dia, muitos casos de compulsão sexual chegam à mídia, pois ocorrem com pessoas públicas e, na maioria das vezes, é o principal motivo para o término de relacionamentos como foi o caso recente do jogador de golfe Tiger Woods.

Comportamentos como passar muito tempo na internet em sites pornográficos, gastar dinheiro em sites de sexo, masturbar-se frequentemente, são alguns dos sintomas que podem indicar a necessidade de ajuda especializada.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PAPÉIS SEXUAIS


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 17.08.2013



Atualmente muito se tem falado e escrito sobre sexualidade e isto sempre despertou e desperta a curiosidade nas pessoas, principalmente nos adolescentes e jovens. Abordemos portanto de forma sucinta o assunto ‘papéis sexuais’.

É importante lembrar que sexo é diferente de sexualidade. Atribui-se tecnicamente o termo ‘sexo’ à natureza, onde o objetivo é a reprodução e consequentemente, a perpetuação da espécie, pois ocorre quando a fêmea está no cio. Quando falamos do ser humano atribuímos o termo sexualidade, pois além do biológico (sexo) temos os componentes psicológicos e sociais.

Nosso sexo biológico nos é dado no momento da fecundação quando o espermatozoide que pode ser “Y” ou “X” se encontra com o óvulo que sempre será “X”. Este fato resulta nos sexos biológicos denominados de Macho ou Fêmea. Salvo situações patológicas de órgãos sexuais ambíguos, todos são classificados em uma das categorias.

No campo psicológico/emocional encontramos a “identidade sexual”. Esta identidade se estabelece nos primeiros cinco anos de vida e é determinante da motivação que a pessoa tem para desempenhar comportamentos estabelecidos para seu sexo. Esta identidade é Masculina ou Feminina, estando muito ligado aos conceitos de atividade e passividade.

O papel sexual propriamente dito é o aspecto social da sexualidade. Os aspectos sociais, ou também chamados culturais, influenciam o individuo desde antes do nascimento através dos desejos dos pais principalmente. Estas influências determinam o papel de Homem ou de Mulher.

Os dois últimos aspectos, o psicológico/emocional e o social são os grandes formadores da identificação sexual do individuo, e algumas vezes podem estabelecer comportamentos e sentimentos diferentes do sexo biológico. Usando uma frase de Simone de Beauvoir, onde ela diz que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher” podemos afirmar que a cultura, representada pelos pais, familiares, professores, vizinhos, etc. assume importantíssima parcela da definição da nossa sexualidade.

Assumir uma identidade heterossexual ou homossexual é uma questão de orientação e não de opção.



Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Em São Luís, capital do estado do Maranhão a violência contra a mulher tem impressionado pelo grande aumento.



sábado, 3 de agosto de 2013

MASTURBAÇÃO



Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal  O ESTADO DO MARANHÃO no dia 02.08.2013 


Masturbação é um assunto que sempre desperta muita curiosidade nas palestras que ministro para adolescentes, jovens e mesmo entre os adultos. Cercado de polêmicas, mitos e dúvidas o ato da masturbação sempre será objeto de atenção.

Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, em um dos seus escritos mais polêmicos para a época,  ‘Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade’, descreve o autoerotismo infantil. Isto é, que o indivíduo desde sua idade mais tenra sempre procura algum tipo de auto prazer. A descoberta das zonas erógenas também mostrou que a busca do próprio prazer pode ser feita de muitas maneiras e não apenas através da manipulação dos órgãos sexuais.

Pode-se afirmar que a masturbação faz parte da vida de todas as pessoas, seja qual a forma usada. A mais comum é tocar os genitais até provocar um orgasmo. Podem ser usados objetos que ajudem nas fantasias, tais como vibradores, bonecas infláveis e outros. O uso de vibradores pelas mulheres precisa ser motivo de atenção, pois dependendo da constância do seu uso, pode acarretar o comprometimento em algumas mulheres das fases da resposta sexual. Em relação ao uso de objetos pelos homens o cuidado também tem que ser observado, pois o uso inadequado pode causar lesões penianas.

A maior dificuldade em lidar com a masturbação é encontrada junto às mulheres. Mesmo o orgasmo sendo atingido de maneira mais fácil, provoca sensação de culpa e desconforto em muitas mulheres.

Para finalizar nossa colaboração podemos afirmar que a masturbação faz parte do processo de desenvolvimento e descobertas da vida sexual, mas que se torna problema quando interfere no dia a dia, no trabalho, na vida social e nos relacionamentos. Também pode se transformar em ato compulsivo que indicará a necessidade de tratamento para a adicção sexual.




Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

quarta-feira, 24 de julho de 2013

LIMITES PODEM IMPEDIR QUE A AGRESSIVIDADE SE TRANSFORME EM VIOLÊNCIA

Hoje em dia é comum muitos pais se acharem devedores de seus filhos. É como se ao nascer a felicidade da criança fosse obrigação dos pais. Este pensamento faz com que pais tenham medo de impor limites aos filhos e o resultado é sempre muito ruim para a criança e futuro adulto.


sábado, 15 de junho de 2013

EXCITAÇÃO MASCULINA E A EXCITAÇÃO FEMININA


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 14.06.2013.




Nossa colaboração desta semana responderá mais uma vez perguntas sobre as dificuldades sexuais femininas. Alguns e-mails vêm de homens falando sobre as dificuldades que suas parceiras enfrentam. Por estes motivos vamos abordar novamente as disfunções sexuais.

“Por que minha parceira não consegue lubrificar?”, “é possível a mulher lubrificar demais?”, “sinto dores durante as relações sexuais”. Dúvidas como estas e outras estão na maioria das vezes ligadas a uma disfunção sexual feminina na fase da excitação. Relembrando que a resposta sexual humana é composta de quatro fases: Desejo, excitação,  orgasmo e resolução.

A fase de excitação pode ser afetada por problemas fisiológicos ou emocionais. Uma consulta ao ginecologista é o primeiro passo para determinar a(s) causa(s) do problema. Para entender melhor a excitação sexual, podemos observar que ela funciona de modo diferente para os homens e para as mulheres.

A fonte externa de excitação da maioria dos homens começa pelo estímulo VISUAL, seguido pelo estimulo TATO-OLFATIVO, em terceiro lugar GUSTATIVO-AUDITIVA para finalmente, entrar no jogo a fantasia ERÓTICA-AFETIVA. Como é possível observar o estimulo que vem pelo olhar comanda a fase de excitação masculina.

As mulheres têm estímulos que agem de modo diferente dos homens. O comando da fase de excitação feminina é a fantasia ERÓTICA-AFETIVA, seguida pelos estímulos TATO-OLFATIVA, GUSTATIVO-AUDITIVA e para finalizar, o estímulo VISUAL. Nota-se que o estímulo que inicia a excitação masculina é o último a ocorrer nas mulheres.

Fisiologicamente para um homem estar pronto para a relação sexual, isto é com uma ereção, ele precisa levar até o pênis 70 mililitros de sangue. Já a mulher para estar pronta para a mesma relação sexual, ela precisará de 400 mililitros de sangue irrigando seu órgão genital.

Por estes dois motivos é possível afirmar que os homens que desejam ter relações sexuais satisfatórias com suas parceiras precisam conhecer mais a fisiologia e o funcionamento emocional das mulheres.




Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sábado, 1 de junho de 2013

ANORGASMIA FEMININA E O CLITÓRIS


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 31.05.2013.



Recebemos alguns e-mails pedindo que fosse abordada a dificuldade de muitas mulheres em atingir o orgasmo durante as relações sexuais. Colocamos como titulo a ‘ANORGASMIA FEMININA’ porque se encontra este problema também nos homens, mas nosso foco desta edição é o mundo feminino.

Em primeiro lugar é preciso alertar, que em vários casos o problema não está diretamente relacionado a uma disfunção sexual especifica desta fase (resposta sexual), mas se torna um conjunto com as fases anteriores, isto é, dificuldade (ou falta) de desejo ou mesmo de excitação.

Não é possível apontar um único fator responsável pela dificuldade de ter orgasmo nas mulheres. Algumas características comuns são encontradas na grande maioria das anorgásmicas. As principais são: tem menor percepção dos sinais que seus corpos sentem durante a fase da excitação, isto é, desconhecem seu corpo; tendem a sentir mais culpa em relação à sexualidade ocasionada muitas vezes por uma educação repressora; possuem preconceitos negativos sobre as atividades sexuais; veem a masturbação como algo negativo e muitas têm medo de perder o controle durante o orgasmo.

Dúvida que também ocorre muitas vezes é se o tamanho do clitóris influencia no acontecer e na intensidade do orgasmo. Assim como o tamanho do pênis nos homens não interfere no prazer, o tamanho do clitóris não tem influência alguma na capacidade ou não da mulher sentir orgasmo. O que é preciso observar é a sua funcionalidade, isto é, a capacidade ou não de receber e enviar estímulos nervosos.

O clitóris durante a fase de excitação aumenta de tamanho, passa dos aproximadamente 0,5 para até 2,0 centímetros de comprimento. Possui milhares de terminações nervosas e por isto se torna a parte mais sensível da genitália feminina.

Em algumas sociedades é praticada a excisão, que constitui a retirada cirúrgica do clitóris o que impossibilita o orgasmo feminino. Este ato constitui-se numa mutilação genital feminina e tem sequelas físicas e psicológicas irreversíveis, constituindo em uma violação dos direitos humanos.




Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sábado, 18 de maio de 2013

DISFUNÇÕES SEXUAIS E A PSICANÁLISE


Nos dias atuais, que convencionou-se chamar de pós-modernidade, o discurso da ciência domina a arte médica.Carregada por esta filosofia, ela olha mais para a doença do que para a escuta do paciente. Chegou-se ao ponto de ‘trocar’ o nome de impotência para disfunção erétil. A psicanálise ‘escuta’(diferente de ouvir) a fala do paciente e procura dentro dos significantes e significados o que se esconde por detrás das dificuldades sexuais de cada paciente.














                                             

sábado, 4 de maio de 2013

FANTASIAS SEXUAIS


Colaboração com o cadernos Na Mira, coluna "QUEBRANDO TABU"  do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 03.05.2013.



Nesta edição vamos abordar as fantasias sexuais. Muitas pessoas acreditam que a existência de fantasias sexuais é uma ‘anormalidade’ da sexualidade e que apenas pessoas ‘depravadas’ as têm.

Fantasias são filmes mentais nas quais geralmente somos protagonistas como heróis ou vilões e que nos diferenciam dos animais, pois apenas os seres humanos possuem a capacidade de tê-las.

Várias vezes tenho escrito que não possuímos instintos, mas sim pulsões, pois nossos instintos foram subvertidos pela linguagem, isto é, pela cultura que nos absorve e abriga. Vários especialistas da área da sexualidade concordam que nossa sexualidade se manifesta principalmente pelas imagens mentais que ocorrem de forma inconsciente e que se originam em nossas interações com as pessoas e as situações que nos cercam desde o momento do nascimento.

Nossa vida sexual é oxigenada pelas fantasias que temos e elas se formam pelos desejos, necessidades e demandas que possuímos ao longo da nossa estruturação emocional. Muitas vezes a disfunção de desejo (a falta ou inibição do desejo sexual) está ligada a dificuldade de permitir o fluir das fantasias que dificultará o desenvolvimento saudável e prazeroso da vida sexual.

O compartilhamento das fantasias sexuais entre os parceiros auxilia o aprofundamento da intimidade que é vital para o estreitamento dos laços que unem os parceiros e cria a cumplicidade entre eles. Compartilhar, isto é, contar suas fantasias não necessariamente requer a realização delas. A vergonha e a inibição são os principais obstáculos encontrados pelos parceiros nos seus relacionamentos afetivos.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

quarta-feira, 1 de maio de 2013

ALIENAÇÃO PARENTAL - O ABUSO EMOCIONAL DE CRIANÇAS




Em 26 de agosto de 2010, sob o número 12.318, uma das  três formas de abuso (sexual, físico e emocional) que uma criança pode sofrer, virou crime. O abuso emocional chamado de "alienação parental" e suas consequências para a criança e o futuro adulto é analisado neste vídeo.

O que é a Síndrome de Alienação Parental ?

Resposta extraída do site http://www.alienacaoparental.com.br/

" Também conhecida pela sigla em inglês PAS, é o termo proposto por Richard Gardner em 1985 para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.
Os casos mais frequentes da SAP estão associados a situações onde a ruptora da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição,   vingança, desmoralização e descrédito de ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. ISTO É A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL: PROGRAMAR UMA CRIANÇA PARA QUE ODEIE O GENITOR."






Assista ao vídeo e ajude a denunciar e combater esta forma de abuso.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A DÚVIDA NA NEUROSE OBSESSIVA



Trabalho que apresentei no Seminário "Os casos clínicos de Freud - O Homem dos lobos" com a Psicanalista Angelina Harari de São Paulo realizado pela Delegação Geral Maranhão da Escola Brasileira de Psicanálise em 13.04.2013



Ao longo da clínica tenho recebido pacientes com neurose obsessiva que na grande maioria apresenta como sintoma principal a dúvida intensa que gera angústias dilacerantes. Freud em seus textos nos diz que uma das características mentais que os neuróticos obsessivos têm é a de possuir incertezas ou dúvidas em suas vidas.

Segundo Freud no texto Homem dos ratos, ‘a predileção dos neuróticos obsessivos pela incerteza e pela dúvida leva-os a orientar seus pensamentos de preferência para aqueles temas perante os quais toda a humanidade está incerta e nossos conhecimentos e julgamentos expostos a dúvidas. Levando em consideração o ensino de Lacan, sabemos que a dúvida é uma articulação de significante, sendo por isto uma defesa. Já a angústia está situada do lado da certeza, e o próprio Lacan que nos diz que ela (angústia) é o ‘único sentimento que não engana’ uma vez que ela ocorre sempre em presença do objeto ‘a’.

              Para a psiquiatria, que adota a classificação das doenças dadas pelo manual médico de estatística e diagnóstico de doenças (classifica a doenças e não escuta o doente) a obsessão é definida como pensamento, ideia, impulso ou imagem persistente que causa sofrimento constante e/ou prejuízo considerável por mais de uma hora por dia. Aqui podemos perceber a visão de normatização.

            Na abordagem da moderna psiquiatria há uma divergência da abordagem psicanalítica, tanto na etiologia quanto ao tratamento da neurose obsessiva, mas conhecida com o nome técnico de Transtorno Obsessivo Compulsivo.

             Para a Psicanálise a neurose obsessiva é  originada por um conflito psíquico infantil e uma fixação na fase anal e suas manifestações se dão por meio de ritos, sintomas obsedantes e  cismas (ruminações) mentais que originam dúvidas que acabam por inibir pensamentos e ações. Para Lacan o sintoma neurótico não é um signo, mas sim uma fala.
    
o sintoma neurótico não é um signo, é uma fala, estruturada como uma linguagem, com estas duas funções essenciais, o significante – ou seja, o suporte material, o vocábulo que estou emitindo sob a forma articulada, silábica pela qual me faço entender – na sua relação com a significação. LACAN, Jacques – O MITO INDIVIDUAL DO NEURÓTICO – Jorge Zahar Editor

            A Neurose Obsessiva está ligada à forma e ao grau de organização dos mecanismos de defesa do EU, quanto maiores forem os esforços para se defender de angústias geradas pelas pulsões. Freud nos diz que a grande finalidade da NO é enfraquecer experiências infantis em outras ‘menos’ dolorosas.

Zimermam (1999) lembra que embora a obsessividade possa ser um elemento comum em diversas pessoas diferentes, é indispensável que se faça uma discriminação entre os seguintes estados: traços obsessivos em uma pessoa normal, ou como traços acompanhantes de uma neurose mista, uma psicose, perversão, etc. carácter marcadamente obsessivo; neurose obsessiva-compulsiva. As duas últimas se diferenciam pelo fato de que uma caracterologia obsessiva implica a presença permanente e predominante dos conhecidos traços de meticulosidade, controle, dúvida, intolerância ,etc., sem que isso altere a harmonia do indivíduo ou que o faça sofrer exageradamente, embora ele apresente algumas inibições que o desgastam e possam estar infligindo algum sofrimento ao que convivem mais intimamente. https://artigos.psicologado.com/psicopatologia


Em dois casos clínicos apresentados em um Seminário, ocorreu que o paciente 1 em seu primeiro processo analítico aparentemente livrou-se da obsessão, mas ao interromper o processo foi acometido de nova ideia obsessiva. O pacientes 2, por estar recente no processo ainda não abandonou sua dúvida trazida para a análise, mas percebe-se uma diminuição da intensidade.

A obsessão pode ter sido resolvida com êxito em sua primeira aparição; contudo, retorna de forma distorcida e irreconhecível, sendo então capaz de, na luta defensiva, afirmar-se com mais eficácia exatamente em virtude da sua deformação. FREUD, Sigmund –  ‘HOMEM DOS RATOS’ – Versão Eletrônica da Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – Vol. X.

            Sabe-se através das leituras dos vários textos de Freud, como por exemplo, ‘As psiconeuroses de defesa’ – 1894, ‘Obsessões e fobias’ – 1895 ‘Caráter e erotismo anal’ – 1908 e vários outros, que a organização obsessiva foi marcada pelos complexos de castração e de Édipo, além da educação dos esfíncteres e de pais que impuseram um SUPEREU rígido e punitivo.

... um instinto (pulsão) erótico e uma revolta contra ele; um desejo que ainda não se tornou compulsivo e, lutando contra ele, um medo compulsivo; um afeto aflitivo e uma impulsão em direção ao desempenho de atos defensivos.  FREUD, Sigmund –  ‘HOMEM DOS RATOS’ – Versão Eletrônica da Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – Vol. X.

            Em ambos os pacientes encontramos a presença dos elementos descritos acima. Supereu rígido e punitivo, no caso 1, pai que espancava e no caso 2 mãe que exigia comportamentos irrepreensíveis. Têm-se também a presença de pulsões agressivas e um ideal de eu cheio de expectativas a serem cumpridas (a melhor escola e evitar ser problema).

