terça-feira, 29 de janeiro de 2013

HPV, CÂNCER E SEXO ORAL.



Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 18.01.2013


Na primeira coluna “Quebrando Tabu” do ano de 2013, vamos abordar um assunto pouco comentado e que merece uma reflexão profunda dos nossos leitores. O sexo oral, o HPV e o câncer de boca, laringe e faringe.

Segundo estudos feitos pela Faculdade de Saúde Pública da USP com mais de 1400 pessoas, o principal fator de câncer nestas áreas do corpo é o sexo oral sem camisinha. O motivo é a presença do HPV (papilomavírus humano). Este vírus é transmitido sexualmente e está presente em homens e mulheres.

O HPV já estava associado ao câncer no colo do útero, pênis e ânus, agora se comprova sua presença cada vez maior no câncer de cabeça e pescoço, antigamente provocado pelo fumo e bebidas alcoólicas. A infecção pelo HPV é a mais dominante das doenças sexualmente transmissíveis encontradas em adultos.

Muitos jovens praticam sexo oral em seus parceiros e parceiras sem a devida proteção. No Brasil não temos estatísticas sobre o assunto, mas nos EUA, elas apontam que mais de 50% dos jovens entre 15 e 19 anos já haviam praticado sexo oral.

O sexo oral é uma forma de atividade usada principalmente como preliminares do ato sexual, e algumas vezes, pode até substitui-lo. É realizado tanto em relações heterossexuais como em relações homossexuais. A estimulação do pênis com a boca é chamada de felação e o estimulo da vagina/clitóris é chamado de cunilingus.

Outras DSTs como AIDS, herpes, sífilis, hepatite B e C e a gonorréia também podem ser adquiridas com a prática do sexo oral sem o uso de preservativos.

Para uma prática saudável da vida sexual é importante observar a cumplicidade, a intimidade, o respeito, a prevenção e a fidelidade entre os parceiros, pois quanto maior a promiscuidade, maior será as chances de contaminação pelo HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

O objetivo da nossa coluna “Quebrando Tabu” não é assustar, ou mesmo criar terror por qualquer prática sexual, mas sim levar informações para que tal prática seja prazerosa e segura. 

Até nosso próximo encontro desejando um ano de 2013 com muita paz, muita saúde e muito sucesso.



Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail:mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli


sábado, 26 de janeiro de 2013

SERÁ QUE É BULLYNG?


Este texto está publicado no site  http://www.ipla.com.br/index.php?id=448

DANIELA GATTO

Chega de marcação cerrada. Classificar como bullying os desacertos, xingamentos, brigas, mentiras e traquinagens entre as crianças é dar um peso excessivo às manifestações próprias ao seu mundo
 
As brincadeiras, brigas e provocações fazem parte do mundo da criança. Quem não se lembra de ganhar um apelido jocoso, normalmente relacionado à aparência física, a uma característica marcante ou a um “defeitinho” que, obviamente, detestávamos? Era desta maneira que nos relacionávamos com as pessoas e com o nosso corpo, na complexidade de habitarmos a própria pele e nos fazermos amados pelo outro.
 
Isso pode ser considerado bullying? Houve um tempo em que as crianças brincavam e brigavam livremente. Hoje, as crianças brincam vigiadas, recorrendo a um intermediário quando os impasses se apresentam, e não brigam, ou até brigam, mas longe do olhar atento dos adultos.
 
Mudaram as brincadeiras e a interação entre as crianças, mudou também a maneira como os adultos as diferenciam e interpretam o que acontece com elas. Pensam que elas não “aguentam agressões” de seus pares. Quando as crianças se “agridem” ou se insultam mutuamente, sofrem sim, mas suportam, e pode ser um momento de aprendizado para lidar com a frustração. O adulto, ao intervir com censura ou com defesa, muda o script. A questão aumenta, deixa de ser “coisa de criança” até mesmo para os pequenos, pois o adulto valoriza e autoriza uma “gravidade” que não tem este caráter para o infantil.
 
Na era do politicamente correto, essas “coisas de criança” ganham outra dimensão. Perde-se a espontaneidade, a busca de formas próprias de lidar com os desacertos das amizades e, aquilo que ajudaria os pequenos nos seus enfrentamentos com o outro, ganha um tom moralista e persecutório. O bullying ganhou proporções gigantescas, ocasionando um exagero na proteção com as crianças, que perdem, desta maneira, a oportunidade de experiências significativas no seu desenvolvimento e na construção da subjetividade.
 
É evidente que existem situações de violência entre crianças e que os adultos têm a responsabilidade de interferir, mas classificar como bullying e dar um peso excessivo às manifestações próprias do mundo infantil, como brigas, desacertos, xingamentos, mentiras e traquinagens, priva a criança de lidar com situações importantes da vida e a tolhe do exercício de conviver com a diferença. Como eles mesmos dizem: “pega leve”.