quinta-feira, 2 de outubro de 2014

DISFUNÇÃO ERÉTIL – UMA VISÃO PSICANALÍTICA (1)



Este texto é produto de um desafio lançado e será o primeiro de uma série que mostrará a importância da Psicanálise para o tratamento das disfunções sexuais e a melhora da vida sexual dos indivíduos através da ‘reeducação’ emocional. O objetivo maior que me proponho é falar dos benefícios que a Psicanálise traz para as pessoas nesta área, e por isto, estarei escrevendo direcionado para quem pouco ou nada sabe sobre ela (Psicanálise).

A Psicanálise é a teoria de uma prática. Isto a coloca em uma posição única e oposta, mas não antagônica à grande maioria das demais psicoterapias. A teoria psicanalítica se constrói a partir de cada paciente e sua singularidade, o sintoma não é apenas um sinal a ser decodificado, mas também uma fala. Fala esta que mostra que o inconsciente e seus conteúdos estão estruturados como uma linguagem.

Freud escreveu bastante sobre a importância do pênis (e a inveja dele nas mulheres) na estruturação emocional humana. Sua teoria sobre o complexo de Édipo e o complexo de Castração se estende por toda sua obra. Na releitura de Freud, Lacan colocou o simbolismo no pênis e o ajustou para a ‘primazia do falo’.

O discurso da ciência que domina a arte médica olha mais para a doença do que para a escuta do paciente. Chega-se ao ponto de ‘trocar’ o nome de impotência para disfunção erétil. A psicanálise ‘escuta’(diferente de ouvir) a fala do paciente e procura dentro dos significantes e significados o que se esconde por detrás das dificuldades sexuais de cada paciente. Com o uso de citrato de sildenafil como base dos medicamentos contra a impotência, desvalorizou-se ainda mais a escuta dos sofrimentos de homens que apresentam a disfunção erétil.

Enquanto na Medicina a cura é a volta do funcionamento orgânico com a correspondente eliminação do sintoma, para a Psicanálise a “cura” tem uma conotação bem diferente: o sintoma é uma satisfação substituta. O sintoma está no lugar de uma satisfação da pulsão que a barra do recalque, isto é, as normas, crenças e ‘verdades’ de cada indivíduo, está impedindo que ela (a satisfação substituída) chegue até a consciência.

Para poder fundamentar melhor as ideias sobre a visão psicanalítica das disfunções sexuais é preciso distinguir os termos ‘instintos’ e ‘pulsões’. Para a Psicanálise instinto é uma resposta para duas condições para o ser vivo; a sobrevivência e a perpetuação da espécie. Na natureza, não vamos encontrar animais obsessos, pois comem o necessário para sobreviverem, diferentes de nós que comemos mais por prazer do que por alimentação. Também não fazemos sexo apenas por reprodução e temos algumas mulheres que nos são culturalmente interditadas para prática sexual. Para melhor compreensão vamos usar duas definições encontradas na literatura.

A pulsão é “um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo”; “é um fenômeno biológico que possui representantes psíquicos: impulsos, tendências, desejos e fantasias inconscientes são os representantes psíquicos dos instintos. Estes representantes estão afetiva e efetivamentente ligados entre si”.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A PSICANÁLISE E A TEORIA COMPORTAMENTAL NA ADMINISTRAÇÃO


Parte deste texto foi publicado no site Administradores.com.br  em 11.09.2014 com o título 'Para administrar na pós-modernidade é necessário mudar as "verdades" estabelecidas'.


Estudando Psicanálise através da leitura do livro “Psicanálise a clínica do Real” me deparei com uma colocação da Psicanalista Angelina Harari que  despertou o meu lado  Administrador e do professor de Administração. Eis o trecho motivador desta reflexão: "O analista do século XXI deve agir nas instituições tendo em mente que o laço social que une a sociedade hoje em dia é o amor: chefes viram amigos, relações de trabalho se tornam mais intimas, a hierarquização está cada vez mais imperceptível, os papéis dentro das instituições, outrora predefinidos e sem 'zonas cinza', agora se confundem. Nas instituições públicas, a situação torna-se ainda mais delicada pelo fato de que as leis e regras impostas travam sua atuação, porém não as impossibilitam”.

Em primeiro lugar, e isto  é importante para a compreensão destas reflexões, apontar como a Administração e a Psicanálise entraram em sintonia na minha vida. Nos anos 90, enquanto consultor de organizações como Banco Central, Petrobrás, Varig, BRB, Grupo Rhodia, várias TELES, na área que hoje é conhecida como Mudança Organizacional, sentia que precisava de mais informações/conhecimentos que transcendessem o que a ciência da Administração me assegurava. Durante esta busca, encontrei a Psicanálise que além de instrumentalizar me capturou, transformando um Administrador em um Psicanalista Clínico.

Enquanto professor de matérias no curso de Administração de Empresas em duas instituições, sempre buscava levar os alunos a terem um olhar além das técnicas administrativas. Queria que vissem o contexto no qual a organização estava inserida, as diferentes culturas que influenciavam os processos e também o “Sujeito” (termo psicanalítico) e não apenas as “pessoas”, os clientes, os trabalhadores, os fornecedores, etc., que lhes eram apresentadas através de abordagens psicológicas baseadas na visão cognitivo-comportamental.

Faz algum tempo que vários autores afirmam que o grande diferencial competitivo que as organizações possuem hoje é “as pessoas”, pois, segundo eles, são elas que fazem a diferença. Para estudar e depois lidar com as pessoas o foco psicológico adotado nos cursos de Administração é a Teoria Comportamental, isto é, uma visão cognitivo-comportamental do indivíduo. É através dela que se constrói toda uma base filosófica de trabalho para o Administrador. As percepções dos Administradores para o comportamento humano relacionado à liderança, hierarquia, tomada de decisão, motivação, negociação, vendas, marketing, aos processos, eficiência, eficácia, etc., é feita através desta teoria construída no final da metade do século passado.

Porém o mundo mudou muito nos últimos anos, vivemos o que muitos cientistas sociais chamam de ‘pós-modernidade’. As vicissitudes e características desta época são muito bem apresentadas no livro “O Mal-Estar da Pós-modernidade” de Zygmunt Bauman. Esta época se apresenta estruturada, segundo a visão psicanalítica, em novos e fundamentais paradigmas muito diferentes dos de um passado recente. Diante de um mundo em mudanças rápidas e imprevisíveis, o Administrador precisa saber agir frente àquilo que não compreende, e isto começa pelo planejar, organizar, dirigir e controlar, as funções básicas de todos os profissionais da Administração.

A principal característica deste tempo é a queda da figura de autoridade masculina representada simbolicamente pelo pai. A configuração das novas famílias contribui para que esta figura seja cada vez mais ausente da educação dos filhos. Os efeitos disto se espalham por todas as outras figuras de autoridade masculina como o padre, o pastor, o juiz, o politico, e como não poderia deixar de ser com a figura do chefe dentro das organizações. Como consequência vivemos em um mundo onde cada vez mais a comunicação é feita através de monólogos articulados e não mais de diálogos, se caracteriza pela quebra das linhas de obediência.

Analisando as relações humanas (laços sociais) podemos perceber que antigamente elas eram normatizadas por padrões estáveis, eram hierarquizadas, estabeleciam o que era certo e o que era errado e todas as pessoas sabiam quais eram seus lugares e o que elas eram dentro das organizações. No tempo de hoje vive-se uma flexibilidade maior e menor padronização, a subjetividade torna as situações mais afetivas do que racionais, é necessário que os laços sociais tenham mais o jeito de pactos do que códigos de ética, pois o mundo atual não tem mais uma representação de disciplina.
Os laços sociais (relações humanas) deixaram de ter padrões fixos e se tornaram mais diretos, são o que se chama de “rede” e têm múltiplos padrões, mas o que os caracteriza são a intensidade maior e a maior facilidade de rupturas, como diz o sociólogo polonês Zygmunt  Bauman, as relações são liquidas. Infelizmente a grande maioria das organizações e os lideres organizacionais não estão preparados para atuar dentro deste novo cenário. Os laços sociais deixaram de ser verticalizados para serem horizontalizados.

Já os princípios organizacionais como missão, visão, valores e códigos de ética cada vez tem menos aderência por parte dos integrantes das organizações. Eles são genéricos, usam termos padronizados e soam como falsidades para muitos empregados cuja identidade tem a ausência de ideais, pois já não se “morre pela pátria” e o “vestir a camisa” da empresa sempre é relativo. Vivemos em um mundo com cada vez menos ideais coletivos. E como as empresas lidam com isto? A grande maioria lida de forma errônea, pois usam velhos remédios, ditados pela Teoria Comportamental, para sintomas novos, como nos diz Angelina Harari. As empresas precisam aprender a falar a linguagem dos desejos em detrimento da linguagem das necessidades, pois esta ultima fala de um passado, enquanto a primeira fala em histórias de superação.

Em uma entrevista recente para um grande jornal de circulação nacional, o psicanalista Jorge Forbes, afirma que as empresas precisam ir para o divã da Psicanálise, pois ela, a Psicanálise, é uma excelente ferramenta para que os Administradores saibam como se posicionar e atuar nestes tempos que vivemos e trabalhamos.


É preciso que o Administrador deixe para trás os enfoques administrativos baseados em um mundo uno, hierárquico e vertical com seus respectivos axiomas baseados na teoria defendida por Russell & Whitehead que se funda em uma verdade garantida e não mentirosa, para princípios baseados na teoria  de Kurt Gödel ,  que mostra que a “verdade’ sempre dependerá da base como desenvolvemos os pensamentos, isto é, que toda “verdade é mentirosa” como disse o psicanalista Jacques Lacan. Desta maneira será possível  para a empresa criar cultura, assim como fez Steve Jobs, isto é, saber fazer(savoir-faire) com que seus produtos e/ou serviços possam realmente fazer diferença na vida dos indivíduos/clientes internos ou externos. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

OS CUIDADOS NECESSÁRIOS COM O SEXO ORAL


Já abordei o assunto anteriormente, porém acredito ser fundamental voltar a revisitá-lo.


HPV, CÂNCER E SEXO ORAL.

Na primeira coluna “Quebrando Tabu” do ano de 2013, vamos abordar um assunto pouco comentado e que merece uma reflexão profunda dos nossos leitores. O sexo oral, o HPV e o câncer de boca, laringe e faringe.

Segundo estudos feitos pela Faculdade de Saúde Pública da USP com mais de 1400 pessoas, o principal fator de câncer nestas áreas do corpo é o sexo oral sem camisinha. O motivo é a presença do HPV (papilomavírus humano). Este vírus é transmitido sexualmente e está presente em homens e mulheres.

O HPV já estava associado ao câncer no colo do útero, pênis e ânus, agora se comprova sua presença cada vez maior no câncer de cabeça e pescoço, antigamente provocado pelo fumo e bebidas alcoólicas. A infecção pelo HPV é a mais dominante das doenças sexualmente transmissíveis encontradas em adultos.

Muitos jovens praticam sexo oral em seus parceiros e parceiras sem a devida proteção. No Brasil não temos estatísticas sobre o assunto, mas nos EUA, elas apontam que mais de 50% dos jovens entre 15 e 19 anos já haviam praticado sexo oral.

O sexo oral é uma forma de atividade usada principalmente como preliminares do ato sexual, e algumas vezes, pode até substitui-lo. É realizado tanto em relações heterossexuais como em relações homossexuais. A estimulação do pênis com a boca é chamada de felação e o estimulo da vagina/clitóris é chamado de cunilingus.

Outras DSTs como AIDS, herpes, sífilis, hepatite B e C e a gonorréia também podem ser adquiridas com a prática do sexo oral sem o uso de preservativos.

Para uma prática saudável da vida sexual é importante observar a cumplicidade, a intimidade, o respeito, a prevenção e a fidelidade entre os parceiros, pois quanto maior a promiscuidade, maior será as chances de contaminação pelo HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Para reforçar o assunto, publico uma entrevista que o dr. Patrick Burke,otorrinolaringologista, concede para a jornalista Mônica Moreira Lima sobre os cuidados que precisam ser observados para a realização de sexo oral. 





Vídeo completo em : https://www.youtube.com/watch?v=bb-SfyWUR9U 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

ESTRANHO SONHO

Trabalho apresentado na VIII Jornada da Delegação Geral Maranhão da Escola Brasileira de Psicanálise - "Trauma e Violência no mundo contemporâneo"

 Carmen Damous 


No seu terceiro ensaio da sexualidade, em 1905, Freud imprime o que considera a mais dolorosa das metamorfoses da puberdade, o “desligar-se da autoridade dos pais”, não propriamente dos pais em carne e osso, mas do que incorporou, via identificação com os pais, que internalizados, integram o super eu, herdeiro do complexo de Édipo.

Diz ainda que “unicamente através do desligamento da autoridade dos pais, se cria a oposição, tão importante para o processo da cultura, entre a nova e a velha gerações.” Esse “desligamento” remete a Lacan que situará a possibilidade de um sujeito responsabilizar-se por seu gozo ao “ultrapassar o pai, servindo-se dele”, de forma que, a crise da adolescência possa ser denominada “crise do pai”, em ultima instância. Trata-se de reinventar a figura do Pai, construir semblantes que substituam ou alternem com a função pai, pois só assim haverá desligamento e como ultrapassá-lo, servindo-se dele.

            São decorrentes da tensão que se estabelece com a puberdade, os impasses entre alienação e separação. O processo de alienação, relativo ao encontro do sujeito com a linguagem, que o precede antes dele existir, traz dessa passagem do sujeito alienado ao sujeito separado, algumas implicações. O movimento de desenraizamento do Outro, através da operação de separação, coincide com a travessia da fantasia, fantasia como uma defesa contra o real?      

É diante da fotografia para o álbum de família, onde o pai, sargento da ROTA, impecável em seu uniforme e a mãe, também policial militar, com um sorriso tímido para a câmera, estão ao lado do menino que abraça orgulhosamente o pai, policial condecorado; fotografia esta que passou a ilustrar as múltiplas reportagens sobre a chacina que atingiu a família de classe média paulistana, onde cinco integrantes foram mortos: pai, mãe, avó, tia-avó e o filho do casal.
            Para a polícia, o principal suspeito do crime é o filho do casal, de treze anos de idade que, depois da chacina teria ido ao colégio, dirigindo o carro da mãe e lá revelado a alguns colegas que havia matado os pais, a família inteira, o que não acreditaram. Ao retornar para casa ao meio dia, de carona com um coleguinha, deu-se conta do vazio e se mata.

            Apesar de juristas e o senso comum questionarem este laudo, foi finalmente atestado a veracidade das primeiras suspeitas.

            O garoto teria confessado a um amigo que tinha “o sonho de ser um matador de aluguel”. Era fã de games violentos. Um estranho sonho profissional, um sonho que vai além do Édipo, onde sem pai, sem norte, “sem bússola” como diria Jorge Forbes, por caminhos distintos, como um enigma diante de desejos contraditórios ao fazer escolhas, diante da encruzilhada a ser atravessada pelo sujeito, nos faz ver a “impossibilidade da transmissão da lei paterna à altura do imperativo de gozo”:  “O real em jogo na puberdade”.

            Para Miller, o Seminário 6 de Jacques Lacan, “é feito para ir além do Édipo, na direção da fantasia. E essa relação ‘S barrado, punção, pequeno a’, essa relação afinal binária, com múltiplos sentidos, lhe parece mais profunda que a triangulação ou a quadrangulação edipiana.”

            Segundo Miller, no Seminário 7, “Lacan vai mostrar que o lugar principal é ocupado não pelo Nome-do-Pai, mas pelo que ele chama de a coisa, a saber, o gozo. A coisa vem no lugar do Nome-do-Pai, que acabara de ser destronado.”

            No Seminário 11, cita ainda Miller, “Lacan explica que não há Outro do Outro, que significa que não há o Nome-do-Pai, no máximo, há nomes-do-pai.”

            Para este adolescente, “calmo, tímido, caseiro, apegado aos familiares”, quais são as chances para que o sujeito possa valer-se da herança paterna, no momento em que, na adolescência, precisa ultrapassá-lo?

            O contexto atual com “novas formas de sintoma”, em que os ideais dão lugar aos objetos feitos para gozar, numa sociedade “hipercapitalista”, interfere nos processos identificatórios, produzindo alterações na constituição do Ideal do Eu, previsto por Freud e Lacan como “apaziguador” da ferocidade do “super eu”. Podemos considerar as identificações  hoje como diferentes soluções e defesas ao real como impossível de suportar.

Na atualidade, que estatuto para o Ideal do Eu que, enquanto insígnia fálica, possa permitir ao sujeito, frente ao declínio do Édipo, transformar o gozo perdido em causa maior, a causa do desejo?


                                                      

Referências Bibliográficas:
- Freud, S (1905). “Três ensaios sobre a sexualidade”. Vol  VII. Imago, 2006.
- Lacan, J (1976). Le Sinthome (aula de 13/04/76).
-Lacan, J (1964). Seminário  11.
- Miller, J. – Alain (2013). “Uma reflexão sobre o Édipo e seu mais além.”



quarta-feira, 21 de maio de 2014

O CORPO AFETADO PELA PALAVRA


Trabalho apresentado na  VIII Jornada da Delegação Geral Maranhão da Escola Brasileira de Psicanálise - "Trauma e Violência no mundo contemporâneo"

                                                                    Silvana Sombra*

Na minha vivência de anos na clínica médica, ouvindo falas diversas tendo como centro o corpo, testemunho desde então o que escapa à ciência. Os pacientes que não se conformam em tanto sentir e nada retratarem em seus exames clínicos e laboratoriais, e os que nada sentem e se encontram ali questionando tantas alterações evidenciadas em exames: “mas como se não sinto nada?”. No primeiro caso às vezes um profissional médico o encaminha a um profissional da área psi, no outro há quase um alívio em se tratar uma enfermidade sem queixas. Há ainda os casos em que não há resposta ao tratamento médico, são transtornos corporais em que não se pode diagnosticar como enfermidade orgânica, são os casos em que a falha se faz real no corpo do paciente, seria o psicossomático, que Lacan coloca nos termos de falha epistemo-somática1. Na psicossomática o sujeito cessa de ser representado, havendo a falta da descontinuidade, não há uma articulação significante, mas podemos dizer que ele situa-se nos limites da linguagem, contornando a sua estrutura, não indexado ao outro do significante, mas muito próximo do traço unário.  Haveria nesses casos resposta ao tratamento psicanalítico, já que ele lida com o significante?

O que é sintoma para a Psicanálise?Freud assim define o sintoma: “O sintoma é substituto de uma satisfação pulsional que não se realizou”. Na psicanálise vemos que não há uma correspondência entre ser e pensar: são antinômicos. O sintoma então é o substituto da doença, é a metáfora dela, ou seja, é a própria doença. Sua manifestação é essencial e vem do inconsciente, daquilo que temos de mais desconhecido de nós mesmos e revela o que temos de mais verdadeiro. Como exemplo temos um paciente que procura análise para “salvar” seu casamento trazendo o sintoma que ele conhece como disfunção sexual, desejo extraconjugal e descobre durante o percurso o contrário do que veio propor. O que então o sujeito traz como sintoma, podemos dizer que é o significante que veio no lugar do sintoma, pois este é ignorado por ele ao mesmo tempo que o representa.

O que fala um corpo? O que se fala de um corpo? O que se fala com um corpo? Vários saberes tentam articular resposta ao que não cessa de nos interrogar, não cessa de se inscrever. A psicanálise assente que o corpo não fala, fala-se com um corpo. Podemos dizer que a psicanálise, a ciência e a arte colocam diferentes abordagens sobre esse real do corpo.

Ao falar dirige-se a voz diante de um Outro, para que seja ouvido e então o responda. Falar implica o desejo e a castração, visto que outro corpo é necessário para assegurar o corte do qual o sujeito se desprende e se recobre. A fala, esta tentativa de chegar ao outro, inaugura no corpo um acontecimento que o divide e o lança no campo do desejo e do gozo, e é aí que a medicina tomando o corpo como um sistema homeostático em sua dimensão animal, o organismo biológico dado pela ciência médica, deixa de fora esse sujeito desejante e gozoso. O animal como lembra Jacques Allain Miller em “Biologia lacaniana e acontecimentos do corpo”, não se desvia do que tem a fazer, do que é impulsionado: “quão mais discreta, mais tranquila e mais certa é a vida que não fala”. Escuta-se na medicina, uma escuta médica, os dizeres de um corpo e opera-se no campo do discurso do mestre onde há o saber consistente do que é normal e patológico, há um saber escrito no biológico e o médico o estuda, simboliza esse real, é o sujeito do saber. Já na psicanálise há um outro corpo em questão, aquele em que a medicina não conseguiu extrair saber, é o saber do inconsciente que é singular, que chama a ser decifrado, está em outro lugar, o lugar do Outro, que só existe pela transferência e esse corpo, o que é mais importante, é habitado por um gozo. E é nesse ponto que a medicina no campo da fala cede o lugar para a psicanálise.

Pululam na fala do sujeito os dizeres sobre um corpo, embrenhado no simbólico ele demanda o que desconhece em suas entranhas, o saber médico responde a esse sintoma médico. Algo a mais escapa, em se tratando de corpo temos para além da demanda da cura o gozo do próprio corpo. Algo está feito para gozar, gozar de si mesmo, é o que encontramos na perspectiva lacaniana acerca do corpo. Lacan em um colóquio sobre ‘O lugar da psicanálise na medicina’, coloca: “quando o doente é enviado ao médico ou quando o aborda, não digam que ele espera pura e simplesmente a cura. Ele põe o médico à prova de tirá-lo de sua condição de doente, o que é totalmente diferente, pois isto pode implicar que ele está totalmente preso à ideia de conservá-la. Ele vem nos pedir para autenticá-lo como doente. Em muitos outros casos ele vem pedir, do modo mais manifesto que vocês o preservem em sua doença, que o tratem de maneira que lhe convém, ou seja, aquela que lhe permitirá continuar a ser um doente bem instalado em sua doença”2.

Se o que se fala de um corpo corresponde a um real, certamente é o da ciência, não o real inassimilável, que é o da psicanálise. Máquinas, equipamentos moderníssimos rastreiam esse corpo em que habitamos. Ao olhar uma ressonância é o estranho que se evidencia, sabe-se que há um padrão e fora desse o patológico, há quem o saiba, no caso o médico, através da ciência e dará respostas, mas quão alheio se está em relação a esse funcionamento! Nenhuma tomografia craniana mostrará as aflições; as angústias não aparecem em nenhum exame bioquímico; onde estamos nesse que desconhecemos? O sujeito está fora dessa investigação, invisível.  Eric Laurent em seu texto ‘Falar com seu sintoma, falar com seu corpo’ explicita: “O corpo simbólico é a linguagem, o conjunto dos equívocos da língua. O imaginário é o que permite nos virarmos, o modelo. Mas o que pode ser o corpo real? Para Lord Kelvin é isso que a ciência se recusa a admitir, tem-se um modelo, mas não se sabe o que é o corpo real. A esse respeito não há hipótese”3.

No falar do corpo, vamos encontrar as frágeis coordenadas simbólicas norteando um modelo, o imaginário. Indo mais além no campo da psicanálise falar com um corpo pontua o encontro do significante com o gozo, tratando-se da pulsão na fala ou linguagem e pulsão.  Na medida em que se fala sobre um corpo fala-se com ele, o falasser precede, o falasser usa o corpo para falar. Falar ardo de febre, doi o corpo, tenho calafrios, chama o saber médico; ao falar ardo de amor, estou de forma insuportável devastado por esse sentimento, porque estou assim? Pode-se fazer um outro endereçamento, ao psicanalista. O falasser usa esse corpo para produzir o sintoma analítico, mostrando aí um para além do necessário saber médico.

No caminho percorrido pela psicanálise podemos dizer que em Freud temos uma lição apreendida das histéricas que é um falar com um corpo, que depois Lacan coloca como um corpo do significante, que fala algo deste corpo, para então em seu último estudo colocar como o corpo do gozo, o da gramática da pulsão, onde toda emissão da palavra é pulsional, corpo onde ecoa um dizer e haja psicanalistas para essa escuta necessária.

*Médica, AP, participante da Delegação Geral Maranhão/ EBP

NOTAS
1. Lacan, J (1985). Psicoanálisis y medicina. In Intervenciones y textos, 92.
2. Miller, J. –A (2001). O lugar da psicanálise na medicina. Opção Lacaniana 32,10
3. Laurent, E (2013). Falar com seu sintoma, falar com seu corpo. Correios 72, 20




quinta-feira, 8 de maio de 2014

VÍNCULOS A BASE PARA OS RELACIONAMENTOS

ENAMORAMENTO 

O início de um relacionamento é uma época singular. Apesar de o mundo continuar girando na mesma velocidade, para o casal apaixonado, as horas voam quando os dois estão juntos e duram uma eternidade quando estão separados. A rotina é dominada pelo sentimento da espera de um novo encontro.

Durante a chamada fase de encantamento, o casal está mais aberto e livre por não carregar a bagagem dos referenciais. Ambas as parte se expressam de maneira mais autêntica. "O indivíduo sente-se leve por estar sendo desejado apenas por aquilo que ele é",

 O amor infantil é ilimitado; exige a posse exclusiva, não se contenta com menos do que tudo. Possui, porém, uma segunda característica; não tem, na realidade, objetivo, sendo incapaz de obter satisfação completa, e, principalmente por isso, está condenado a acabar em desapontamento.  (FREUD, 1987 Edição Eletrônica, v. XXI).

Um rosto, ou uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão. O corpo estremece. É a paixão. O individuo está apaixonado. Tudo acontece num exato momento. No inicio da relação deseja-se somente uma coisa: atuar as paixões. E atuá-las num clima de perenidade e alucinação primitiva, próprias do inconsciente.

Um só corpo, uma só mente, um alucinar junto para a satisfação dos desejos incestuosos. Ele é o pai que ela deseja apaixonada e ardentemente. Ela é a mãe exclusiva pronta para satisfazer-lhe todas as necessidades e desejos. Nada de conversar, nada de reprimir, nada de simbolizar os afetos dominadores e ardentes. Somente a vivência das paixões.

Seja qual for o conteúdo da motivação para a escolha, seja ele mais primitivo ou mais atual, ocorre sempre um cruzamento no momento do encontro. Cruzamento este entre o passado e o presente de ambos envolvidos, e então se estabelece um ponto, uma unidade indivisível, um núcleo de vivência mútua.

Esta vivência, este núcleo que à primeira vista constitui-se de elementos irreconhecíveis, mas cujo produto final retira da percepção conflitos e angústias, remete o casal a um estão ilusório de completude (narcísica).(Lamanno – 1993)

Sob o viés psicanalítico, as afinidades encontradas entre duas pessoas são ecos do passado e que reproduzem os primeiros amores. O que está sendo evocado nestes encontros é o conhecimento e o desejo de infância, isto é, a recuperação de versões anteriores do enamoramento do bebê pela sua mãe.


Da psicanálise recebe-se a idéia de que todos buscam retornar a um estado ideal, livre de conflitos, separações, perdas, lutos, do tempo e da morte, exatamente igual a quando o bebê estava fusionado com a mãe. Na memória inconsciente são guardadas sensações dessa vivência e das relações experimentadas com os pais, irmãos e com todos com os quais já houve um encontro ao longo da jornada de desenvolvimento. 

sábado, 19 de abril de 2014

RELACIONAMENTOS - OS LAÇOS SOCIAIS



A época atual chamada de pós-modernidade apresenta transformações em rápida escala e em vários aspectos. A música "Como uma onda" de Lulu Santos e Nelson Motta representa muito bem este processo de mudança: "Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará".

Uma das mudanças mais sentidas, são as que aconteceram e acontecem nas relações sociais. Para quem vive entre duas gerações, é difícil compreender e aceitar estas mudanças. Saímos de um sistemas de relações verticais e hierárquicas e vivemos com relações horizontais e em rede

Lidar com estas transformações é ter que repensar nossas posições nas relações sociais em que vivemos. Nisto podemos utilizar a Psicanálise para ajudar na compreensão e aceitação deste processo.





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CULPA E CORRUPÇÃO

Este texto foi publicado no site http://wapol.org/pt/global/Lacan-Quotidien/LQ-366-BAT.pdf

Culpa e corrupção*

por Miquel Bassols

Os laços inconscientes entre corrupção e  sentimento de culpa são bastante paradoxais. São fonte de toda sorte de hipocrisias. E seu segredo pode  permanecer um mistério para cada um. A historinha contada pelo  humorista americano Emo Philips resume isso muito bem: «Quando eu era pequeno, rezava todas as noites para ter uma bicicleta nova. Depois,  me dei conta que Deus não funciona assim. Então, eu roubei uma bicicleta  e rezei por seu perdão.» É nesse paradoxo que o sujeito de nosso tempo experimenta seu laço com o gozo e com a falta. O cinismo do argumento  não exclui a miserável verdade que fica escondida nessa operação: é preferível crer na absolvição da falta, na impunidade do gozo imediato, do que no desejo que, por si só, faria com que se merecesse esse objeto de desejo. A psicanálise descobre essa equação nas sutilezas do sentimento de culpa: existe somente a certeza e a constância de um desejo, para me fazer responsável por um gozo, que eu jamais obteria impune.

É, sem dúvida, uma das razões que faz com que, nos rankings internacionais, os países que menos sofrem de corrupção sejam os países mais influenciados pela tradição luterana. Tal tradição experimenta maior desconfiança quanto à confissão dos pecados, que permite a absolvição e a impunidade do gozo. É ainda uma tradição que criticou radicalmente o tráfico de indulgências – a compra do perdão -, princípio de toda corrupção. Ao argumento utilitarista do humorista americano, o sentimento de culpa responde isto: não existe gozo impune. Seu desejo por uma bicicleta tem um preço, que você não pode negociar.
 
Soma-se a este argumento a crença na reciprocidade do gozo – se o outro faz, eu também posso fazer –, a lógica do vírus da corrupção está assegurado, mesmo no melhor dos mundos possíveis.
 
Logo, não é surpreendente que todos os historiadores que se debruçam sobre o fenômeno da corrupção a concebam como um fato ineliminável e inerente ao ser humano, em todas as sociedades e culturas, ora como um mal menor, ora como o princípio mesmo de seu funcionamento. A corrupção seria assim «um fenômeno inextirpável, porque respeita, de maneira rigorosa, a lei da reciprocidade», como escreve Carlo Brioschi, em sua Brève histoire de la corruption1. Segundo essa lei, nenhum favor é desinteressado, e gozar de uma prebenda será sempre justificado. Da mesma forma, essa lei de reciprocidade autoriza cada um a gozar, sem sentimento de culpa, daquilo que o outro goza.
 
 
Por conseguinte, tudo aparece como uma questão de grau: o gozo suposto ao outro é um pouco mais ou um pouco menos importante que o meu? A troca recíproca de prebendas é maior ou menor? Acontece o mesmo com as concessões conferidas para se obter o objeto de gozo: essa bicicleta que cada um exige como um direito que lhe é devido. A crença no Outro que pode perdoar e no Outro que contabiliza o gozo está no princípio da comercialização e de boa parte dos laços sociais. Na realidade, é uma crença tão religiosa como qualquer outra.
 
Em nome dessa crença, pode-se admitir toda corrupção como relativa ao tempo e à realidade em que se vive. Assim, quem ousaria sustentar hoje como politicamente correta esta frase do grande Winston Churchill: «Um mínimo de corrupção serve de lubrificante benéfico ao funcionamento da máquina da democracia»? É unicamente por uma questão de grau que ela se difere das afirmações sustentadas, há algumas semanas, por Luís Roldán, exemplo paradigmático da corrupção da sociedade espanhola de nosso tempo, em uma entrevista concedida à imprensa: «A corrupção era e é estrutural.»

Trata-se apenas, dirão vocês, de um problema de linguagem, da significação que se dá às palavras, para se sentir um pouco mais à vontade diante da justificativa intelectual do fenômeno irredutível da corrupção. Mas, então, essa afirmação de Jacques Lacan será ainda mais certeira: «O maior corruptor dos confortos é o conforto intelectual, como a pior corrupção é aquela do melhor.»2. O que quer dizer também que a primeira corrupção é a corrupção da linguagem, quando se começa a ceder sobre a significação das palavras, a que modula e determina a significação dos nossos desejos.

