Meu último post do ano de 2013 é uma dupla homenagem que quero prestar. A primeira tem como destino uma figura, na realidade um exemplo, que tem sido referência na minha vida como professor, e a segunda, ao colégio que marcou minha vida.
No início do segundo semestre, recebi um convite que muito me honrou, o de escrever um texto que faria parte de um livro que homenagearia o Colégio Estadual Professor Pedro Schneider, mais conhecido como "Pedrinho".
Este colégio marcou muito minha vida em todos os seus sentidos, e fazer parte dos escolhidos para deixar uma mensagem de agradecimento aos seus 60 anos, muito me emocionou. Fui aluno desta Instituição nos anos de 1967, 1968, 1969 e 1970. A seguir o texto elaborado para a homenagem.
Nas duas vezes que tomei o caminho
da docência, o fiz motivado por querer saber mais (como diz Júlio Golin –
“aprendemos muito mais quando ensinamos”) e também por dividir as experiências
profissionais e de vida com os jovens. A primeira, no Colégio Professor Gustavo
Schereiber, conhecido como Escola Técnica de Comercio (ETC). A segunda foi como
professor em IESs para cursos de graduação e pós-graduação. Posso contar também
os mais de 35 anos como instrutor de treinamentos e palestrante.
Minha memória volta ao primeiro ano
do cientifico no Pedrinho. Os anos 60 foram marcados por ideias de liberdade e
participação. Anos onde tivemos os
Beatles, o feminismo, Concílio Vaticano II, chegada do homem na lua, início da informática,
transmissão da TV em cores, a revolução, ou a contrarrevolução dependendo do
lado que se estava, de 31 de março de 1964, a revolta dos estudantes em Paris
em 1968, enfim foram anos de muitas mudanças.
A maioria das pessoas possuía uma bandeira, que independente da sua cor,
seria capaz de sacrificar muito dos seus desejos para alcançar seu ideal. E nós
que vivemos esta época no auge da adolescência, éramos guiados pelo desejo de
um mundo e de um Brasil melhor.
Nosso colégio tinha posição de
destaque na qualidade dos professores e de ensino, e tínhamos como parâmetro
desta qualidade os colégios dos protestantes e das freiras, os únicos na época que tinham curso médio. O ensino se organizava
em primário (cinco anos), ginasial (quatro anos), médio (o cientifico, ou
clássico, ou ainda o normal) que era composto de três anos. Depois vinha o
curso superior.
Naquela tarde do ano de 1967, as
notícias que teríamos um professor novo de matemática, se tornaram realidade, e
após nossa entrada feita em fila e depois de ter ouvido os avisos feitos pelo
professor Tarcílo Lawich, aguardávamos ansiosos a sua chegada. O motivo pelo
qual depois do início do ano letivo tínhamos um novo professor me escapa da
memória, mas todos nós estávamos com o nível de ansiedade acima do normal, pois
além de ser alguém desconhecido (e por este motivo, uma ameaça), a matéria era
a matemática.
Quando ele entrou “a turma do
fundo” redobrou sua atenção, pois além da nossa “má fama”, como adolescentes,
precisávamos encontrar características
que o tornasse menos ameaçador. Nossa atenção se concentrou em dois aspectos: a
estatura pequena do professor e o cacoete que ele tinha de iniciar a maioria
das frases com a palavra “bueno”. O ano letivo teve prosseguimento e o novo
professor foi conquistando a turma, tanto que se tornou nosso professor responsável
e durante suas aulas a atenção e o comprometimento com o estudo atingiram
níveis elevadíssimos. Não me lembro de tê-lo visto novamente, mas até hoje o professor GELSO STEFFEN é um dos modelos de referência para minha vida. Quero nestas linhas fazer algo que nunca foi possível. AGRADECER pela postura de professor e de ser humano. OBRIGADO GIGANTE BUENO!