domingo, 22 de dezembro de 2019

O CIÚME NOS RELACIONAMENTOS AFETIVOS






A Psicanálise se ocupa com ciúme desde o seu inicio. No texto escrito em 1922, "Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e no homossexualismo", Freud afirmou  que este afeto humano  pode ter três aspectos: o ciúme normal, o projetado e o delirante. 

O ciúme normal: 

Freud afirma que essa é uma dor muito dolorosa que ela é causada pela perda do objeto amado, assim como também uma ferida narcísica, e também pela fantasia da presença de um(a) rival sempre mais forte e potente. Embora esse ciúme seja visto como normal, ele não é completamente racional, sua raiz está no inconsciente é uma continuação das primeiras manifestações emocionais da criança ante do complexo de Édipo ou do complexo de Intrusão onde a chegada de um irmão ou uma irmã, reedita a sensação da perda do lugar especial que ocupava na relação simbiótica com a mãe


O ciúme projetado: 

Para Freud esse tipo de  ciúme é derivado, tanto no homem quanto na mulher do seu próprio desejo de infidelidade na vida real ou de seus   impulsos.   Segundo Freud a fidelidade tem um preço que é as constantes  tentativas de infidelidade. Consideradas toda essa pressão, o sujeito busca a absolvição da sua consciência, projetando seus próprios impulsos  de infidelidade no companheiro ou na companheira a quem se deve fidelidade.







O ciúme delirante: 

Segundo Freud o ciúme delirante tem sua origem na busca dos desejos reprimidos de fidelidade, mas o objeto nesses casos, é o mesmo sexo do sujeito. O ciúme delirante é o que resta de um homossexualismo que cumpre o seu curso e que "corretamente toma sua posição entre as formas clássicas de paranoia". Segundo Freud o sujeito se defende do impulso homossexual desta forma,"eu não eu amo é ela(e) que o(a)  ama." 

Com a continuidade de seus trabalhos de pesquisa junto ao seus pacientes, Freud volta a abordar o assunto em um texto de 1922 com o titulo "Sobre alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e na homossexualidade":
"Sobre o ciúme normal há pouco a dizer do ponto de vista analítico. É fácil perceber que ele é basicamente composto pelo luto, pela dor da perda do objeto de amor que se crê perdido e pela ofensa narcísica, na medida em que ela pode ser distinguida das outras; além disso, por sentimentos hostis contra o rival favorecido e pelo maior ou menor grau de autocrítica, que responsabiliza o próprio Eu pela perda de amor. Esse ciúme, mesmo que o chamemos de normal, não é de forma alguma racional, isto é, oriundo de vínculos atuais, proporcionais às efetivas circunstâncias e inteiramente dominado pelo Eu consciente, pois ele está profundamente arraigado no inconsciente, prolonga as mais antigas moções da afetividade infantil e nasce do complexo de Édipo ou do fraternal do primeiro período sexual".