O contexto ideativo conhecido só entrou em sua posição real graças a uma falsa conexão. Não estamos acostumados a sentir fortes afetos, sem que eles tenham conteúdo ideativo; e, portanto, se falta o conteúdo, apoderamo-nos. Como um substituto, de algum outro conteúdo que seja, de uma ou de outra forma, apropriado,... FREUD, Sigmund –  ‘HOMEM DOS RATOS’ – Versão Eletrônica da Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – Vol. X.

Traço comum também encontrado é o de serem pessoas muito racionais, isto é, lógicas. São pessoas submersas em dúvidas. Neles (obsessivos) outra característica apontada por Freud é a presença dos afetos amor e ódio que ocorrem simultaneamente.

A dúvida corresponde à percepção interna que tem o paciente de sua própria indecisão, a qual, em consequência da inibição de seu amor através de seu ódio, dele se apossa diante de qualquer ação intencionada. A dúvida é na realidade, uma dúvida de seu próprio amor –que devia ser a coisa mis exata em sua mente como um todo; ela se difunde por tudo o mais, sendo mormente capaz de ser deslocada para aquilo que é mais insignificante e sem valor. FREUD, Sigmund –  ‘HOMEM DOS RATOS’ – Versão Eletrônica da Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – Vol. X.

Nos casos clínicos é possível detectar-se problemas de amor e ódio com o genitor masculino no caso 01 e com o genitor feminino no caso 2. Também podemos perceber que a característica da dúvida faz parte da vida mental dos neuróticos obsessivos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund – DUAS HISTÓRIAS CLÍNICAS (O ‘PEQUENO HANS’ E O ‘HOMEM DOS RATOS’) – Versão Eletrônica da Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – Vol. X – IMAGO.
LACAN, Jacques – O MITO INDIVIDUAL DO NEURÓTICO – Jorge Zahar Editor – RJ – 2007.
MILLER, Jacques-Alain – EL PARTENAIRE-SÍNTOMA  - 1ª ed. - Buenos Aires: Paidós,2008.
NASIO, Juan-David – UM PSICANALISTA NO DIVÃ – R.J. – Zahar / 2003
ZIMERMAN, DAVID E. FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS  - TEORIA, TÉCNICA E CLÍNICA -  Artmed Editora – RS, 1999.
___________ MANUAL DE TÉCNICA PSICANALÍTICA – Artmed Editora – RS, 2004.
___________ - VOCABULÁRIO CONTEMPORÂNEO DE PSICANALISE – Artmed Editora – RS 2001.
http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtorno-obsessivo-compulsivo-visao-psicanalitica

domingo, 14 de abril de 2013

A CAMISINHA FEMININA

Colaboração com o caderno Na Mira coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 11.04.2013



Temos recebido alguns e-mails com dúvidas sobre o preservativo feminino também conhecido como a ‘camisinha feminina’.

Ainda pouco conhecida e utilizada o preservativo feminino, segundo especialistas, têm vantagens sobre o preservativo masculino conhecido como “camisinha”, ou ainda a “camisa de Vênus”.  Seu formato é o de uma bolsa com dois anéis nas extremidades, um fechado para impedir o contato do esperma com o corpo da mulher (e também agentes que provocam as DSTs) e outro aberto, para que o pênis possa ser introduzido.

O preservativo feminino é um método contraceptivo de barreira, isto é, impede a chegada dos espermatozoides até o óvulo. É feita de poliuretano que é um material mais resistente, mesmo sendo mais fino que o látex usado na camisinha masculina. Este fator a torna mais resistente com o risco menor de rompimento, e ao mesmo tempo com sensibilidade maior e menos causador de alergias.

A camisinha feminina deve ser colocada algumas horas antes da relação sexual, o que impede que o ‘clima seja quebrado’ durante o ato sexual e que muitas vezes se constitui a principal queixa para o uso do preservativo masculino. Ela pode ser usada também durante o período menstrual.

Para maiores informações as mulheres devem procurar um (a) ginecologista.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sábado, 23 de março de 2013

DORES NOS TESTÍCULOS


Colaboração com o caderno Na Mira coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 22.03.2013






Nossa colaboração desta edição responde e-mail contendo a seguinte pergunta: “é ‘normal’ sentir dor nos testículos durante a excitação”?


Sempre é preciso lembrar que dor é um sinal de alerta do organismo, e que por este motivo nunca é inteligente desprezar este sinal.

Existem várias causas que podem provocar dores nos testículos, entre elas temos: varicocele que acomete na maioria das vezes jovens entre os 15 e 25 anos; trauma testicular ocasionado por batidas e choques sendo quase sempre uma dor intensa, porém passageira (existem casos que há  rompimento e será necessário uma cirurgia reparadora);  torção testicular que pode ser decorrente de exercícios físicos intensos e traumas; epididimite infecção do epidídimo que recobre os testículos e onde ficam armazenados os espermatozoides, podem ser causada por doenças sexualmente transmissíveis ou por bactéria causadora de infecção urinária; orquite é uma inflamação do testículo ocasionada por doença viral como a caxumba.  Outra doença que causa dor nos testículos é o câncer.

Das causas, a menos problemática é a que ocorre em virtude de forte excitação sexual, muitas vezes decorre quando não há o orgasmo após a excitação e não tem consequências.

Em qualquer situação de  dor nos testículos é fundamental procurar ajuda médica através da consulta de um urologista para descartar doenças sérias cujo um dos sinais é a dor localizada.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

segunda-feira, 4 de março de 2013

O professor e sua responsabilidade de guiar



este texto foi publicado originalmente no site http://www.ipla.com.br/index.php?id=477


Rodnei Corsini


Os professores não podem se eximir da responsabilidade 
que está por trás dos planejamentos de curso centrados nos alunos, nos quais cabe aos estudantes dizer o que desejam aprender


Em todo começo do ano surge a mesma dúvida: como organizar o currículo para nortear as atividades didáticas? Desde os anos 1980, muita gente postula que a melhor opção são as abordagens centradas no aluno, isto é, aquelas nas quais cabe aos alunos dizer o que querem aprender. Há, inclusive, quem acredite que esta seria a escolha mais coerente com a abordagem psicanalítica.

Será? Não acreditamos. Na direção de explicitar os motivos da discordância, vamos recorrer a um filme do russo Andrei Tarkóvski, de 1979, como metáfora desse tipo de abordagem. A palavra“Stalker”, seu título, é usada para nomear aqueles que conduzem outras pessoas através de uma Zona proibida, uma área isolada, guardada por vigias armados. No filme, o stalker guia dois personagens. Sua crença é a de que, após atravessar o local, podem chegar até uma sala onde os mais profundos desejos se realizam.

Tendo como referência a psicanálise de Jacques Lacan (em Lacrimae Rerum), Slavoj Žižek acredita que, no filme, a Zona não seria exatamente o local que serve de sustentação e suporte do desejo. Mas, sim, “o Real de uma alteridade absoluta incompatível com as regras e leis do nosso universo”.

Diferente da realidade supostamente objetiva, a qual existe anterior e independentemente do sujeito, o Real responde ao que sobra da operação de invenção da realidade singular que é feita por nós para podermos viver. Em outras palavras, nossa “realidade” é, quando menos esperamos, rasgada pelo Real. Muito provavelmente, é por esse motivo que nos angustiamos frente a ele.

Em “Stalker”, a Zona é obscura e inóspita. É um ambiente que aparenta estar na eterna iminência de se decompor e sugar tudo o que comporta. Entrar nela e chegar até a câmara em que os desejos se realizam é bastante arriscado: parece exigir ousadia, perseverança, sutileza e certa espécie de fé. Trazendo para nosso tema, características também necessárias para ensinar e aprender.

No filme, somente o stalker parece dispor desses atributos (da crença, sobretudo). Como disse o próprio Tarkóvski, em entrevistas, a Zona e a sala dos desejos são criações desse personagem-guia. Os outros dois, ao entrarem na câmara, não realizam o que desejam. Žižek observa que eles sequer conseguem formular o que querem. Sequer conseguem, portanto, inventar um modo de colocar sua singularidade no mundo.

Voltemos à nossa questão inicial. Caso, em nossa metáfora, o professor fosse um “stalker” e seus alunos os aventureiros guiados por ele, como poderiam escolher o que querem aprender? Como poderiam fingir que o Real não existe e que, no espaço escolar, tudo é possível de ser simbolizado? Doce ilusão. Aos professores, antes serem chamados de autoritários (é sempre um risco) do que deixar seus alunos, sem palavras, vagando no mar da apatia.

sexta-feira, 1 de março de 2013

PROBLEMAS COM A EREÇÃO: COMO A PARCEIRA PODE AJUDAR

Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 01.03.2013




Recentemente recebi de uma jovem mulher várias mensagens sobre as ‘falhas’ seguidas do seu parceiro durante as relações sexuais. Em seguida ele me envia mensagem marcando uma consulta, mas no dia e hora marcados não compareceu.

Temos aí duas situações bastante comuns. Ela querendo ajudá-lo, motivada pelo afeto que sente por seu parceiro, e também para garantir seu prazer, e ele, fugindo de enfrentar o problema. Segundo estudos menos de 10% de homens entre 18 e 40 anos procuram ajuda para tratar de problemas de disfunções sexuais.

Provavelmente dois assuntos dominam a vida sexual masculina, um é o tamanho do pênis e outro é o desempenho com as mulheres. A qualidade da autoestima masculina está bastante ligada a estes dois aspectos, e por estes aspectos é bastante comum os homens fugirem do assunto com suas parceiras e de procurarem ajuda especializada, dois grandes erros que podem custar o relacionamento.

Escrevo esta colaboração, especialmente para as mulheres (elas estão ligadas diretamente a situação), para que elas possam ter noções sobre o assunto e desta maneira ajudarem de forma eficaz seus parceiros, pois na maioria das vezes esta ajuda é fundamental para a solução do problema. Quando o problema acontecer a mulher não deve colocar a situação ‘para baixo do tapete’, pois a tendência é que quando mais se espera mais difícil se torna esta busca de ajuda (com o tempo o homem acaba fugindo das relações sexuais). Importante lembrar que ajudar é diferente de cobrar.

Como já exposto aqui algumas vezes, as disfunções sexuais (falta/perda da ereção, ejaculação rápida ou retardada e falta de desejo sexual) podem ser de origem orgânica ou emocional, podendo ainda conjugar os dois fatores.

As causas orgânicas podem ser alterações neurológicas, alterações arteriais, alterações dos corpos cavernosos, alterações dos neurotransmissores (óxido nítrico, GMPc e o PDE-5) e também a diabetes. Alguns medicamentos também podem contribuir para o problema tais como: Anti-androgênicos (usados em tumores malignos da próstata), finasterida (hipertrofia da próstata e para crescer cabelo), beta-bloqueadores, descongestionantes; metil-dopa (bloqueadores dos canais de cálcio na hipertensão arterial), tranquilizantes, sedativos, cimetidina (usado na úlcera péptica), e a digoxina (insuficiência cardíaca). Por todos estes motivos é fundamental a procura de um urologista para o diagnóstico.

Caso o médico descarte os problemas físicos é preciso procurar um psicanalista ou psicólogo especializados em disfunções sexuais para tratar o emocional. O tratamento psicoterapêutico geralmente usa duas abordagens, a psicanalítica (mais profunda) e a cognitivo-comportamental. O importante é ter consciência que quanto mais rápido se procurar ajuda, menos difícil será resolver o problema.

Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sábado, 9 de fevereiro de 2013

OS DESEJOS HUMANOS E A HOMOSSEXUALIDADE.

Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 08.02.2013




Trataremos nesta edição sobre uma pergunta que me foi feita muitas vezes durante os seminários e palestras que ministro como psicanalista – Por que alguém é homossexual?

Esta é uma pergunta muito difícil de responder por várias razões, entre elas é que existem várias teorias e que nenhuma delas foi comprovada como verdade científica.

 A psicanálise é conhecida por ser a teoria de uma prática, isto é, das observações feitas no dia a dia dos consultórios. Portanto por ser estudioso dos seres humanos vou expor de forma muito breve algumas das minhas observações

Existem algumas abordagens teóricas que podem ser feitas, mas escolhi, por questão de espaço, apenas uma, a diferença entre instinto e pulsão. O Instinto é uma programação da natureza e existem dois tipos. O instinto de sobrevivência e o instinto de reprodução.  Eles estão presentes nos animais.  Na natureza não encontraremos, por exemplo, animais obesos, pois eles comem apenas para sobreviver e não por prazer. Em relação ao ato sexual, ele acontece (com raríssimas exceções) apenas quando a fêmea está no cio, pois visa à reprodução e com isto a perpetuação da espécie.

Nos seres humanos não temos os instintos, mas sim as pulsões (conceito físico, psicológico e social), pois os instintos são modificados pela cultura, nós fazemos sexo muito mais para ‘recreação’ do que para procriação. Isto faz nossos desejos sexuais se dirigirem para outros seres humanos, de acordo com ‘programações’ internas, representadas por crenças, valores e fantasias que vamos acrescentando principalmente nos primeiros anos de nossas vidas. Portanto não é apenas uma “programação biológica” que dirige os desejos nos relacionamentos.

De onde vêm nossos desejos? Eles se originam a partir das necessidades que o bebê humano tem ao nascer, como alimento, abrigo, segurança, acolhimento, etc., e como tais necessidades são providas por terceiros e sendo elas constituídas através da linguagem (ensinam a dar nomes aos objetos e as pessoas), estes terceiros passam a serem objetos de demandas.

Quando comparamos demandas e necessidades, vamos perceber que as segundas não satisfazem completamente as primeiras e o que resulta (resta) é o que chamamos de desejos. Estes desejos são responsáveis por todos os nossos movimentos de busca, inclusive de parceiros afetivos.

