quinta-feira, 8 de maio de 2014

VÍNCULOS A BASE PARA OS RELACIONAMENTOS

ENAMORAMENTO 

O início de um relacionamento é uma época singular. Apesar de o mundo continuar girando na mesma velocidade, para o casal apaixonado, as horas voam quando os dois estão juntos e duram uma eternidade quando estão separados. A rotina é dominada pelo sentimento da espera de um novo encontro.

Durante a chamada fase de encantamento, o casal está mais aberto e livre por não carregar a bagagem dos referenciais. Ambas as parte se expressam de maneira mais autêntica. "O indivíduo sente-se leve por estar sendo desejado apenas por aquilo que ele é",

 O amor infantil é ilimitado; exige a posse exclusiva, não se contenta com menos do que tudo. Possui, porém, uma segunda característica; não tem, na realidade, objetivo, sendo incapaz de obter satisfação completa, e, principalmente por isso, está condenado a acabar em desapontamento.  (FREUD, 1987 Edição Eletrônica, v. XXI).

Um rosto, ou uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão. O corpo estremece. É a paixão. O individuo está apaixonado. Tudo acontece num exato momento. No inicio da relação deseja-se somente uma coisa: atuar as paixões. E atuá-las num clima de perenidade e alucinação primitiva, próprias do inconsciente.

Um só corpo, uma só mente, um alucinar junto para a satisfação dos desejos incestuosos. Ele é o pai que ela deseja apaixonada e ardentemente. Ela é a mãe exclusiva pronta para satisfazer-lhe todas as necessidades e desejos. Nada de conversar, nada de reprimir, nada de simbolizar os afetos dominadores e ardentes. Somente a vivência das paixões.

Seja qual for o conteúdo da motivação para a escolha, seja ele mais primitivo ou mais atual, ocorre sempre um cruzamento no momento do encontro. Cruzamento este entre o passado e o presente de ambos envolvidos, e então se estabelece um ponto, uma unidade indivisível, um núcleo de vivência mútua.

Esta vivência, este núcleo que à primeira vista constitui-se de elementos irreconhecíveis, mas cujo produto final retira da percepção conflitos e angústias, remete o casal a um estão ilusório de completude (narcísica).(Lamanno – 1993)

Sob o viés psicanalítico, as afinidades encontradas entre duas pessoas são ecos do passado e que reproduzem os primeiros amores. O que está sendo evocado nestes encontros é o conhecimento e o desejo de infância, isto é, a recuperação de versões anteriores do enamoramento do bebê pela sua mãe.


Da psicanálise recebe-se a idéia de que todos buscam retornar a um estado ideal, livre de conflitos, separações, perdas, lutos, do tempo e da morte, exatamente igual a quando o bebê estava fusionado com a mãe. Na memória inconsciente são guardadas sensações dessa vivência e das relações experimentadas com os pais, irmãos e com todos com os quais já houve um encontro ao longo da jornada de desenvolvimento.