quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL


Daniel Goleman, psicólogo e PHD da Universidade de Harvard USA  em 1995, publicou o livro "INTELIGÊNCIA EMCIONAL".


1. AUTOCONHECIMENTO;

2. AUTOMOTIVAÇÃO;

3. CONTROLE DAS EMOÇÕES (ter a emoção certa, no momento certo e na intensidade adequada);

4.EMPATIA;

5. RELAÇÕES INTERPESSOAIS.





sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ANSIEDADE

 

Em 2006 foi lançado uma obra em 3 volumes chamada “Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente” da Editora Imago. Esta obra foi a primeira publicação em português com os textos de Sigmund Freud traduzido diretamente do alemão, até então, todos os textos em português haviam sido traduzidos do inglês para o português. 

A nova tradução trouxe algumas modificações importantes na compreensão da teoria freudiana. Um dos exemplos é que até aquele momento, a palavra utilizada era "INSTINTO"  do inglês "instinkt",  mas nos texto em alemão Freud usava a palavra "trieb" cuja tradução para o português é "PULSÃO".

Outro termo utilizado nas obras traduzidas do inglês para o português é que tornou-se motivo de polêmicas entre os estudiosos da teoria psicanalítica freudiana é a palavra "ANGÚSTIA". Sigmund Freud usou inúmeras vezes a palavra "angst" no sentido de "temor", "receio", "pânico" e "medo", podendo ainda referir-se a objetos específicos ou inespecíficos

O termo “ANSIEDADE” é definido pelo “Dicionário On-line de Português”  como “condição emocional de sofrimento, definida pela expectativa de que algo inesperado e perigoso aconteça, diante da qual o indivíduo se acha indefeso. O termo "ANGÚSTIA" é considerado como uma percepção caracterizada pela mudança de humor, perda de paz interior, dor, insegurança, culpa, mal-estar e tristeza e pode-se entender como uma sensação de "VAZIO".

Atualmente é cada vez mais generalizado o uso do termo "MEDO" quando trata-se do afeto com objetos específicos (medo de barata, medo de lugares fechados, medo de andar de avião, etc.) e "ANSIDADE"  quando trata-se do afeto com objetos inespecíficos.



segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Como a Psicanálise, o Gerenciamento Estratégico e a Filosofia da Qualidade Total podem auxiliar na da Qualidade de Vida do Indivíduo e na Elaboração de um Projeto de Vida

 


Terceiro artigo científico escrito e publicado na Revista Imperium da Emil Brunner World University - Flórida USA


Como a Psicanálise, o Gerenciamento Estratégico e a Filosofia da Qualidade Total podem auxiliar na da Qualidade de Vida do Indivíduo e na Elaboração de um Projeto de Vida

 

Ernesto Friederichs Mandelli

 

Resumo

 

Voar cada vez mais alto, atingir pontos cada vez mais distantes. Até onde pode chegar esse anseio do homem. Até que ponto sua capacidade física, intelectual ou até - se formos além - espiritual, lhe permite chegar. Ainda que jamais consiga divisar a sua meta final, o homem sente necessidade de dar mais um passo. No seu íntimo sabe que é imprescindível continuar expandindo seus limites. A competição ao ser transferida para o interior do próprio indivíduo faz com que ele viva ansioso, cercado de perigos reais e imaginários por todos os lados. A cultura atual é produtora de ansiedade, pois quando se afirma através do ditado popular que “quem não tem competência não se estabelece”, se está na realidade, forçando a existência de um padrão comum de sucesso, e que se aquele indivíduo que não conseguir alcançá-lo, será considerado um fracasso. A imposição de modelos de homens e mulheres tidos como idéias, levam o ser humano a negar-se constantemente para si mesmo, a sua verdadeira realidade. O objetivo foi mostrar como o gerenciamento estratégico e a filosofia da qualidade total como constituintes da qualidade de vida do indivíduo e na elaboração de um projeto de vida. A metodologia utilizada foi a bibliografica. Pode-se concluir que a Qualidade Total vem justamente permitir que se tenha visão sistêmica da organização e de todos os seus processos, fazendo, com isto, que se direcione os esforços para obter-se a satisfação dos clientes. Já o processo de elaboração de um planejamento estratégico com todos os seus elementos, visa minimizar as ameaças que as mudanças rápidas e a cultura pós-moderna representam na vida física-emocional-espiritual do indivíduo e ao mesmo tempo, maximizar as oportunidades que estas mesmas mudanças venham representar.

 

Palavras-chave: Gerenciamento estratégico; Qualidade de Vida; Organizações.

 

1 Introdução

 

Hoje a maioria dos indivíduos vive da venda de sua força de trabalho, portanto quem não é competente é um fracasso perante os olhos alheios e os próprios. Este fato, segundo Freitas (1985), associado com a necessidade cada vez maior da afirmação da própria identidade e capacidade joga o homem atual num círculo vicioso da busca de auto superação individual e tornando cada um sequioso dele mesmo.

Então, como sobreviver nesta era, neste mundo? Será preciso que todos tenham comportamentos de super-homens, super-heróis? Ou será que todos têm a força necessária para atingir o sucesso?

O resultado desta combinação é a existência de seres humanos cada vez mais angustiados e sobrecarregados de dúvidas e tensões. Homens e mulheres comuns, pais e mães, profissionais de todos os tipos, jovens e velhos, enfim todos com os mesmos dilemas - sendo o principal - como serem felizes. Porém em virtude das pressões para serem cada vez melhores e fazerem mais coisas, se tornam infelizes.

“Infelicidade percebida claramente ou sentida de forma difusa. Infelicidade constante e intensa ou acentuada apenas em determinadas épocas e datas ou frente a determinados acontecimentos. Infelicidade manifestada somaticamente ou sentida como tristeza ou angústia” (Freitas, 1985, p. 42).

É possível afirmar que de alguma forma todos procuram a felicidade, ou o que os budistas e até Sigmund Freud chamam de nirvana, ou que ainda Bion chama de recuperar o continente perdido. Uma das dificuldades de encontrar esta sensação é sem dúvida alguma a perda de sentindo para a vida.

As sensações de incomodo provocado por estado prolongados de tensão na busca da afirmação pessoal, acaba gerando distúrbios nas quatro áreas básicas da atividade humana. A primeira é a orgânica através das doenças conhecidas como psicossomáticas; a segunda é a área da afetividade, onde de alguma forma a qualidade ou a quantidade dos afetos são alteradas; a terceira é a intelectual, através de alterações das funções racionais conscientes básicas de adaptação do indivíduo à vida; e finalmente a quarta que é a área dos relacionamentos interpessoais, através de crescentes dificuldades de relacionamento com outras pessoas.

Mas o que é felicidade? É ter dinheiro em abundância? É ter poder? É comandar uma grande organização? É ter uma família? É ter uma posição social de destaque? É ter uma saúde perfeita? É estar sempre alegre e sorrindo? É estar comemorando vitórias constantemente? A definição mais adequada para Felicidade, encontrada pelo autor deste trabalho está inserida na obra do psicólogo Freitas (1985):

Nós, os psicólogos, ao contrário, acreditamos que a felicidade é um estado ótimo de equilíbrio entre as necessidades psicoemocionais e orgânicas do indivíduo e as possibilidades que o meio ambiente oferece. E a prática clínica indica que estamos certos. Assim, felicidade nunca é um “presente dos deuses”, oferecido em certas circunstâncias especiais, mas sempre um estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o meio ambiente que o circunda e abriga. Um estado, portanto, possível a todo o momento (Freitas, 1985, p. 43).

 

O objetivo deste trabalho foi mostrar como o gerenciamento estratégico e a filosofia da qualidade total como constituintes da qualidade de vida do indivíduo e na elaboração de um projeto de vida.

A pesquisa realizada neste trabalho foi uma Revisão de Literatura, no qual foi realizada uma consulta a livros, dissertações e por artigos científicos selecionados através de busca nos seguintes base de dados “EESC Usp”, “Capes” e “Google Acadêmico”. As palavras-chave utilizadas na busca foram: gerênciamento estratégico, qualidade de vida, organizações.

 

2 Gerenciamento estratégico

 

Outro componente vital para a Qualidade usado pelas organizações para sua sobrevivência e crescimento é o planejamento estratégico, para ser mais exato o gerenciamento estratégico de todas as atividades organizacionais. A Gestão da Qualidade possui um método básico: o PDCA, onde P ("Plan") significa planejamento; D ("Do") corresponde ao fazer, à execução das tarefas; C ("Check") envolve checagem entre a meta escolhida e o resultado obtido, e A ("Action") implica em ação corretiva.

Através desta ferramenta pode-se na vida pessoal, criar um sistema de gerenciamento mais eficaz e eficiente para o indivíduo atingir a Qualidade de Vida. O processo de melhoria da Qualidade de Vida passa pelo gerenciamento das potencialidades, experiências, capacidade de pensar e de criar alvos a serem atingidos a longo, curto e médio prazo.

 

O vencedor, entretanto, é capaz de manter autonomia por períodos cada vez maiores. Poderá perder o pé ocasionalmente. Poderá até fracassar. Mas apesar dos reveses o vencedor mantém a confiança básica em si mesmo. Um vencedor não faz o papel de desamparado, nem fica apontando os culpados. Ao contrário, assume a responsabilidade da própria vida. Não confere aos outros uma falsa autoridade sobre ele. Ele é seu próprio patrão e sabe disso (James & Jongerward, 1986, p. 18).

 

A exemplo do que deve ser realizado nas organizações para início das atividades de planejamento estratégico, ou do ciclo PDCA, as definições da Visão, Missão e Valores são estabelecidas naquilo que é chamado de etapa filosófica do processo de planejamento estratégico da Qualidade e definirão o caminho a ser seguido pela organização no futuro imediato, assim também na vida pessoal, mister se faz que sejam definidos estes elementos para começar- se o processo de planejamento pessoal.

Para poder desenvolver um projeto de vida, o indivíduo tem que necessariamente começar primeiro pela construção de uma visão de longo prazo. Lynch e Kordis (1988) afirmam:

“Mais do que qualquer outro pesquisador vivo ou morto, esse professor de sociologia (Elliott Jaques) forçou-nos a reconhecer que uma das janelas mais importantes do cérebro é a janela do tempo” (Lynch & Kordis, 1988, p. 145).

A visão representa o estado futuro da organização em um prazo de cinco a dez anos, segundo a percepção que tem a alta direção. No indivíduo, a visão representa a capacidade de lidar com as complexidades do mundo. Hoje em dia os neuropsicofisiologistas e outros pesquisadores do cérebro e da mente têm procurado cada vez mais diminuir a ignorância a respeito da influência que a construção de uma visão de futuro tem sobre a qualidade de vida.

 

É cada vez maior o número de evidências de que, quanto mais longe no futuro o cérebro consegue se ver funcionando, maior a complexidade desse cérebro para lidar com a complexidade, para conciliar múltiplas responsabilidades e para coordenar tarefas. O “horizonte de tempo” de uma pessoa – o máximo período de tempo em que uma pessoa pode planejar e executar tarefas específicas e voltadas para uma meta. (Lynch & Kordis, 1988, p. 145).

 

A importância da construção de visões a longo prazo fica expresso pelos autores acima mencionados que transcrevem o que o sociólogo Jaques afirmou de que o intervalo máximo com o qual uma pessoa consegue lidar – o intervalo de tempo máximo que essa pessoa consegue alcançar – mede e define o nível do poder cognitivo dessa pessoa (horizonte de tempo).

 

O perigo de não se ter uma visão é que a maioria de nós vai continuar a operar num determinado nível, aquele que sentimos inconscientemente ser o correto para nós. Se ultrapassarmos esse nível de desempenho, em geral sabotaremos a nós mesmos posteriormente para mantermos a ”média”. A importância de se ter um sonho bem definido é: se nos visualizarmos operando num nível muito mais elevado, a nossa mente inconsciente vai interpretar isso como um novo nível de desempenho esperado e nos fará corrigir positivamente nosso curso rumo à visão, sem repercussões maléficas (Lynch & Kordis, 1988, p. 165).

 

Outro componente da filosofia empresarial da Qualidade Total, e que está dentro das definições que antecedem a elaboração do planejamento propriamente dito, é a definição da Missão.

Missão organizacional é a razão de ser da entidade, ou seja, o papel que ela desempenha na sociedade e que justifica a sua existência. Ela permitirá o alcance de Visão do Futuro, caracterizando o compromisso do nível estratégico da organização com a qualidade almejada.

A missão pode ser compreendida como um propósito, e quando as organizações e, os próprios indivíduos, não definiram um propósito, estão à mercê da sorte, ou do caso. Isto é, perdem a oportunidade de serem agentes ativos das mudanças para ser tornarem agentes passivos delas. A falta de propósito faz com que a caminhada pela vida seja cheia de tropeços e quedas, dirigindo as organizações e os indivíduos por uma sucessão de escolhas erradas, os tornando indivíduos infelizes e organizações ineficazes.

 

Quando não temos um propósito, tropeçamos cegamente de uma escolha errada para outra, e aguentamos as consequências de “destino que nos faz sofrer”. Podemos, por exemplo, aceitar empregos – muitas e muitas vezes – por causa de razoes que, no íntimo, são inadequadas e insatisfatórias: porque o salário é melhor, oferece chances de ascensão profissional, proporciona prestígio, ou porque é isto que se tem que fazer. No entanto, uma vez lá, como estamos sem propósito, descobrimos que estamos novamente nos sentindo infelizes, que somos vítimas do “destino que faz sofrer” e que, uma vez mais, saímos em busca de um fracasso (Lynch & Kordis, 1988, p. 115).

 

O elemento que irá complementar a fase filosófica do planejamento é a determinação dos valores da organização. Os valores são as convicções profundas que manifestam a identidade de uma organização. Eles devem representar os aspectos positivos que servirão de base para sustentação e direcionamento da Empresa e das pessoas que dela fazem parte. São o marco de referência do código ético de conduta e que por si só dão significado às verdades e crenças da Organização.

Por analogia pode-se afirmar que a conduta ética do indivíduo reside sobre a base dos seus valores. Muitas vezes valores são confundidos com emoções e para distingui-los, recorre-se ao dicionário Aurélio da língua portuguesa: Valores - normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe, sociedade, etc. Exemplos: perfeição, amor, fidelidade, caridade, honestidade, integridade.

Emoções - ato de mover (moralmente). Perturbação ou variação do espírito advindo de situações diversas, e que se manifesta como alegria, tristeza, raiva, etc.; abalo moral; comoção. Psicologicamente é uma reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha dum estado afetivo de conotação penosa ou agradável. Estado de ânimo despertado por sentimento estético, religioso, etc.

A etapa seguinte do planejamento estratégico é definir os objetivos gerais. Mas para poder defini-los é necessário o questionamento sobre o que vem a se constituir e quais as suas principais características que transformam desejo em objetivo. Primeiramente, tem-se a definição. Objetivo é o alvo ou ponto qualificado, com prazo de realização, que se pretende atingir através de esforço extra.

 

2.1 Qualidade Total

 

A evolução do conceito de Qualidade Total criou em diversos setores organizacionais, um sistema de pontuação - o International for Standardization Organization (ISO) que é usado na avaliação da qualidade de produtos, serviços, de meio ambiente e assim por diante. Desse modo, pode ser estabelecido parâmetros a serem alcançados para obter o certificado ISO, que torna produtos mais competitivos e serviços mais produtivos. Na realidade, essas normas indicam o "caminho das pedras" que deve ser seguido para se alcançar a Qualidade Total.

O sistema vem sendo constantemente aprimorado e analisado, quantificando os mais diversos componentes envolvidos no processo de busca do certificado ISO. Em praticamente todos os setores encontra-se o ser humano como elo dessa cadeia. E então por que não criar um sistema de avaliação e pontuação para os parâmetros da qualidade de vida do ser humano? Por que não buscar a Qualidade Total de Vida?

O motivo pelo qual o século 20 foi apelidado "O Século da Mudança" é que apenas na sua primeira metade inventaram-se mais coisas do que ao longo dos anos anteriores da história da humanidade.

A Sociedade vive um período de plena transformação. Isto é fato e não é nenhuma novidade. Porém, este processo de mudanças atinge a todos e em todos os lugares, alterando hábitos e costumes como nunca se viu. Como exemplo, hoje o indivíduo pode se comunicar com qualquer parte do planeta. Com a Internet pode-se acessar informações instantaneamente sobre os mais variados temas: futebol, carnaval, política, culinária ou até como fazer uma bomba caseira. Diversos produtos, serviços e comodidades invadem as casas diariamente através dos meios de comunicação e sem pedir licença. Enfim, a sociedade foi atingida por essa onda de transformação conhecida como globalização.

Diante dessas mudanças encontra-se o homem, responsável direto por elas, mas ao mesmo tempo atônito a tudo que se passa, tentando entender e adaptar-se ao que está ao seu redor: produtividade, melhoria contínua, qualidade de produtos e serviços, “housekeeping”, assertividade, desemprego e empregabilidade, interconectividade, entre outros.

Pode-se afirmar que o espírito de competição e a busca de desafios são inerentes à natureza humana. Estes são alguns dos fatores que fazem com que se sobreponha a todas as demais formas de vida. Enquanto estas formas de vida que trazem a sua capacidade mínima e máxima pré-estabelecida, e repetem indefinidamente o mesmo "modus-vivendi".

Outro conceito muito importante no processo de Qualidade Total nas organizações é o do Kaizen. Este conceito pode ser entendido como um melhoramento contínuo na vida pessoal, na vida domiciliar, na vida social e na vida do trabalho. Melhoramento aqui vai muito além do significado do dicionário, ele expressa um conjunto de ideias, ligadas para manter e melhorar os padrões existentes.

O kaizen começa com um pequeno problema ou, mais precisamente, com a identificação de que existe um problema. Sem problemas não existe potencial de melhoramento. Na vida pessoal pode-se incorporar a ideia do Kaizen como uma procura intrínseca do indivíduo na busca das melhorais das suas condições de vida, seja através da resolução dos problemas do dia a dia, ou então da elaboração de um projeto de vida.

Ao traçar-se um paralelo da gestão da vida com a Gestão da Qualidade, é necessário que seja considerada a Qualidade dentro do contexto do Gerenciamento da Qualidade Total bem como observar os seus principais princípios filosóficos e operacionais.

A partir dos novos conceitos de organizações competitivas percebe- se que o gerenciamento do crescimento do ser humano possui um caráter simbiótico entre a empresa e seus funcionários, porque na verdade o que este sistema proporciona é uma relação de troca entre as partes envolvidas. Pois se de um lado é verdade que o crescimento da empresa depende do trabalho e do empenho dos seus funcionários, por outro lado, o crescimento da empresa é que garante o desenvolvimento das pessoas que nela trabalham. Portanto, o progresso da empresa alimenta o crescimento pessoal e vice-versa.

A solução para todos estes problemas pode ser obtida no processo de Gestão da Qualidade Total. Para basear esta afirmação pode-se recorrer à definição da Qualidade Total: é um sistema administrativo e gerencial permanente e de longo prazo, orientado para pessoas cujo objetivo é o incremento contínuo para alcançar a satisfação do cliente a custos reais decrescentes por meio da melhoria contínua da qualidade dos serviços e produtos da empresa.

A aplicação dos princípios e ferramentas da Qualidade Total na vida do indivíduo resultará em uma maximização dos ganhos pessoais, melhorando a Qualidade dos seus relacionamentos, a Qualidade da saúde física, emocional e espiritual e ajudando na adaptação aos tempos de mudança em que ele se encontra. A Gestão da Qualidade oferece grande oportunidade de aplicação na gestão da vida e carreira do indivíduo.

A motivação constitui o fator principal e decisivo no êxito da ação de todo e qualquer indivíduo ou empreendimento coletivo. Não se compreende um administrador insensível ao problema da motivação. A abordagem que se segue buscará propiciar uma visão geral e abrangente dos aspectos básicos destas teorias e abordagens, e a importância da motivação para o trabalho, principalmente e antes de tudo, para a vida.

Para promover um ambiente organizacional adequado à filosofia do Gerenciamento da Qualidade Total, as empresas vêm seguindo uma abordagem humanística, através de políticas de recursos humanos, buscando satisfazer as necessidades do ser humano. Esta abordagem recebe influências importantes dos trabalhos de diversos especialistas como Maslow, Herzberg e McGregor.

O enfoque adotado pela maioria das organizações tem sido a satisfação das necessidades prioritárias de cada ser humano, de forma a motivá-lo a um comportamento positivo. O modelo mais comum para este trabalho tem sido o de Maslow que classificou as necessidades que impulsionam o comportamento dos seres humanos em uma escala e pode ser visualizada em forma de uma pirâmide. Na base estão as necessidades mais básicas (fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (auto- realização).

“As pesquisas não confirmaram cientificamente a teoria de Maslow e algumas delas até mesmo a invalidaram. Contudo, sua teoria é bem estruturada e oferece um esquema orientador e útil para a atuação do administrador” (Chiavenato, 2000 p. 396).

As necessidades humanas assumem formas e expressões variadas de acordo com o indivíduo. A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow se baseia nos seguintes aspectos:

Fisiológicas: constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Sono e repouso, alimentação (fome e sede), roupa, teto, o desejo sexual, etc. são necessidades que já nascem com o indivíduo. Quando todas as necessidades humanas estiverem insatisfeitas, o comportamento humano terá a finalidade de satisfazer a estas necessidades fisiológicas.

Segurança: é o segundo nível das necessidades humanas. São sensações de segurança ou de estabilidade. Sensação de sentir-se protegido, sensação de proteção à família, estabilidade no lar, no emprego, a fuga ao perigo, etc. Surgem no comportamento humano quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Estas necessidades têm grande importância no comportamento humano, uma vez que todo empregado está sempre em relação de dependência à organização a qual está trabalhando.

Sociais: sensações como as de aceitação, amizade, associação, de pertencer ao grupo, etc. quando estas necessidades não estão mais satisfeitas de forma suficiente, o indivíduo se torna resistente, antagônico e hostil com relação às pessoas que o cercam. A necessidade de dar e receber afeto são importantes forças motivadoras do comportamento humano;

Ego ou estima: estão relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e avalia. Envolvem auto apreciação, autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, independência e autonomia, reputação, etc. A satisfação destas necessidades conduz a sentimentos de valor, força, poder e utilidade. A sua frustração pode produzir sensação de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, por sua vez, podem levar ao desânimo ou a atividades compensatórias;

Auto Realização: são consideradas as necessidades mais elevadas e que estão no ápice da hierarquia. Estão relacionadas com a realização do próprio potencial, autodesenvolvimento, criatividade, auto expressão, etc. essa tendência se expressa através do impulso que o indivíduo tem para tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser.

Um trabalho posterior, de Frederick Herzberg, veio contribuir com o trabalho de Maslow. Ele classificou as necessidades em dois tipos, os quais denominou de fatores. Segundo este estudo, nem todas as necessidades são motivadoras, ou seja, algumas das necessidades, chamadas de fatores higiênicos, quando satisfeitas não causam motivação, no entanto, se não forem satisfeitas causam descontentamento e um sentimento de frustração. Mas há um outro grupo de necessidades que, por causarem motivação, são chamadas de fatores motivadores.

De acordo com o trabalho de Herzberg, as necessidades fisiológicas, segurança e social do modelo de Maslow causam pouca ou nenhuma motivação. Isto ainda hoje é bastante discutido no meio empresarial onde ainda se acredita que os funcionários trabalham somente pelos salários.

 

Os fatores higiênicos e motivacionais são independentes e não se vinculam entre si. Os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto da satisfação profissional não é a insatisfação, mas a ausência de satisfação profissional (Chiavenato, 2000, p. 398).

 

A teoria de Herzberg não quer dizer que os fatores higiênicos não são importantes, pelo contrário significa que os fatores higiênicos são necessários, mas não suficientes para manter a equipe motivada.

 

3 Resultados e Discussão

 

A psicanálise enfatiza que o Eu (Ego) se expandirá à medida que tomar ciência do real, como os eventos ocorrem (ou que dele mais se aproxime), que pode ser diferente da realidade interna de cada um. Ou seja, negar e fugir não soluciona, pode, tão somente, adiar o sofrimento.

A Psicanálise focaliza seus estudos e sua atenção nos aspectos familiares da formação do psiquismo humano a partir das chamadas experiências primitivas. Todo vínculo significativo do sujeito, sem exceção, têm um ponto de partida. Tal ponto pode constituir para ele um primeiro momento uma vez que, no plano de sua subjetividade, sobrevém algo de novo, ou seja, algo que não tinha sido inicialmente considerado.

A psicanálise apresenta uma visão topográfica e outra funcional. Pela primeira existem três zonas de funcionamento mental, o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. Existe também um processo de controle de intercâmbio entre elas chamado de censura.

Mesmo aquilo que é guardado no inconsciente obtém alguma exteriorização mascarada, seja através de sonhos, seja por atos ditos falhos ou por chistes e pilherias, seja mesmo por comportamentos que não se pode racionalmente explicar.

Funcionalmente apresentam-se três mecanismos. Denominados Isso, Eu e Supereu.

O Isso é a sede das pulsões. Pulsões é uma disposição para fazer uma determinada coisa ou agir de dada maneira, sem que para isto tenha havido aprendizado prévio.

A conceitualização das forças originárias do Isso (instintos e pulsões) se faz necessária. Assim:

 

Instinto é o esquema de comportamento herdado, próprio de uma espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro, que se desenrola segundo sequência temporal pouco suscetível de alterações e que parece corresponder a uma finalidade. É também um termo usado por certos autores psicanalíticos (franceses) como tradução ou equivalente do termo freudiano TRIEB, para o qual numa terminologia coerente, convém recorrer ao termo pulsão (Laplanche & Pontalis, 1998, p. 241).

 

Sob o aspecto psicológico é difícil a compreensão completa das pulsões. Elas se situam entre o biológico e o psicológico e podem ser estudados a partir destas duas óticas. Pode-se dizer que a pulsão é um fenômeno biológico que possui representante psíquico. Impulsos, tendências, desejos e fantasias inconscientes são os representantes psíquicos dos instintos. Estando estes representantes, afetiva e efetivamentente ligados entre si.

A Pulsão na Psicanálise é a tendência permanente e inconsciente, que dirige e incita a atividade do indivíduo. A pulsão é a representante psíquica de uma fonte contínua de excitação proveniente de fontes internas do organismo. Ela está situada entre o limiar do biológico e do mental.

Pulsão é o processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Sigmund Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a meta (Laplanche &Pontalis, 1998 p. 394).

 

A Libido é hoje compreendida como o direcionamento da energia em busca do prazer. Klein (1974) ensina que significa viver agradavelmente, o que nem sempre se consegue.

Segundo James e Jongerward (1986) criador da Análise Transacional, todo ser humano nasce com tudo que necessita para vencer na vida. Porem suas experiências desde o nascimento vão, muitas vezes moldando-o para se tornar um perdedor. Mas mesmo que tenha esta característica poderá refazer sua história de vida a partir do momento que toma consciência e decide por assumir o controle de si mesmo.

“Acredita-se que todo mundo – pelo menos em algumas fases de sua vida humana – tem a potencialidade de ser vencedor: ser uma pessoa de verdade, e viver como pessoa, e pessoa consciente” (James & Jongerward, 1986, p. 22).

Nunca antes o ser humano teve ao seu alcance tantas coisas. Praticamente tudo o que ele deseja está ao seu alcance. Para atingir um objetivo basta sonhar e ir atrás do sonho. Mas para poder realizá-lo deverá vencer muito mais as limitações e desafios internos do que externos. Precisará vencer medos, costumes, crenças, regras e principalmente, precisará se reeducar para poder buscar Qualidade de Vida. Num processo de busca das melhorias contínuas praticando sempre o kaizen, que é uma postura ou habilidade para pequenas e constantes melhorias.

É possível afirmar que as pessoas possuem os mais diversos tipos de objetivos, os quais podem ser abrangidos em sete áreas de atividades humanas, a saber: financeira, familiar, social, profissional, físico, espiritual e mental.

Desenvolver o hábito de estabelecer objetivos em base regular, para a organização e mesmo para a vida pessoal, é uma das principais atitudes que permite alcançá-los e pertencer ao grupo das pessoas realizadas, nos diversos ramos das relações humanas. Objetivos são alvos de longo prazo e contém apenas substância qualitativa.

Após definir os objetivos pessoais, se faz necessário estabelecer as metas. As metas também são alvos mas que serão definidas a curto e médio prazo e possuem substância quantitativa. Esta é a etapa perfeitamente quantificada e com prazos definidos (dia, mês e ano) para alcançar os desafios e objetivos. O planejamento através de metas nada mais é do que identificação clara e a descrição detalhada e precisa do objetivo a ser atingido.

Quando as metas pessoais são estabelecidas, acarretarão um processo de estímulo, pois através da definição clara de onde chegar e da importância deste evento, ocorrerá um aumento da motivação baseada em benefícios a receber e com isto a melhoria do desempenho.

Na elaboração das metas, se faz necessário que elas sejam estabelecidas em uma ordem de prioridade, pois através do processo de motivação, haverá uma transformação do esforço (comportamento) a ser despendido antes visto como um sacrifício (motivação de prejuízo a evitar), em investimento (motivação de benefício a receber), e com isto, mais uma vez acontecendo o processo conhecido como melhoria contínua (kaizen).

Para que haja a diferenciação entre um simples desejo (anseio, aspiração) e objetivo/meta (alvo a ser atingido), segundo os autores Colin, Heche, Mandelli e Uchôa (1996) do livro Iniciação em Desenvolvimento e Orientação Mental este último precisa possuir as seguintes características:

a)      Específico: o alvo precisa ser claro e definido detalhadamente;

b)      Relevante: o alvo precisa ser importante para o indivíduo, pois isso diminuirá as chances de desistência na medida que as dificuldades surgirem;

c)      Atingível: o alvo precisa estar dentro do sistema de crenças do indivíduo, caso contrário, ele se tornará inalcançável;

d)      Mensurável: medir sempre o alvo através do estabelecimento de uma data limite para que o mesmo seja alcançado, pois caso contrário, haverá a possibilidade do processo de procrastinação;

e)      Prioridade: o estabelecimento da ordem de importância ajudará o desenvolvimento da automotivação;

f)       Escrito: ao colocar-se no papel dará a primeira existência concreta para uma ideia, um sonho, e mesmo um alvo.

 

O conceito básico de estratégia está relacionado à ligação da organização/indivíduo ao seu ambiente. Nesta situação, busca-se definir e operacionalizar estratégias que maximizam os resultados da interação estabelecida. A estratégia representa o caminho escolhido pela pessoa (ou organização) para enfrentar as turbulências externas e aproveitar os recursos da melhor maneira possível. Quanto maior a mudança ambiental, tanto mais necessária é a ação estratégica, desde que ágil e flexível, para aglutinar e permitir a adoção rápida de novos rumos e novas saídas.

A estratégia deverá ser sempre uma opção inteligente, econômica e viável. E, sempre que possível original, pois dessa forma, constitui-se na melhor arma de que pode dispor um indivíduo para otimizar o uso de seus recursos, tornar-se altamente competitivo, reduzir seus problemas e otimizar a exploração das possíveis oportunidades que irão surgir no seu caminho.

A estratégia é sempre uma tentativa de equilibrar habilidades e recursos do indivíduo com as oportunidades encontradas no ambiente externo. É necessário que ela funcione como um programa global para a consecução dos objetivos. Tem como ponto de partida os objetivos, a missão e a visão que se pretende realizar, sendo balizada por dois tipos de análise.

De um lado, a análise ambiental que irá verificar e analisar as oportunidades a serem aproveitadas e as ameaças que precisarão ser neutralizadas e/ou evitadas. Trata-se de um mapeamento ambiental para saber o que há no entorno.

De outro lado, a análise organizacional/pessoal, com a finalidade de verificar e analisar os pontos fortes e fracos do indivíduo. Trata-se de um levantamento das habilidades e capacidades que precisam ser corrigidas ou melhoradas. É um levantamento interno para saber qual é a vocação do indivíduo e no que poderá ser mais eficiente e eficaz.

Além disso, a estratégia pessoal tem os seus desdobramentos, pois reflete o modo pelo qual o indivíduo procura maximizar as forças reais e seus potenciais de melhor maneira possível e minimizar as suas fraquezas reais. Pode-se perceber claramente a importância da estipulação da visão, da missão, dos objetivos e das estratégias, sejam organizacionais ou pessoais.

Para o indivíduo estar mais perto da sensação de realização plena, ou aquilo que Maslow chama de auto realização, algo mais prioritário deve ser refletido preliminarmente: um projeto de vida. Infelizmente, pouquíssimas pessoas dão atenção a esse assunto.

Um projeto de vida permite que objetivos sejam estabelecidos e que estratégias sejam traçadas. Permite que haja coordenação dos recursos disponíveis e que se produza controle sobre a maioria dos fatores externos e internos e, acima de tudo, que os objetivos sejam alcançados, ocorrendo assim um verdadeiro gerenciamento da Qualidade de Vida do indivíduo.

Para estabelecer-se um roteiro com finalidade de elaborar um plano pessoal, se faz necessário observar as três fases essenciais a este:

A primeira fase será uma reflexão sobre a vida. Perguntas como: O que estou fazendo? Onde estou? Será que estou no caminho certo? Estou feliz com minha vida? Que significa ser feliz? Estes questionamentos permitem a realização de um diagnóstico geral da vida do indivíduo. Sendo este necessário porque segundo uma máxima popular aquele que não sabe onde está, não saberá para onde ir.

A segunda fase deverá levar o indivíduo a estabelecer uma visão de futuro a longo prazo (mais de dez anos), algo que permita vislumbrar uma condição futura para si em intervalo de tempo determinado. Essa visão deve ser algo que gere plena satisfação e estar intimamente ligada aos seus sonhos e a sua vocação.

A terceira fase constitui-se no momento da necessidade em estipular os objetivos pessoais, o que será preciso ter ou mesmo conseguir, para alcançá-los e concretizá-los. Os objetivos deverão ser revisados constantemente. Deverão ser flexíveis, pois as prioridades pessoais podem mudar.

Para tornar o processo de Planejamento Estratégico Pessoal algo factível, se torna necessário a utilização de um método. Segundo a definição encontrada no dicionário Aurélio diz que método é “Caminho pelo qual se atinge um objetivo”. A seguir serão apresentados nove passos que se constituirão em um método para o desenvolvimento do ciclo PDCA na vida pessoal:

O primeiro passo do processo é definir objetivos de vida em cada uma das sete áreas de atuação humana, a saber: profissional, familiar, social, financeira, física (orgânica), mental (emoções, hábitos e comportamentos) e espiritual (sistemas de valores).

O segundo passo é estabelecer prioridade entre as áreas. Qual delas é a mais importante ou mesmo a mais necessária, e que pela urgência, precisará de um trabalho com maior dedicação. O terceiro passo consiste em listar comportamentos e recursos já possuídos e que serão auxiliares na efetivação dos objetivos. Este passo tem como principal finalidade, servir de alavanca para as motivações do indivíduo.

No quarto passo será feito um levantamento dos comportamentos necessários para atingir os objetivos e que o indivíduo ainda não possui. Este passo do processo se transformará nas metas, pelas quais serão atingidos os objetivos finais.

No quinto passo, serão listados benefícios e vantagens que o indivíduo terá ao adquirir os comportamentos (metas) listados no passo anterior. Isto reforçará ainda mais o processo de motivação baseado em benéficos a receber.

No sexto passo será realizado um levantamento dos recursos, fora os comportamentos, necessários para atingir as metas. Estes recursos poderão ser financeiros, tempo, autoestima, parcerias, informações (know-why), conhecimentos (know-how), etc. Neste passo haverá dois subitens, o primeiro será a definição como estes recursos serão utilizados para alcançar cada uma das metas. O segundo, consiste no estabelecimento do modo como serão obtidos cada um dos recursos levantados anteriormente.

O sétimo passo consiste em escolher um parâmetro concreto para comprovar o atingir da meta e o estabelecimento de uma data (dia, mês e ano) limite para a consecução do alvo (meta). Este passo refere-se à fase de controle do ciclo PDCA.

O oitavo passo do processo, consiste na elaboração de uma lista de causas que poderão impedir o indivíduo de atingir o objetivo (perceber que neste passo, volta-se a trabalhar com o objetivo). Esta lista será dívida em duas origens de causas, as internas (aquelas que dependem exclusivamente do indivíduo) e as externas (aquelas que não dependem do indivíduo, mas sim do ambiente ou de pessoas que o circundam, ou ainda, mesmo aqueles/aquelas que são parte dos objetivos).

O nono passo, o derradeiro, constitui-se na elaboração de estratégias que estarão baseadas no passo anterior e que também estarão divididas em cinco subitens. O primeiro é elaborar ações que possam neutralizar as causas que venham impedir o atingir dos objetivos. O segundo é elaborar um plano para implementar as ações. O terceiro é determinar, se necessário, uma pessoa de apoio para ajudar, por exemplo, um assessor financeiro, um psicanalista, um engenheiro, etc. O quarto refere-se à elaboração de uma lista de recursos necessários para que as ações sejam implementadas (a semelhança do visto no sexto passo). E finalmente o quinto, vindo ser o estabelecimento de uma data (dia, mês e ano) para que as ações sejam implementadas.

Estes passos serão o início do processo de Planejamento Estratégico Pessoal, pois assim como todo ato administrativo ou gerencial requer uma dose de criatividade pessoal. O método apresentado também deverá ser adaptado por cada indivíduo que o venha usar. Afinal viver não é apenas uma arte, mas também uma ciência, pois tem princípios gerais que precisam ser observados para que venham ao lado das habilidades humanas se constituírem em fator de melhoria da Qualidade de Vida.

 

4 Conclusão

 

No Ocidente, e principalmente no Brasil, as técnicas que envolvem comportamentos coletivos só são bem-sucedidas quando cada pessoa é preparada antecipadamente para atitudes coletivas, uma vez que nos Países Orientais (Japão, Coréia do Sul, China, etc.) as pessoas apresentam cultura voltada para o coletivismo. A qualidade individual é a base de todas as qualidades. Como decorrência dos processos de busca da Qualidade de Vida por cada pessoa terá como resultado o desenvolvimento da Qualidade Total dentro da organização.

Nada pode ser conseguido se as pessoas não mudarem seus paradigmas (sistemas de crenças) e todos, primeiro individualmente e logo em conjunto, melhorarem e passarem a praticar e viver dentro da Excelência da Qualidade, mais precisamente a filosofia Kaizen.

Nas organizações a Qualidade pode ser traduzida de várias formas: adequação para o uso, conformidade a requisitos, ausência de variação, etc., enfim, conceitos que nos remetem à necessidade de satisfação do cliente, necessidade esta que deve ser o objetivo principal da empresa.

Como pode-se notar neste contexto, a Qualidade Total vem justamente permitir que se tenha visão sistêmica da organização e de todos os seus processos, fazendo, com isto, que se direcione os esforços para obter-se a satisfação dos clientes. Deste modo podemos afirmar que uma pessoa, para atingir seus objetivos e alcançar a sensação de realização, deve perceber sua vida como um todo, sem deixar de lado os diferentes aspectos que integram sua essência, sejam profissionais, emocionais, físicos, financeiros, sociais, familiares, mentais e espirituais.

Já o processo de elaboração de um Planejamento Estratégico com todos os seus elementos, visa minimizar as ameaças que as mudanças rápidas e a cultura pós-moderna representam na vida física-emocional-espiritual do indivíduo e ao mesmo tempo, maximizar as oportunidades que estas mesmas mudanças venham representar.

Este Planejamento ajudará a manter um gerenciamento e por consequência um maior controle sobre a própria vida. Hoje em dia, o moderno conceito de saúde vai muito além da ausência de doenças. Engloba aspectos como o bem-estar físico, social, intelectual, emocional, espiritual e profissional, que devem ser avaliados individual e periodicamente. Isso fornece uma noção da extensão e complexidade do processo de viver a vida com Qualidade.

A busca por nos tornarmos pessoas felizes faz que cada dia seja mais um capítulo do livro que contará nossa história para as gerações futuras. Viver é participar, por isto temos a certeza de que cada dia propiciará escrever um capítulo desta história de forma ativa e consciente e não apenas sobrevivendo um dia após o outro.

Que as nossas histórias possam servir de incentivo, modelo e esperança para aqueles que nos seguem.

 

Referências

 

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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A Gênese do Aparelho Mental e as Fantasias

Artigo científico escrito e publicado na Revista Imperium da Emil Brunner World University - Flórida USA



Resumo

 

É encontrado na atualidade, um número cada vez maior de terapeutas que defendem a terapia de família ou de casal, sob o ponto de vista holístico, que abrange uma compreensão psicanalítica com outra sistêmica e outra cognitiva. Este trabalho tem como objetivo abordar a teoria psicanalítica da Gênese do Aparelho Mental, das Fantasias e suas implicações na terapia de casal. Parte-se da análise da gênese do aparelho mental analisado com suporte teórico em de Sigmund Freud e Melaine Klein, enfoca-se os instintos e as pulsões humanas. Enfatiza-se ainda o papel das fantasias no primeiro momento do encontro amoroso, procurando estruturá-lo a partir das fantasias inconscientes do bebê e da fusão narcísica inicial da criança e sua mãe. São abordados também: o desenvolvimento libidinal, as posições (estruturas) definitivas da organização da personalidade humana, os complexos de Édipo e Castração, todos assuntos que são base teórica para a compreensão dos vínculos que se formam entre sujeitos que decidem iniciar uma nova família. A metodologia utilizada neste trabalho foi a bibliográfica. Pode-se concluir que parte das mulheres, a vontade de ser protegida e ter filhos é um exercício desde menina. Quando cresce aspira a ser protegida pelo marido. Para os moços, a expectativa é ser acolhido num ninho de compreensão e amor. Acredita poder realizar todos os sonhos levantados nas brincadeiras de casinha. Com isto ocorre aqui um grande choque entre sonhos e realidade. Os ideais muitas vezes acabam atrapalhando o entendimento do casal.

 

Palavras-chave: Abordagem Psicanalítica; Aparelho Mental; Fantasias; Terapia de casal.

 

1 Introdução

 

Há milhares de anos se discute sobre o amor e o casal. Estes temas sempre foram explicitados em livros, músicas e nas artes. Os tempos atuais colocam no centro das discussões a família, casamentos heteroafetivos e homoafetivos, divórcios, recasamentos, com isto a família dentro dos modelos tradicionais praticamente se existe mais. Apregoasse aos quatro ventos que a família está em crise.

Um dos campos mais promissores da psicoterapia é aquele que tem a família como objeto de estudos. Hoje existe uma substanciosa literatura referente essa temática, provinda de distintas correntes da Sociologia, da Psicologia, da Psicanálise e outras, com os respectivos seguidores denominados os terapeutas de família. Nas correntes psicologica e psicanalítica têm-se o Modelo Sistêmico, a Terapia Familiar Estrutural, a Terapia Estratégica Breve o Grupo De Milão e a Abordagem Psicanalítica. Não é o objeto deste trabalho esmiuçá-las, mas sim de aprofundar a abordagem psicanalítica no seu aspecto vincular. Especificamente as ligações que se estabelecem entre um homem e uma mulher numa relação conjugal.

Cada uma das correntes mencionadas segue os seus próprios referenciais teóricos e técnicos, com abordagem técnicas e táticas bastante distintas entre si. Os princípios psicanalíticos estão mais dirigidos aos diversificados tipos de conflito que procedem do inconsciente dos indivíduos e dos grupos. Os sistêmicos, por sua vez, privilegiam o funcionamento de um casal ou família, sob o enfoque de um sistema, e isto é, esses terapeutas trabalham um nível mais próprio do consciente e ficam mais voltados para permanente interação que sempre existe entre todos os integrantes de uma família, com uma determinada ocupação de lugares e de papéis, por parte de cada um deles, de sorte que cada um influencia e é influenciado pelos demais.

A psicanálise, como sendo uma forma de reflexão e prática, tenta compreender e estabelecer a maneira como se opera esta díade homem-mulher, fundamentada na interação de desejos e necessidades de cada um dos parceiros. Entra em cena para esclarecer o que está por trás dos ornamentos do imaginário.

Este trabalho visa basicamente abordar certos elementos que podem ser encontrados no decorrer da prática clínica psicoterápica de casais de base psicanalítica. Nele pretende-se identificar e discutir alguns aspectos específicos à dinâmica do casal, pelo qual inicia-se uma família.

A proposta deste estudo vai além da tentativa de dissertar sobre o encontro amoroso, vai dizer da possibilidade ou da impossibilidade de manutenção deste primeiro momento, desta ilusão de completude, deste amor esférico. Propõe-se aqui, pensar na díade sujeito-sujeito e no amor. Para tanto, o estudo irá direcionar-se para o questionamento do que possibilita o encontro amoroso e inferir sobre o que desencadeia o desencontro.

Este trabalho tem como objetivo abordar a psicanalítica da gênese do Aparelho Mental, das Fantasias na terapia de casal

O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa e descritiva, no qual foi realizada uma consulta à livros, dissertações e por artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes base de dados (livros, sites de banco de dados, etc.) “Biblioteca da FGV”, “Google acadêmico” e “Scielo”.

 

2 A gênese do aparelho mental

 

O sujeito não pode ser considerado como um produto exclusivo de seu meio, tal como um aglomerado dos reflexos condicionados pela cultura que o rodeia e despido de qualquer inspiração mais nobre de sentimentos e vontade própria. Não pode, tampouco, ser considerado um punhado de genes, resultando numa máquina programada a agir desta ou daquela maneira, conforme teriam agido exatamente os seus ascendentes biológicos. Se assim fosse, passaria pela vida incólume aos diversos efeitos de suas vivências pessoais. Sensatamente, o sujeito não deve ser considerado nem exclusivamente ambiente, nem exclusivamente herança, antes disso, uma combinação destes dois elementos em proporções completamente insuspeitadas.

Para a fundamentação deste trabalho será usada parte da teoria de Sigmund Freud, por ser, além de básica, também considerada a mais ampla e profunda. Também serão abordadas partes das teorias de alguns seguidores, principalmente Melaine Klein, que se destacou pela análise de crianças e W. Bion, renomado cientista do psiquismo de grupos.

 

As ações e opiniões conscientemente expressas são, em geral, suficientes para a finalidade prática de julgar o caráter dos homens. As ações merecem serem consideradas antes e acima de tudo, pois muitos impulsos que irrompem na consciência são ainda reduzidos a nada pelas forças reais da vida anímica, antes de amadurecerem sob a forma de atos. Com efeito, tais impulsos muitas vezes não encontram nenhum obstáculo psíquico a seu progresso, exatamente porque o inconsciente tem certeza de que serão detidos em alguma outra etapa. De qualquer modo, é instrutivo tomar conhecimento do terreno tão revolvido de onde brotam orgulhosamente nossas virtudes. É muito raro a complexidade de um caráter humano, impelida de um lado para outro por forças dinâmicas, submeter-se a uma escolha entre alternativas simples, como levaria a crer nossa doutrina moral antiquada (Freud, 1987, p. 25).

 

Existe entre a grande maioria dos estudiosos da gênese da mente humana, a concordância que no processo de constituição do sujeito participam dois aspectos desiguais: o primeiro está baseado nos vínculo de parentesco que definem uma família e compreende o casal de tipo conjugal, constituído pelos que se tornarão os pais, assim como os filhos, os irmãos e outros parentes significativos (cultura); O segundo é formado pelas relações sociais e extrafamiliares, relações singulares ou gerais e indistintas que são as raízes inconscientes da pertença social, da ideologia, dos valores decorrentes da posição social e econômica, cujos significados traspassam o EU e a família.

Ao longo de todo século vinte, vários pontos desenvolvidos pela Psicanálise foram comprovados, entre eles que o psiquismo tem a capacidade de registrar as inscrições pertinentes às experiências de relações significativas, quer estas sejam precoces, remontando à infância, ou mais tardias, datando da adolescência, e que se refletiram na constituição do casal, da família, dos laços amorosos e outros. Todas essas experiências primitivas correspondem ao momento inaugural ou um ponto a partir do qual o Eu, através desse vínculo, adquire como sujeito uma qualidade que não tinha antes.

Durante mais de cem anos de pratica clínica individual, a Psicanálise tem se caracterizado pelo estudo das representações e dos afetos governados pela diretriz do principio do prazer, dos derivados e dos vestígios e inscrições das experiências precoces, aquelas mesmas que imprimiram suas marcas no aparelho psíquico e contribuíram para a construção do mundo interno deste indivíduo.

O Eu, mesmo imaturo, é exposto à ansiedade provocada pela polaridade inata dos instintos de vida e de morte. Para fazer frente a esta ansiedade persecutória, lança mão de defesas primitivas, a negação, a divisão (spliting), a projeção e a introjeção. Estas defesas são ativas mesmo antes do surgimento do recalque.

