sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ACTING OUT E PASSAGEM AO ATO SUICIDA




O termo foi usado por Freud em 1915 no texto “Recordar, repetir e elaborar” onde afirma que o “automatismo da repetição substitui a compulsão à recordação”, isto é, que o acting ocorre quando o paciente não consegue recordar, pensar ou verbalizar seus conflitos.

No Vocabulário da Psicanálise  de Laplanche e Pontalis, o termo é usado, para quase sempre, designar ações de caráter impulsivo, relativamente em ruptura com os sistemas de motivação habituais do sujeito, relativamente isolável no decurso das suas atividades, e que toma muitas vezes uma forma auto ou hetero-agressiva.

Jacques-Alan Miller no seu texto “Jacques Lacan: observações sobre seu conceito de passagem ao ato”. Ato é diferente de ação. Ato tem dimensão de certeza. É algo novo. Sem lei. Não orienta. Afasta o pensamento. Passagem ao ato – separa-se do Outro. Acting out – se direciona ao outro é um apelo, um chamado ao Outro.

Pensamento implica um desejo metonímico e é uma defesa contra o ato.  Lacan, segundo Miller, chama de ato o que visa o cerne do ser: o gozo. Gozo é um conceito necessário, pelo menos para ordenar o que Freud nos traz: que o sintoma,..., o sujeito se sustenta nele. No cerne do ato há um NÃO! Proferido na direção ao Outro.

Ato não é decifrado, porque não tem relação com o ics. Por ele declinar da linguagem ele (ato) é mudo. Enquanto que o Pensamento é impasse e inibição do ato, o ato é um passe porque sem Outro se autoriza de si mesmo.

É comum o indivíduo falar muito em ‘desmotivação’ que é possível considerar como falta da falta. Como uma angustia constituída que o coloca num labirinto do qual não encontra saída. Ao mesmo tempo está presente numa relação com o desejo de Outro  e não quer se submeter. Isto torna sua angustia mais viscosa. Seu labirinto mais sombrio e com nuances de não ter escapatória. Segundo Lacan “o desejo é, no sujeito humano, realizado no outro, pelo outro, no outro”. Sentindo-se objeto de desejo do outro  tem dificuldade de tornar-se desejante.

Em Lacan elucidado Miller diz “a tese de Lacan, uma espécie de axioma, é que o desejo, no gênero humano, deve se fazer reconhecer”.







sexta-feira, 13 de setembro de 2013

COMPULSÃO SEXUAL


Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O Estado do Maranhão na edição de 13.09.2013




Tenho recebido e-mails perguntando sobre o assunto Compulsão Sexual. Muitas são as perguntas e as colocações: “exagero no sexo”, “querer muito fazer sexo”, “meu parceiro quer sexo várias vezes ao dia”, etc.

Já abordamos o assunto da frequência sexual neste espaço, e vimos que não existem regras quanto ao número de vezes. Mas a pergunta ainda permanece: quando esta frequência se torna patológica?

Toda compulsão pode ser classificada como uma adicção, isto é, uma necessidade incontrolável por algo ou alguma coisa. O termo adicção vem do latim e significa escravo. Quando a necessidade por sexo se caracteriza por uma busca incansável e frequente por sexo, causando sofrimento e comprometimento das atividades diárias comuns.

A compulsão sexual é uma disfunção sexual na fase do desejo, e em muitos tratados é denominada de satiríase quando ocorre em homens e ninfomania quando ocorre em mulheres. Ela é tratada de forma similar ao de outros tipos de adicção. O tratamento passa pelo uso de medicamentos e também pelo processo psicoterapêutico.

Hoje em dia, muitos casos de compulsão sexual chegam à mídia, pois ocorrem com pessoas públicas e, na maioria das vezes, é o principal motivo para o término de relacionamentos como foi o caso recente do jogador de golfe Tiger Woods.

Comportamentos como passar muito tempo na internet em sites pornográficos, gastar dinheiro em sites de sexo, masturbar-se frequentemente, são alguns dos sintomas que podem indicar a necessidade de ajuda especializada.


Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli