sábado, 23 de março de 2013

DORES NOS TESTÍCULOS


Colaboração com o caderno Na Mira coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 22.03.2013






Nossa colaboração desta edição responde e-mail contendo a seguinte pergunta: “é ‘normal’ sentir dor nos testículos durante a excitação”?


Sempre é preciso lembrar que dor é um sinal de alerta do organismo, e que por este motivo nunca é inteligente desprezar este sinal.

Existem várias causas que podem provocar dores nos testículos, entre elas temos: varicocele que acomete na maioria das vezes jovens entre os 15 e 25 anos; trauma testicular ocasionado por batidas e choques sendo quase sempre uma dor intensa, porém passageira (existem casos que há  rompimento e será necessário uma cirurgia reparadora);  torção testicular que pode ser decorrente de exercícios físicos intensos e traumas; epididimite infecção do epidídimo que recobre os testículos e onde ficam armazenados os espermatozoides, podem ser causada por doenças sexualmente transmissíveis ou por bactéria causadora de infecção urinária; orquite é uma inflamação do testículo ocasionada por doença viral como a caxumba.  Outra doença que causa dor nos testículos é o câncer.

Das causas, a menos problemática é a que ocorre em virtude de forte excitação sexual, muitas vezes decorre quando não há o orgasmo após a excitação e não tem consequências.

Em qualquer situação de  dor nos testículos é fundamental procurar ajuda médica através da consulta de um urologista para descartar doenças sérias cujo um dos sinais é a dor localizada.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli

segunda-feira, 4 de março de 2013

O professor e sua responsabilidade de guiar



este texto foi publicado originalmente no site http://www.ipla.com.br/index.php?id=477


Rodnei Corsini


Os professores não podem se eximir da responsabilidade 
que está por trás dos planejamentos de curso centrados nos alunos, nos quais cabe aos estudantes dizer o que desejam aprender


Em todo começo do ano surge a mesma dúvida: como organizar o currículo para nortear as atividades didáticas? Desde os anos 1980, muita gente postula que a melhor opção são as abordagens centradas no aluno, isto é, aquelas nas quais cabe aos alunos dizer o que querem aprender. Há, inclusive, quem acredite que esta seria a escolha mais coerente com a abordagem psicanalítica.

Será? Não acreditamos. Na direção de explicitar os motivos da discordância, vamos recorrer a um filme do russo Andrei Tarkóvski, de 1979, como metáfora desse tipo de abordagem. A palavra“Stalker”, seu título, é usada para nomear aqueles que conduzem outras pessoas através de uma Zona proibida, uma área isolada, guardada por vigias armados. No filme, o stalker guia dois personagens. Sua crença é a de que, após atravessar o local, podem chegar até uma sala onde os mais profundos desejos se realizam.

Tendo como referência a psicanálise de Jacques Lacan (em Lacrimae Rerum), Slavoj Žižek acredita que, no filme, a Zona não seria exatamente o local que serve de sustentação e suporte do desejo. Mas, sim, “o Real de uma alteridade absoluta incompatível com as regras e leis do nosso universo”.

Diferente da realidade supostamente objetiva, a qual existe anterior e independentemente do sujeito, o Real responde ao que sobra da operação de invenção da realidade singular que é feita por nós para podermos viver. Em outras palavras, nossa “realidade” é, quando menos esperamos, rasgada pelo Real. Muito provavelmente, é por esse motivo que nos angustiamos frente a ele.

Em “Stalker”, a Zona é obscura e inóspita. É um ambiente que aparenta estar na eterna iminência de se decompor e sugar tudo o que comporta. Entrar nela e chegar até a câmara em que os desejos se realizam é bastante arriscado: parece exigir ousadia, perseverança, sutileza e certa espécie de fé. Trazendo para nosso tema, características também necessárias para ensinar e aprender.

No filme, somente o stalker parece dispor desses atributos (da crença, sobretudo). Como disse o próprio Tarkóvski, em entrevistas, a Zona e a sala dos desejos são criações desse personagem-guia. Os outros dois, ao entrarem na câmara, não realizam o que desejam. Žižek observa que eles sequer conseguem formular o que querem. Sequer conseguem, portanto, inventar um modo de colocar sua singularidade no mundo.

Voltemos à nossa questão inicial. Caso, em nossa metáfora, o professor fosse um “stalker” e seus alunos os aventureiros guiados por ele, como poderiam escolher o que querem aprender? Como poderiam fingir que o Real não existe e que, no espaço escolar, tudo é possível de ser simbolizado? Doce ilusão. Aos professores, antes serem chamados de autoritários (é sempre um risco) do que deixar seus alunos, sem palavras, vagando no mar da apatia.

sexta-feira, 1 de março de 2013

PROBLEMAS COM A EREÇÃO: COMO A PARCEIRA PODE AJUDAR

Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 01.03.2013




Recentemente recebi de uma jovem mulher várias mensagens sobre as ‘falhas’ seguidas do seu parceiro durante as relações sexuais. Em seguida ele me envia mensagem marcando uma consulta, mas no dia e hora marcados não compareceu.

Temos aí duas situações bastante comuns. Ela querendo ajudá-lo, motivada pelo afeto que sente por seu parceiro, e também para garantir seu prazer, e ele, fugindo de enfrentar o problema. Segundo estudos menos de 10% de homens entre 18 e 40 anos procuram ajuda para tratar de problemas de disfunções sexuais.

Provavelmente dois assuntos dominam a vida sexual masculina, um é o tamanho do pênis e outro é o desempenho com as mulheres. A qualidade da autoestima masculina está bastante ligada a estes dois aspectos, e por estes aspectos é bastante comum os homens fugirem do assunto com suas parceiras e de procurarem ajuda especializada, dois grandes erros que podem custar o relacionamento.

Escrevo esta colaboração, especialmente para as mulheres (elas estão ligadas diretamente a situação), para que elas possam ter noções sobre o assunto e desta maneira ajudarem de forma eficaz seus parceiros, pois na maioria das vezes esta ajuda é fundamental para a solução do problema. Quando o problema acontecer a mulher não deve colocar a situação ‘para baixo do tapete’, pois a tendência é que quando mais se espera mais difícil se torna esta busca de ajuda (com o tempo o homem acaba fugindo das relações sexuais). Importante lembrar que ajudar é diferente de cobrar.

Como já exposto aqui algumas vezes, as disfunções sexuais (falta/perda da ereção, ejaculação rápida ou retardada e falta de desejo sexual) podem ser de origem orgânica ou emocional, podendo ainda conjugar os dois fatores.

As causas orgânicas podem ser alterações neurológicas, alterações arteriais, alterações dos corpos cavernosos, alterações dos neurotransmissores (óxido nítrico, GMPc e o PDE-5) e também a diabetes. Alguns medicamentos também podem contribuir para o problema tais como: Anti-androgênicos (usados em tumores malignos da próstata), finasterida (hipertrofia da próstata e para crescer cabelo), beta-bloqueadores, descongestionantes; metil-dopa (bloqueadores dos canais de cálcio na hipertensão arterial), tranquilizantes, sedativos, cimetidina (usado na úlcera péptica), e a digoxina (insuficiência cardíaca). Por todos estes motivos é fundamental a procura de um urologista para o diagnóstico.

Caso o médico descarte os problemas físicos é preciso procurar um psicanalista ou psicólogo especializados em disfunções sexuais para tratar o emocional. O tratamento psicoterapêutico geralmente usa duas abordagens, a psicanalítica (mais profunda) e a cognitivo-comportamental. O importante é ter consciência que quanto mais rápido se procurar ajuda, menos difícil será resolver o problema.

Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli