segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

BUENO, O GIGANTE!

Meu último post do ano de 2013 é uma dupla homenagem que quero prestar. A primeira tem como destino uma figura, na realidade um exemplo, que tem sido referência na minha vida como professor, e a segunda, ao colégio que marcou minha vida.


No início do segundo semestre, recebi um convite que muito me honrou, o de escrever um texto que faria parte de um livro que homenagearia o Colégio Estadual Professor Pedro Schneider, mais conhecido como "Pedrinho".


Este colégio marcou muito minha vida em todos os seus sentidos, e fazer parte dos escolhidos para deixar uma mensagem de agradecimento aos seus 60 anos, muito me emocionou. Fui aluno desta Instituição nos anos de 1967, 1968, 1969 e 1970.  A seguir o texto elaborado para a homenagem.



Sempre que entro em uma sala de aula, nos últimos quinze anos, se faz presente uma imagem que tenho desde os 16 anos de idade (46 anos se passaram). É a de um professor jovem, entrando na sala de aula com passos firmes, cabeça erguida e carregando apenas o caderno de chamada. Eu estava sentado no fundo da sala junto ao saudoso colega e amigo Atílio Ricardo Moretti. Era o primeiro ano do curso cientifico de Colégio Estadual Pedro Schneider, o “Pedrinho” como era chamado.


Nas duas vezes que tomei o caminho da docência, o fiz motivado por querer saber mais (como diz Júlio Golin – “aprendemos muito mais quando ensinamos”) e também por dividir as experiências profissionais e de vida com os jovens. A primeira, no Colégio Professor Gustavo Schereiber, conhecido como Escola Técnica de Comercio (ETC). A segunda foi como professor em IESs para cursos de graduação e pós-graduação. Posso contar também os mais de 35 anos como instrutor de treinamentos e palestrante.

Minha memória volta ao primeiro ano do cientifico no Pedrinho. Os anos 60 foram marcados por ideias de liberdade e participação.  Anos onde tivemos os Beatles, o feminismo, Concílio Vaticano II, chegada do homem na lua, início da informática, transmissão da TV em cores, a revolução, ou a contrarrevolução dependendo do lado que se estava, de 31 de março de 1964, a revolta dos estudantes em Paris em 1968, enfim foram anos de muitas mudanças.  A maioria das pessoas possuía uma bandeira, que independente da sua cor, seria capaz de sacrificar muito dos seus desejos para alcançar seu ideal. E nós que vivemos esta época no auge da adolescência, éramos guiados pelo desejo de um mundo e de um Brasil melhor.

Nosso colégio tinha posição de destaque na qualidade dos professores e de ensino, e tínhamos como parâmetro desta qualidade os colégios dos protestantes e das freiras, os únicos na época  que tinham curso médio. O ensino se organizava em primário (cinco anos), ginasial (quatro anos), médio (o cientifico, ou clássico, ou ainda o normal) que era composto de três anos. Depois vinha o curso superior.

Naquela tarde do ano de 1967, as notícias que teríamos um professor novo de matemática, se tornaram realidade, e após nossa entrada feita em fila e depois de ter ouvido os avisos feitos pelo professor Tarcílo Lawich, aguardávamos ansiosos a sua chegada. O motivo pelo qual depois do início do ano letivo tínhamos um novo professor me escapa da memória, mas todos nós estávamos com o nível de ansiedade acima do normal, pois além de ser alguém desconhecido (e por este motivo, uma ameaça), a matéria era a matemática.

Quando ele entrou “a turma do fundo” redobrou sua atenção, pois além da nossa “má fama”, como adolescentes, precisávamos encontrar características que o tornasse menos ameaçador. Nossa atenção se concentrou em dois aspectos: a estatura pequena do professor e o cacoete que ele tinha de iniciar a maioria das frases com a palavra “bueno”. O ano letivo teve prosseguimento e o novo professor foi conquistando a turma, tanto que se tornou nosso professor responsável e durante suas aulas a atenção e o comprometimento com o estudo atingiram níveis elevadíssimos. Não me lembro de tê-lo visto novamente, mas até hoje o professor GELSO STEFFEN é um dos modelos de referência para minha vida. Quero nestas linhas fazer algo que nunca foi possível. AGRADECER pela postura de professor e de ser humano. OBRIGADO GIGANTE BUENO!