Podemos concluir baseado na teoria psicanalítica pensada por Jacques Lacan, partindo de Sigmund Freud, que ser heterossexual ou homossexual, é uma questão de orientação estruturada mesmo antes do nascimento do bebê, e não é uma opção, como muitas vezes se diz.


Para encerrar a nossa reflexão, deixo aqui duas frases que exprimem a importância dos desejos na vida do indivíduo: “Os desejos inconscientes do homem são o seu destino” e “O desejo é a essência da realidade”, de Sigmund Freud e Jacques Lacan respectivamente.

Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail:mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A Clínica do Real e a epidemia do "amarelamento"

Este texto foi publicado no site http://www.ipla.com.br/index.php?id=459

Claudia Riolfi

 
Em plena época de volta às aulas, a psiquiatria inglesa da Segunda Guerra Mundial mostra soluções para professores desencorajados e desmotivados
 
Voltaram as aulas em São Paulo! Após quase 60 dias de recesso, poderíamos pintar um cenário composto por crianças saudosas e por professores descansados, renovados e cheios de amor para dar. Quanta ilusão... Os consultórios dos psicanalistas estão cheios de colegas em quem a vontade de viver é menor do que o compromisso com o seu trabalho.

Examinemos dois fragmentos de jornais que ilustram a afirmação precedente. Primeiro: “Quase 20% dos professores da rede básica de ensino do Estado de São Paulo sofre de depressão. O dado foi revelado pelo levantamento A Saúde do Professor na Rede Estadual de Ensino, feito pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em parceria com o Dieese” (UOL, 05/10/2012). Segundo: “40% dos professores afastados por saúde tem depressão, aponta estudo. Pesquisa foi feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP”. (G1, 10/10/2012). É mole?

Como podemos ajudar estes colegas? Quando os interrogamos sobre a interpretação que eles dão às causas de seu adoecimento, sentam-se e afirmam que estão perdidos, que não sabem mais o que fazer. A partir do seu relato, uma conclusão se impõe: o pobre professor “amarelou”, ou, como bem diz o Houaiss, perdeu a coragem diante da situação difícil.

Quando entra em sala de aula, o professor se esquece do prazer de viver e abre mão da excitação, do rubor. Tem consciência de que ele bem que poderia buscar outros rumos para sua vida, mas não o faz. Descrente e desconfiado, prefere trilhar por um caminho pronto, o do saudosismo. Insiste na procura de um passado mítico, quando tudo era melhor. Quando falha, o resultado é a depressão.

Penso que um velho texto de Lacan ajuda a vislumbrar uma educação mais colorida. Narrando sua visita a Londres logo após as comemorações pelo término da Segunda Guerra Mundial, Lacan mostrou-se fascinado pelos ingleses que, ao contrário dos seus compatriotas, puderam, durante a guerra, não ceder de uma intrepidez que repousa “numa relação verídica com o real”.

Ao inteirar-se dos detalhes de várias experiências dos psiquiatras ingleses que, em sua avaliação, foram determinantes para que a Inglaterra pudesse ganhar a guerra, encontrou em Wilfred Bion um exemplo de pessoa que não varre o que incomoda para baixo do tapete. Em sua atividade em um hospital militar, Bion encarnou um elemento enigmático para transformar 400 soldados cuja indisciplina tinha impossibilitado a utilização no exército durante a Segunda Guerra em uma excelente tropa em marcha.

O que ele fez? Ele pôde ser, para seus subordinados, “um líder em quem sua experiência com os homens permita fixar com precisão a margem a ser dada às fraquezas deles, e que possa lhes manter os limites com sua autoridade, isto é, pelo fato de cada um saber que, uma vez assumida uma responsabilidade, ele não amarela”, relatou Lacan.

Aprendamos a lição de Bion.
 
Como podemos combater o famigerado  “amarelamento”? 

Fornecendo aos professores os meios para que, em seu fazer, se sintam autorizados a ser o que são. Para que não precisem varrer suas “fraquezas” para debaixo dos tapetes das estatísticas. Para que, frente a alunos considerados tão péssimos quanto os soldados tratados por Bion, possam colocar o saber inconsciente a seu serviço.

Precisarão disso para: 1) Fazer com que as novas gerações consigam se relacionar com o conhecimento historicamente construído; e 2) Inventar soluções apaixonantes que possam servir – aqui e agora – para os desafios encontrados. Boas aulas!
 
 
Para ler mais:
LACAN, Jacques. (1947). A psiquiatria inglesa e a guerra. In: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. p. 106- 126.