Colaboração com o caderno NA MIRA coluna "QUEBRANDO TABU" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 01.03.2013
Recentemente recebi de uma
jovem mulher várias mensagens sobre as ‘falhas’ seguidas do seu parceiro
durante as relações sexuais. Em seguida ele me envia mensagem marcando uma
consulta, mas no dia e hora marcados não compareceu.
Temos aí duas situações
bastante comuns. Ela querendo ajudá-lo, motivada pelo afeto que sente por seu
parceiro, e também para garantir seu prazer, e ele, fugindo de enfrentar o
problema. Segundo estudos menos de 10% de homens entre 18 e 40 anos procuram
ajuda para tratar de problemas de disfunções sexuais.
Provavelmente dois
assuntos dominam a vida sexual masculina, um é o tamanho do pênis e outro é o
desempenho com as mulheres. A qualidade da autoestima masculina está bastante ligada
a estes dois aspectos, e por estes aspectos é bastante comum os homens fugirem
do assunto com suas parceiras e de procurarem ajuda especializada, dois grandes
erros que podem custar o relacionamento.
Escrevo esta colaboração,
especialmente para as mulheres (elas estão ligadas diretamente a situação),
para que elas possam ter noções sobre o assunto e desta maneira ajudarem de
forma eficaz seus parceiros, pois na maioria das vezes esta ajuda é fundamental
para a solução do problema. Quando o problema acontecer a mulher não deve
colocar a situação ‘para baixo do tapete’, pois a tendência é que quando mais
se espera mais difícil se torna esta busca de ajuda (com o tempo o homem acaba
fugindo das relações sexuais). Importante lembrar que ajudar é diferente
de cobrar.
Como já exposto aqui
algumas vezes, as disfunções sexuais (falta/perda da ereção, ejaculação rápida
ou retardada e falta de desejo sexual) podem ser de origem orgânica ou
emocional, podendo ainda conjugar os dois fatores.
As causas orgânicas podem
ser alterações neurológicas, alterações arteriais, alterações dos corpos
cavernosos, alterações dos neurotransmissores (óxido nítrico, GMPc e o PDE-5) e
também a diabetes. Alguns medicamentos também podem contribuir para o problema
tais como: Anti-androgênicos (usados em
tumores malignos da próstata), finasterida (hipertrofia da próstata e para
crescer cabelo), beta-bloqueadores, descongestionantes; metil-dopa (bloqueadores dos canais de cálcio
na hipertensão arterial), tranquilizantes, sedativos, cimetidina (usado na
úlcera péptica), e a digoxina (insuficiência cardíaca). Por todos estes motivos é fundamental a procura de um urologista
para o diagnóstico.
Caso o médico descarte os
problemas físicos é preciso procurar um psicanalista ou psicólogo especializados
em disfunções sexuais para tratar o emocional. O tratamento psicoterapêutico
geralmente usa duas abordagens, a psicanalítica (mais profunda) e a cognitivo-comportamental.
O importante é ter consciência que quanto mais rápido se procurar ajuda, menos
difícil será resolver o problema.
Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em
Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli