quinta-feira, 2 de outubro de 2014

DISFUNÇÃO ERÉTIL – UMA VISÃO PSICANALÍTICA (1)



Este texto é produto de um desafio lançado e será o primeiro de uma série que mostrará a importância da Psicanálise para o tratamento das disfunções sexuais e a melhora da vida sexual dos indivíduos através da ‘reeducação’ emocional. O objetivo maior que me proponho é falar dos benefícios que a Psicanálise traz para as pessoas nesta área, e por isto, estarei escrevendo direcionado para quem pouco ou nada sabe sobre ela (Psicanálise).

A Psicanálise é a teoria de uma prática. Isto a coloca em uma posição única e oposta, mas não antagônica à grande maioria das demais psicoterapias. A teoria psicanalítica se constrói a partir de cada paciente e sua singularidade, o sintoma não é apenas um sinal a ser decodificado, mas também uma fala. Fala esta que mostra que o inconsciente e seus conteúdos estão estruturados como uma linguagem.

Freud escreveu bastante sobre a importância do pênis (e a inveja dele nas mulheres) na estruturação emocional humana. Sua teoria sobre o complexo de Édipo e o complexo de Castração se estende por toda sua obra. Na releitura de Freud, Lacan colocou o simbolismo no pênis e o ajustou para a ‘primazia do falo’.

O discurso da ciência que domina a arte médica olha mais para a doença do que para a escuta do paciente. Chega-se ao ponto de ‘trocar’ o nome de impotência para disfunção erétil. A psicanálise ‘escuta’(diferente de ouvir) a fala do paciente e procura dentro dos significantes e significados o que se esconde por detrás das dificuldades sexuais de cada paciente. Com o uso de citrato de sildenafil como base dos medicamentos contra a impotência, desvalorizou-se ainda mais a escuta dos sofrimentos de homens que apresentam a disfunção erétil.

Enquanto na Medicina a cura é a volta do funcionamento orgânico com a correspondente eliminação do sintoma, para a Psicanálise a “cura” tem uma conotação bem diferente: o sintoma é uma satisfação substituta. O sintoma está no lugar de uma satisfação da pulsão que a barra do recalque, isto é, as normas, crenças e ‘verdades’ de cada indivíduo, está impedindo que ela (a satisfação substituída) chegue até a consciência.

Para poder fundamentar melhor as ideias sobre a visão psicanalítica das disfunções sexuais é preciso distinguir os termos ‘instintos’ e ‘pulsões’. Para a Psicanálise instinto é uma resposta para duas condições para o ser vivo; a sobrevivência e a perpetuação da espécie. Na natureza, não vamos encontrar animais obsessos, pois comem o necessário para sobreviverem, diferentes de nós que comemos mais por prazer do que por alimentação. Também não fazemos sexo apenas por reprodução e temos algumas mulheres que nos são culturalmente interditadas para prática sexual. Para melhor compreensão vamos usar duas definições encontradas na literatura.

A pulsão é “um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo”; “é um fenômeno biológico que possui representantes psíquicos: impulsos, tendências, desejos e fantasias inconscientes são os representantes psíquicos dos instintos. Estes representantes estão afetiva e efetivamentente ligados entre si”.