 
Por isso, vejamos: por que vocês queriam então possuir esta bicicleta?
 
*A ser publicado, em breve, em um dossier «Culpabilité et jouissance» do suplemento Cultura/, no jornal de Barcelona La Vanguardia.

 1Brioschi C. A., Breve storia della corruzione: dall'età antica ai nostri giorni, Milano, Tea, 2004.
 
 2Lacan J., Écrits, Seuil, Paris, 1966, p. 403

sábado, 15 de fevereiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA MÃE NA VIDA DA FILHA


Para o Psicanalista os enigmas dos pacientes se tornam motivo para estudar a teoria, não que ela dará uma resposta padrão para cada questão, mas a teoria em Psicanálise é uma ferramenta para a construção de um modelo singular de cada indivíduo.

Duas de minhas pacientes apresentam relação muito simbiótica com suas mães apesar delas já terem falecido. Mesmo com a origem igual para ambas, cada uma delas em suas singularidades trilhou caminhos distintos, mas com resultados de muitos sofrimentos.

Estes dois casos me motivaram a reestudar (já havia feito isto uma vez) o trabalho da Psicanalista Malvine Zalcberg denominado “A Relação Mãe e Filha”. Com maior experiência clinica e teórica fui movido em meu desejo, escrever algumas linhas para que, quem as lesse, pudesse ter uma noção da importância desta relação que marca a estruturação emocional de todos nós, e de forma mais intensa, a estruturação das filhas.

Freud e Lacan estudaram a sexualidade feminina, e nestes estudos a relevância do papel da mãe ficou evidenciada.

Todos nós chegamos a este mundo na condição de “falta a ser”. Isto é, chegamos como se fossemos um livro em branco cuja vida fosse escrita a partir da mediação dos “outros”, aqueles que se dedicam a satisfazer nossas necessidades de sobrevivência. Estes “outros” nos inserem na cultura em que vivem através da linguagem (fala) e de onde vêm nossas identificações.

No caso especifico da menina, ela remete a mãe (outro) questões significativas na sua estruturação emocional, como por exemplo – “O que é ser uma mulher?”. As respostas recebidas (mais do que uma) serão estruturantes tanto do seu emocional como da sua sexualidade.  Neste processo ocorrem dois movimentos chamados de “Alienação” e “Separação”.

O primeiro movimento (Alienação) faz com que a menina se funda com a mãe em uma relação que não existam diferenciações. No segundo (Separação), mediada pela função do pai, ocorrem as diferenciações. Pode-se perceber a importância da função paterna no processo de individuação da menina.

Muitas vezes a mãe dificulta o processo de identificação da filha, isto é, faz da filha uma extensão de si mesma, quer que a filha seja aquilo que ela não foi, ou não conseguiu ser. Este fato se transforma em um “abuso identificatório” (Malvine Zalcberg), significa que a construção da identidade da menina é dificultada ou até mesmo, se torna inexistente.


O amor da mãe nem sempre é saudável, muitas vezes chega a ser até prejudicial para o futuro   emocional e sexual da filha. “O amor de uma mãe por sua filha funde-se facilmente com o amor que ela tem por si mesma. Sob a chancela da sanção social do amor da mãe por uma filha que favorece exercer sobre a mesma, um grande poder, produzem-se situações desestruturante para a filha”. Malvine Zalcberg in Relação Mãe e Filha.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O PODER DAS PALAVRAS


Lacan no seu retorno à Freud encontra Saussure e Lewis-Strauss e formula um de seus mais famosos conceitos: “o inconsciente se estrutura como uma linguagem”.  

Ao estudarmos psicanálise aprendemos que o ser humano ao nascer é envolvido pela cultura, e que esta lhe é transmitida pela fala dos outros, denominada de discurso. Outros que estão presentes para satisfazer suas necessidades de comer, beber, etc..

O ser humano se constitui como sujeito a partir da intervenção do outro, e o discurso deste outro de várias maneiras influencia nesta constituição.




quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA FIGURA DO PAI NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA




Ao nascer o indivíduo é carente de todas as condições de sobrevivência. Depois de passar os quase nove meses sendo gestado dentro da mãe, é ela(a mãe) ainda que não grande maioria das vezes atende as necessidades fundamentais da criança nos primeiros tempos.Estabelece-se uma relação simbiótica entre eles.

Para que o indivíduo possa adquirir a capacidade de desenvolver todas as suas potencialidades, é fundamental a presença e a intervenção da figura do pai.

Freud e depois Lacan produziram profundos estudos da participação da figura paterna (Nome do Pai) neste desenvolvimento. Segundo Lacan, dificilmente a criança se constituirá como um sujeito desejante se não ocorrer a interdição do desejo da mãe sobre o bebê.