Melaine Klein viu que “as crianças pequenas, incitadas pela ansiedade, estavam constantemente tentando dividir (split) seus objetos e seus sentimentos, e tentando reter sentimentos bons e introjetar objetos bons, ao passo que expeliam objetos maus e projetavam sentimentos maus” ( SEGAL,1975, p.36).

O Eu durante seu desenvolvimento trabalha dentro de duas estruturas, também chamadas posições, termo este introduzido por Melaine Klein. Estas posições mostram um conjunto de fenômenos mentais como: o tipo de ansiedade predominante; os mecanismos de defesa utilizados para dominar esta mesma ansiedade; as pulsões em jogo; as características dos objetos que estão contidos neste conjunto; as fantasias psíquicas; os pensamentos e sentimentos do sujeito. Todos estes fenômenos fazem parte de um processo único no qual nenhum deles pode ser considerado de forma independente dos outros.

O SUPEREU é a integração das forças repressivas que o indivíduo  encontra no decurso de seu desenvolvimento, isto é, sua criação se realiza a partir das pressões da sociedade. O SUPEREU é o responsável pelo desenvolvimento da consciência moral, da auto-observação, da formação dos ideais, etc.

A atividade do SUPEREU se manifesta de várias maneiras, a fim de poder reger as atividades do EU. A atividade do SUPEREU também se evidencia nos conflitos com o EU, principalmente na de dar origem, dentro do EU, do sentimento de culpa, de remorso, ou a um desejo de penitenciar-se ou de fazer reparação.

O SUPEREU é formado a partir da identificação da criança com o genitor do mesmo sexo, o que ocorre ao solucionar-se o complexo de Édipo. É o momento em que o indivíduo integra à sua personalidade aquilo que crê sejam os princípios básicos e ideais dos seus pais. É nesse momento, que se desenvolve um autocontrole, que será o substituto do controle parental. O sujeito só se torna socialmente responsável pela força do SUPEREU.

 

2.1 Complexo de Édipo

 

Dada à importância deste processo na estruturação da personalidade do sujeito e consequentemente na compreensão das buscas inconscientes no processo de apaixonamento é necessário definir o complexo de Édipo.

 

Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a sua forma dita positiva, o complexo de Édipo apresenta-se na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo. Segundo Sigmund Freud, o apogeu do complexo de Édipo é vivido entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. É revivido na puberdade e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal eixo de referência da psicopatologia; para cada tipo patológico eles procuram determinar as formas particulares da sua posição e da sua solução. A antropologia psicanalítica procura encontrar a estrutura triangular do complexo de Édipo, afirmando a sua universalidade nas culturas mais diversas, e não apenas naquelas em que predomina a família conjugal” (Laplanche & Pontalis 1998, p. 77).

 

Assim, o complexo de Édipo é uma configuração psíquica que surge num certo período de desenvolvimento da criança e, posteriormente, diminui. Esta fase possui várias formas, que quando estudadas profundamente, são derivadas de duas principais. O complexo de Édipo clássico e o complexo de Édipo invertido. Na forma invertida ocorre o desenvolvimento do ódio pela mãe e amor pelo pai.

No modelo dito clássico, o menino se identifica com o pai, logo passa a desejar o amor da mãe; esta lhe é “proibida”, não tanto como objeto sexual, mas como figura portadora de amor condicional, ou seja, aquela cuja posse afetiva, daria ao menino todos os poderes, tornando-o privilegiado, isento de limites e alguém não sujeito à jurisdição das leis. O menino encara a mãe como sua propriedade, procurando tornar-se sujeito absoluto, expulsando o pai de seu lugar junto à figura materna. Porém fracassa porque ninguém pode ser tudo para outro sujeito, e um dia descobre que ela (a mãe) transferiu seu amor e sua solicitude para um outro homem (o marido da mãe).

 

A reflexão deve aprofundar nosso senso da importância dessas influências, porque ela enfatizará o fato de serem inevitáveis experiências aflitivas desse tipo, que agem em oposição ao conteúdo do complexo. Mesmo não ocorrendo nenhum acontecimento especial tal como os que mencionamos como exemplos, a ausência da satisfação esperada, a negação continuada do bebê desejado, devem, ao final, levar o pequeno amante a voltar as costas ao seu anseio sem esperança. Assim, o complexo de Édipo se encaminharia para a destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua impossibilidade interna (Freud, 1997, p. 37).

 

Nas meninas, segundo Freud (1924), o complexo de Édipo possui um problema a mais do que os meninos. A menina considera-se como o objeto que seu pai ama acima de tudo o mais. Segundo os estudos elaborados, em ambos os casos, a mãe é o objeto original da criança, mas a menina deve transferir este processo para o pai. Isto ocorre através da percepção que ela não possui um pênis  e deseja tê-lo.

Freud (1925, p. 283) diz em seus escritos:

 

Nas meninas, o complexo de Édipo levanta um problema a mais que nos meninos. Em ambos os casos, a mãe é o objeto original, e não constitui causa de surpresa que os meninos retenham esse objeto no complexo de Édipo. Como ocorre, então, que as meninas o abandonem e, ao invés, tomem o pai como objeto? Perseguindo essa questão pude chegar a algumas conclusões capazes de lançar luz exatamente sobre a pré-história da relação edipiana nas meninas.

 

O desenvolvimento da eleição de objeto pela menina é algo diferente, pois nela o complexo de castração vem antes do complexo de Édipo. O medo da castração é substituído pela inveja do pênis, o que resulta num afastamento da mãe, que também não possui um, e numa aproximação com o pai que o possui.

 

2.2 Complexo de castração

 

O conceito de castração em Psicanálise designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos cinco anos de idade, e decisiva para a absorção de sua futura identidade sexual. Além de ser o caminho para a solução de importante fase da vida do indivíduo, que é o complexo de Édipo, a castração também é decisiva no estabelecimento de algumas perversões.

 

Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que é a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina. A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em respostas às suas atividades sexuais, surgindo daí intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar (Laplanche & Pontalis, 1998, p. 73).

 

O menino supera o complexo de Édipo através do complexo de castração, enquanto a menina desenvolve o complexo de Édipo por causa do complexo de castração. O menino enfrenta a fase da castração com resistência ativa e destruição do complexo de Édipo, enquanto a menina torna-se passiva, aceita a perda do pênis e desenvolve o complexo de Édipo. O aspecto essencial dessa experiência consiste no fato de que, pela primeira vez, a criança reconhece, ao preço da angústia, a diferença anatômica entre os sexos.

Na menina, o complexo de castração organiza-se de maneira muito diferente do desenvolto na criança do sexo masculino, a despeito de dois traços comuns. O ponto de partida de ambos a princípio é semelhante; num primeiro estágio, que identificaremos como anterior ao complexo de castração, os meninos e as meninas sustentam, indistintamente, a ficção que atribui um pênis a todos os sujeitos. O segundo traço comum refere-se à importância do papel da mãe. A mãe, mesmo com todas as variações da experiência masculina e feminina da castração, continua a ser personagem principal até o momento em que o menino se separa dela – com angústia e a menina – com ódio. Quer seja marcado pela ansiedade ou marcado pelo ódio, o acontecimento principal do complexo de castração é, sem sombra de dúvida, a separação entre a criança e a mãe, no exato momento em que a primeira (a menina) a descobre (a mãe) castrada. Nunca é demais enfatizar que estes afetos são sentidos ao nível inconsciente, e são sentidos de uma forma difusa e ambivalente.

Embora a menina jamais deixe de estar ligada afetivamente ao pai e várias escolhem maridos parecidos com os pais, quando adulta ansiar por um filho. É  neste particular que a mulher pode chegar à plenitude da sua feminilidade superando o complexo de castração.

 

Agora, porém, sua aceitação da possibilidade de castração, seu reconhecimento de que as mulheres eram castradas, punha fim às duas maneiras possíveis de obter satisfação do complexo de Édipo, de vez que ambas acarretavam a perda de seu pênis — a masculina como uma punição resultante e a feminina como precondição. Se a satisfação do amor no campo do complexo de Édipo deve custar à criança o pênis, está fadado a surgir um conflito entre seu interesse narcísico nessa parte de seu corpo e a catexia libidinal de seus objetos parentais. Nesse conflito, triunfa normalmente a primeira dessas forças: o ego da criança volta as costas ao complexo de Édipo (Freud, 1925, p. 280).

 

A Psicanálise focaliza seus estudos e sua atenção nos aspectos familiares da formação do psiquismo humano a partir das chamadas experiências primitivas. Todos vínculos significativos do sujeito, sem exceção, têm um ponto de partida. Tal ponto pode constituir para ele um primeiro momento uma vez que, no plano de sua subjetividade, sobrevém algo de novo, ou seja, algo que não tinha sido inicialmente considerado. A partir do momento e na medida em que essa experiência deixa vestígios, o Eu, que é o sujeito do vínculo, inscreve nele algo que não existia antes e que o modifica. Torna-se um sujeito outro, o que não estava previsto na origem.

 

2.3 Instintos e pulsões e suas diferenças

 

A conceitualização das forças originárias do ISSO, as pulsões, fazem-se necessárias. Assim:

 

Instinto é o esquema de comportamento herdado, próprio de uma espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro, que se desenrola segundo seqüência temporal pouco suscetível de alterações e que parece corresponder a uma finalidade. É também um termo usado por certos autores psicanalíticos (franceses) como tradução ou equivalente do termo freudiano TRIEB, para o qual numa terminologia coerente, convém recorrer ao termo pulsão (Laplanche & Pontalis, 1998, p. 241).

 

Sob o aspecto psicológico é difícil a compreensão completa das pulsões. Elas se situam entre o biológico e o psicológico e podem ser estudados a partir destas duas óticas. Pode-se dizer que a pulsão é um fenômeno biológico que  possui representante psíquico. Impulsos, tendências, desejos e fantasias inconscientes são os representantes psíquicos dos instintos. Estando estes representantes, afetiva e efetivamentente ligados entre si. As pulsões tem como base os instintos (programas biológicos) que são “pervertidos” pela capacidade da fala. Aqui o termo perversão não possui o sentindo pejorativo, mas sim o sentido de mudança, desfiguração ou descaracterização. Em todos os mamíferos (exceto o humano) existem dois instintos que são os de sobrevivência (indivíduo) e o sexual (espécie) que possuem objetos fixos para serem satisfeitos. Os instintos sexuais desencadeiam uma incoercível tendência à união com outro indivíduo, que acaba na criação de mais outro indivíduo. O instinto sexual na espécie animal somente se manifesta quando a fêmea da espécie está no cio. Após a satisfação do instinto, o sujeito se afasta dos objetivos e necessidades e tende ao repouso

Já uma pulsão causa tensões no sistema nervoso central que se propaga pelo organismo como um todo. Ela é de um caráter urgente e irresistível e se renova constantemente. A pulsão representa um estímulo biológico que impele o organismo a ter certas reações.

Em relação a estas reações, têm-se duas origens dos estímulos, uma externa e outra interna. A reação a um estímulo exterior é simples e objetiva, ou ele é aceito e assimilado ou ele é rejeitado através de defesa ou de fuga. Entretanto, quando o estímulo é interior (caso da pulsão) a defesa ou a fuga não são possíveis. A reação mais simples e primitiva a um estímulo é a de desenvolver uma atividade que leva a satisfação do mesmo e que a Psicanálise chama de GOZO.

As pulsões de vida desencadeiam uma incoercível tendência à busca do prazer e fuga do desprazer. A satisfação das pulsões de vida causa estado de prazer. A satisfação de uma pulsão de vida é sempre agradável. (S. Freud In A Repressão)

As pulsões de morte comportam o desejo de retorno ao estado inorgânico, contrapondo-se às pulsões de vida e são de difícil observação, que se faz através de seus representantes, quando são encontrados sujeitos empenhados em processos de autodestruição.

São também representantes dessas pulsões (de morte), as atitudes dita religiosas fanáticas, como autoflagelação, automutilação, além do suicídio, a busca incessante do fracasso, da infelicidade, das situações de risco, etc...

A pulsão de morte é notado no bebê que “devora” o seio materno, na tentativa de incorporá-lo a si; aliás, ele faz o mesmo com partes de seu corpo que são sugadas com avidez. Sigmund Freud denomina esta tendência destrutiva profunda como masoquismo primário. Todo o bebê é assim portador de um narcisismo primário e de um masoquismo primário que se contrapõem.

A pulsão na Psicanálise é a tendência permanente, e em geral inconsciente, que dirige e incita a atividade do sujeito. As pulsões se desdobram em complexos de representações inconscientes que organizam a sexualidade humana e também, funções corporais que não são normalmente consideradas sexuais, como por exemplo, as condutas orais e de excreção. A pulsão é a representante psíquica de uma fonte contínua de excitação proveniente de fontes internas do organismo. Ela está situada entre o limiar do biológico e do mental.

 

Pulsão é o processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Sigmund Freud , uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a meta (Laplanche &Pontalis, 1998 p. 394).

 

As pulsações parciais se distinguem por suas fontes somáticas. A pulsão se origina em um órgão que é a sede de uma excitação especificamente sexual que é chamado de “zona erógena”. Essa zona erógena de onde provém a pulsão parcial se comporta como um aparelho sexual secundário, podendo usurpar as funções do próprio aparelho genital. As zonas erógenas são: ORAL: alimentos, beijar, chupar, sugar,etc.;  ANAL: apegos a determinados objetos, compulsões por ter “coisas”, etc.; ESCÓPICA: pinturas, esculturas, beleza, corpo, seios, pés, etc.; VOZ: música, sons.

Para Freud, em principio, a pulsão sexual não visa, portanto a servir a genitalidade e a reprodução. Seu alvo na infância e também depois é obter uma certa satisfação que é qualificada, a propósito das perversões ou da pulsão sublimada, pelo termo “gozo”.

A definição de pulsão sexual descrita abaixo dá uma visão globalizante desta intrigante e intrigada carga energética que nos faz tender para um objetivo denominada por Freud de LIBIDO.

De acordo com a fixação da libido nas diversas fases do desenvolvimento humano, divide-se em fase oral, anal e fálica o período pré-genital do desenvolvimento psicossexual do individuo. A oral constitui-se na primeira fase desenvolvida pelo ser humano quando  fora do útero materno, e está relacionada com o a autopreservação.

 

Primeira fase da evolução libidinal, em que o prazer sexual está predominantemente ligado à excitação da cavidade bucal e dos lábios. A atividade de nutrição fornece as significações eletivas pelas quais se exprime e se organiza a relação de objeto; por exemplo a relação de amor com a mãe será marcada pelas relações seguintes: comer e ser comido. Abraham propôs subdividir-se esta fase em duas atividades diferentes. Sucção (fase oral precoce) e mordedura (fase oral-sádica) (Laplanche & Pontalis, 1998, p. 184).

 

Imediatamente após o nascimento, a criança mantém-se totalmente alheia ao mundo exterior; considera-se o centro do mundo, para aprender, mais tarde, que o seio não lhe pertence e que pode ser removido sem o seu consentimento. Sua ligação será feita através da percepção da sensação de saciedade de suas pulsões com o seio materno, primeiro objeto fora de si mesmo (narcisista) que é percebido. Nesta fase, o interesse primário do indivíduo está concentrado na sua boca e o que ela pode realizar, o que instintivamente faz com que ele leve tudo à boca.

 

É obviamente tratado como parte de seu próprio corpo, representando o primeiro “presente”: ao desfazer-se dele, a criaturinha pode exprimir sua docilidade perante o meio que a cerca, e ao recusá-lo, sua obstinação. Do sentido de “presente”, esse conteúdo passa mais tarde ao de “bebê”, que, segundo uma das teorias sexuais infantis, é adquirido pela comida e nasce pelo intestino. A retenção da massa fecal, a princípio intencionalmente praticada para tirar proveito da estimulação como que masturbatória da zona anal, ou para ser empregada na relação com as pessoas que cuidam da criança, é, aliás, uma das raízes da constipação tão freqüente nos neuropatas (Freud, 1987, p. 79).

 

Nas relações objetais (amorosas inclusive), são encontrados efeitos importantes desta fase como, por exemplo, a semente da complexa expressão sadomasoquista quer no nível relacional (dominação-submissão) quer da estruturação da pessoa (autopunição e prazer sádico).

 

2.4 Fantasia

 

“São chamadas normalmente fantasias, ceninhas, historias que se contam, seqüências imaginadas com múltiplas variações das quais se é o herói.” (Desprats-Péquignot, 1994, p. 63).

A presença da fantasia, tal como a concebe a Psicanálise, é inerente à vida psíquica do indivíduo, pois como pode ser observado durante o estudo do sistema inconsciente, sua caracterização ocorre pelo processo primário de pensamento, o investimento libidinal passa de uma representação a outra tentando reencontrar as satisfações perdidas das primeiras experiências.

Segundo Freud (1987) após a introdução do Princípio da Realidade apenas uma espécie de atividade do pensamento permanece livre do teste da realidade, é a atividade do fantasiar.(os dois princípios do funcionamento mental). Segal (1975) afirma que a fantasia é uma das maneiras de capacitar o Eu a sustentar  a tensão sem uma descarga do sistema motor imediata.

Como expressão típica do sistema inconsciente a fantasia inconsciente sempre opera, em algum nível, com os objetos primários e com essa porção da libido insatisfeita que voltou a se carregar por via regressiva. Para o inconsciente não existe diferença se uma experiência é real ou não (fantasia). Para ele uma fantasia sempre se constituirá numa experiência.

 

Roteiro imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e, em ultima análise, de um desejo inconsciente. A fantasia apresenta-se sob diversas modalidades: fantasias consciente ou sonhos diurnos; fantasias inconsciente como as que a análise revela, como estruturas subjacentes a um conteúdo manifesto; fantasias originais (Laplanche &Pontalis, 1998, p. 169).

 

As fantasias são numerosas e sujeitas a variações pessoais conforme os acontecimentos reais que lhe deram sustentação. Existem fantasias típicas com as quais o indivíduo, de acordo com sua predisposição, reage a certas experiências. Também existem fantasias para as quais não existe experiência real que lhes dê base. E são chamadas de fantasias primordiais.

As fantasias surgem onde falta uma satisfação real; se uma necessidade do sujeito não for satisfeita por uma experiência real, abre-se o espaço para o surgimento da fantasia. Este surgimento não ocorre aleatoriamente, é sempre determinado através da correspondência à fase de desenvolvimento libidinal na ocasião. Cada fase libidinal possui seu próprio meio de expressão, uma linguagem característica e especifica.

 

3 Resultados e Discussões

 

O ponto de partida do desenvolvimento psíquico é o estado de indiferenciação que o bebê possui com sua mãe. O nascimento marca esta separação e inunda o bebê de sensações nunca sentidas e incapazes de serem indiferenciadas, sendo esta a base para toda ansiedade futura que acompanhará o individuo por toda sua vida. Nesse estágio do desenvolvimento do Eu, os objetos parentais fornecem a assistência imprescindível para a sobrevivência do bebê e por causa disto se transformam em responsáveis pelo prazer e pela dor.

 

No começo da vida pós-natal, o bebê experimenta a ansiedade proveniente de fontes internas e externas. Há muitos anos que sustento a opinião de que a atividade interna do instinto de morte dá origem ao medo do aniquilamento e de que é essa a causa primaria da ansiedade persecutória. A primeira fonte externa de ansiedade pode encontrar-se na experiência do nascimento. Essa experiência segundo Freud, fornece o padrão para todas as situações posteriores de ansiedade, está votada a exercer influencia sobre as primeiras relações do bebê com o mundo externo” (Klein, 1982,  p. 217).

 

O estado de indiferenciação, também conhecido com narcisismo primário, cria no individuo a fantasia originária, ou mito, de retorno ao ventre materno – como forma de abolir toda separação. Essa situação é facilmente encontrada em muitos vínculos amorosos, onde pelo menos um dos dois da parceria desloca o centro de gravidade do seu próprio Eu e o desloca para o outro. Freud chamava esta sensação de sentimento oceânico.

Para Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que se está ciente num dado momento. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.

O Inconsciente (Ics) abrange aqueles elementos psíquicos, cuja acessibilidade à consciência é difícil ou impossível. Estes elementos se caracterizam das seguintes maneiras:

a)      São inacessíveis à consciência;

b)      Seu funcionamento se dá através do chamado processo primário (busca do prazer e fuga do desprazer);

c)      Natureza não verbal dos seus resíduos mnêmicos;

d)      Opera de conformidade com o princípio do prazer;

e)      Está relacionada com a vida pulsional;

f)       Seu caráter é infantil, pois alguns dos seus conteúdos são os desejos da infância.

 

Os conteúdos do Inconsciente são de grande importância na determinação da conduta e do pensamento do sujeito, pois eles são representantes das pulsões e sobre elas (pulsões) ocorrem grandes cargas de energia pulsional que induzem, estes representantes a voltarem à consciência através do Pré-consciente.

O Pré-consciente (Pcs) é o sistema no qual o material fica ausente da consciência, mas permanece acessível de uma forma não atualizada. Estes elementos mentais se tornam acessíveis através da concentração da atenção.

O Pré-consciente contém derivados do inconsciente e também armazena impressões do mundo exterior, estando assim ligado à realidade e também ao inconsciente. Seu desenvolvimento ocorre à medida que o indivíduo está constantemente sujeito à influência do ambiente, que o compele a controlar e modificar suas reações. A assimilação de ordens, proibições e o desenvolvimento de habilidades como falar (inicialmente palavras isoladas, depois frases estruturadas) que são internalizadas.

Neste sistema desenvolve-se uma instância especial que exerce a crítica moral e lógica, controlando as tendências que vem do Inconsciente permitindo que algumas delas cheguem a consciência e outras não. O Pré-consciente coincide em parte com a função do SUPEREU.

O Consciente (Cs) é o sistema pelo qual tem-se a percepção de um estímulo. Estes estímulos podem ser externos (sensitivos) e internos (psíquicos e vegetativos). No estado de vigília, o sistema Consciente está voltado para o mundo exterior absorvendo os estímulos, vindos deste exterior, através dos órgãos sensoriais, fazendo com que a pessoa reaja de forma mais ou menos adaptada.

O sistema Consciente é o sistema perceptivo e está intimamente relacionado com a motilidade e a afetividade. O Consciente apresenta uma estreita relação com a realidade, e por isto, opera no chamado princípio do teste de realidade, que é resultante do exame que o EU realiza para perceber se a fonte da experiência psíquica é interna ou externa. “... um órgão sensorial que se localiza no limite entre os mundos interno e externo e serve para a percepção tanto de processos internos (sonhos, fantasias e devaneios) como externos” (Nunberg, 1989, p. 48).

Segundo a Teoria Estrutural, elaborada por Freud (1924), existe a distinção de três sistemas ou instâncias da personalidade humana: o ISSO, o EU e o SUPEREU. O Isso é o sistema original da personalidade. É a fonte e o reservatório de toda energia psíquica. É a energia que impulsiona o sujeito em busca de tudo. Ele procura a resposta direta e imediata ante um estímulo pulsional, sem distinguir entrea realidade e a fantasia. Também não atende ao princípio da realidade, mas sim ao do prazer, não possuindo percepção do tempo ou das razões causais ou lógicas.

Do Isso se originam dois tipos de energia: uma agressiva que vem do instinto de morte inerente ao sujeito, e a outra sexual, chamada de Libido, originada do Eros. Ele é totalmente inconsciente.

O Eu é a parte executiva da personalidade. Possui diferenciação do Isso pela influência do mundo exterior sobre ele. Sua função é a de preservar e adquirir recursos e, por meio destes, se tornar habilitado a administrar as situações decorrentes das demandas do Isso, as reivindicações do Supereu, bem como as reivindicações provindas do mundo exterior.

O modo característico de funcionamento do Eu é através do processo secundário de pensamento, também chamado Princípio de Realidade, que impera na vida de vigília normal das pessoas. É um modo de buscar a satisfação dos impulsos do Isso, mas de uma maneira indireta e avaliando as condições determinadas pela realidade externa presente. Este tipo de pensamento é verbal e se reveste da lógica e objetividade, que são as características do sujeito normal, ajustado e equilibrado.

A primeira posição alcançada pelo bebê no seu desenvolvimento é chamada de esquizoparanóide. Os mecanismos de defesa usados para fazer frente à ansiedade de não fazer mais parte de um todo (mãe-bebê) fornecem o nome a esta posição. O termo “esquizo” se origina do grego significando cisão, corte, divisão. A palavra esquizofrenia significa mente divida. Já o termo paranóide, também do grego, significa um distúrbio de percepção e do conhecimento do sujeito.

A necessidade do bebê de preservar a experiência prazerosa e de rechaçar a dolorosa leva a uma dissociação (clivagem), de modo que, segundo Melaine Klein, toda a qualidade da formação do psiquismo humano gira em torno do seio bom (estruturante) e do seio mau (desestruturante) (Zimerman, 2001).

A segunda posição que é alcançada pelo bebê por volta dos seis meses de idade é chamada depressiva. Esta posição contraria a anterior se caracteriza pela capacidade de integração das partes do sujeito e dos objetos que estão dividas e dispersa devido às projeções. Segundo Zimerman (2001), o atingir plenamente a posição depressiva permite o desenvolvimento no ser humano de: aceitar perdas, algo que é necessário para a formação de símbolos; reconhecer e assumir responsabilidades e de eventuais culpas pelos ataques (mentais) feitos ou que imagina ter feito; concessão de autonomia aos objetos e capacidade de suportar uma separação parcial deles; fazer reparações verdadeiras; capacidade de sentir gratidão pelos que ao ajudaram, ser capaz de integrar aspectos dissociados e ambivalentes; formar símbolos e adquirir a capacidade de pensar.

 

4 Conclusão

 

Todos esperam serem felizes no casamento. Quando apaixonados todos os olhos estão voltados para a pessoa amada. Não é à toa que todos os contos infantis terminam com o encontro daquela que tanto sofreu com o príncipe encantado e finalizam com "e foram felizes para sempre". Como se houvesse um grande desejo de parar o tempo. Por parte das mulheres, a vontade de ser protegida e ter filhos é um exercício desde menina. Quando cresce aspira também a ser protegida pelo marido.

Para os moços, a expectativa é de ser acolhido num ninho de compreensão e amor. Ela acredita poder realizar todos os sonhos levantados nas brincadeiras de casinha, e isto é normalmente reforçado pelos homens que acabam sendo formados para dar conta de tudo, e quando isso  não  ocorre,  se  vêem  desprestigiados.  Com isto ocorre aqui um grande choque entre sonhos e realidade. Os ideais muitas vezes acabam atrapalhando o entendimento do casal.

Ter que lidar com o fato de serem dois sujeitos diferentes sempre é problemático. Quando se está apaixonado, o outro é o bem total, e o Eu nem é merecedor de tanta perfeição. Esse sentimento vem de quando o bebê está com fome e esperneia pelos cuidados e vem a mãe ou sua substituta atendê-lo aliviando a fome e o desespero; isto deixa uma sensação de grande prazer e gratidão para com a mãe, até a próxima mamada, quando tudo vai se repetir.

É importante reconhecer as diferenças entre os componentes do casal seja homo ou heteroafetivo. A diversidade é trabalhosa, mas é muito mais estimulante. O sujeito feminino que tem suas experiências profissionais, seus relacionamentos de amizade, suas idéias, tem muito mais a contribuir no casamento do que aquela que só tem olhos para o parceiro. Quem dá muito, cobra muito. Um sujeito masculino que vibra com as próprias coisas e um feminino que tem varias fontes de satisfação têm mais condições de tornar seu casamento criativo. Porque diferentes são todos.Todos sedentos de amor. Numa situação na qual o amor é tão fundamental, a vida fica insatisfatória e pobre. Insatisfatória porque a bem aventurança da paixão é passageira.

Estados de amor no adulto são necessariamente alternados com insatisfação. A única situação de absoluta dependência do outro que faz bem é aquela do bebê com sua mãe. Não é bom para aquele que depende, nem para aquele que é o  objeto da eleição. Se um dos parceiros tem como único projeto estar colado ao outro, está perdido, porque, mais cedo ou mais tarde vai se dar conta de que são dois e não um só. Se forem iguais é porque um está tendo que abrir mão do que pensa, da própria personalidade. No fundo fazem isso para evitar atritos, acreditam que as discussões desgastam a relação. Isto é péssimo para qualquer relacionamento. Estes  estão apoiados em doutrinas: dá para falar, não dá para falar.

 

Referências

 

Desprats-Péquignot, Chaterine. (1994). O Psicopatologia da Vida Sexual. Campinas – SP: Papirus.

Fenichel, Otto. (1997). Teoria Psicanalítica das Neuroses. São Paulo: Editora Atheneu.

Freud, Sigmund. (1925) Algumas Conseqüências Psíquicas da Distinção Entre os Sexos. Rio de Janeiro.

Freud, Sigmund. (1987). Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editores.

Freud, Sigmund. (1997). Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. Rio de Janeiro: Imago Editores.

Freud, Sigmund. (1924). A Dissolução do Complexo de Édipo Rio de Janeiro: Imago Editores.

Klein, Melaine. (1982). Algumas conclusões teóricas sobre a vida emocional dos bebes - in Os progressos da psicanálise (3ª ed.). Rio de Janeiro: LTC.

Laplanche, J., & Pontalis, J. (1998). Vocabulário de Psicanálise, São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda.

Nunberg, Herman.(1989). Princípios da Psicanálise. São Paulo: Editora Atheneu.

Segal, Hanna. (1975). Introdução à obra de Melanie Klein - imago editora Ltda. Rio de Janeiro.

Zimerman, David E. (2001). Vocabulário contemporâneo de Psicanálise Porto Alegre: artes medicas.