Colaboração com o
caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia
26.10.2012
No
início do mês fui convidado para responder perguntas dos alunos da oitava série
do colégio COC. Entre as perguntas que foram feitas escolhi algumas para
responder também através da nossa coluna “Quebrando Tabu”, pois foram questões
pertinentes e inteligentes e que demonstram que mesmo tendo acesso a várias
fontes de consultas, dúvidas permanecem.
“Qual a idade ideal para começar a vida
sexual?” Esta é uma pergunta muito presente
todas as vezes que faço palestras, feita muitas vezes pelos próprios jovens e
outras tantas por pais que querem uma orientação sobre como se comportar em
relação ao assunto com seus filhos e filhas.
Minha
resposta tem sido sempre a mesma, e a baseio nas informações sobre a fisiologia
humana e na teoria psicanalítica. A primeira nos diz que o ser humano está apto para exercer uma vida
sexual com a idade em que seus caracteres sexuais secundários se manifestarem.
Sabemos que nosso corpo tem um processo de crescimento que nos leva a maturidade
sexual, isto é, quando estamos aptos para procriar.
A
puberdade inicia por volta dos 10 anos de idade quando mudanças morfológicas
ocorrem devido à atuação dos hormônios testosterona, progesterona e estrógeno,
produzidos nos testículos pelos meninos e nos ovários pelas meninas. Estes
hormônios são responsáveis, entre outras coisas, pelo surgimento da menstruação,
desenvolvimento dos seios e dos pelos no corpo e na região genital das mulheres;
já nos homens faz surgir os pelos no rosto, no corpo e na região genital, além
do engrossamento da voz e a produção dos espermatozoides.
Por
volta dos 13 ou 14 anos já temos a maturidade fisiológica da sexualidade.
Rapazes e moças estão aptos para terem filhos e sentirem orgasmo. Esta
maturidade fisiológica está acontecendo cada vez mais cedo, acredita-se
motivada pelo estilo de vida e pela alimentação.
E
a maturidade emocional, quando acontece? O processo do desenvolvimento
emocional é bem mais complexo e longo, e em muitos casos, nem chega ser
alcançada completamente, podendo ser encontrados indivíduos que mesmo em idade
adulta, ainda são imaturos afetivamente (emocional).
Freud
nos mostrou que os indivíduos passam por diferentes fases no seu
desenvolvimento emocional. Começamos com a primeira chamada de narcisismo, na
qual somos nosso próprio objeto de amor. Somos incapazes de amar outro
individuo. Esta fase vai até por volta dos 3, 4 anos de idade. A segunda fase
chamada de edípica, e na qual elegemos pela primeira vez outro indivíduo como
alvo do nosso amor, geralmente nosso genitor de sexo oposto.
A
terceira fase é chamada de latência, onde nosso amor está no nível de baixa atividade.
Esta fase termina quando do surgimento da maturidade fisiológica sexual. Na fase
seguinte dirigimos nosso amor pela primeira vez para alguém fora do nosso
círculo familiar, é a famosa paixão da adolescência. Nesta fase começamos o
desligamento da dependência emocional da família e nos preparamos para a
maturidade emocional, alcançada teoricamente na década dos 20 anos.
É
possível observar que o desenvolvimento emocional (afetivo) é mais longo que o
fisiológico sexual. Quando a pessoa começa a exercitar sua sexualidade ainda com
pouca maturidade emocional (afetiva), mais propensa está de sofrer com inadequações, disfunções e até transtornos
sexuais.
Portanto
a resposta para a pergunta é que cada um tem seu processo de maturidade
emocional, e que esta maturidade precisa ser observada para que a vida sexual
do indivíduo caminhe sem sustos.
Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista
com especializações em Sexualidade e Educação Sexual. E-mail:mandelli@elo.com.br
- twitter: http://twitter.com/efmandelli