Colaboração com o caderno Na Mira, coluna "Quebrando Tabu" do jornal O ESTADO DO MARANHÃO no dia 31.05.2013.
Recebemos
alguns e-mails pedindo que fosse abordada a dificuldade de muitas mulheres em
atingir o orgasmo durante as relações sexuais. Colocamos como titulo a
‘ANORGASMIA FEMININA’ porque se encontra este problema também nos homens, mas
nosso foco desta edição é o mundo feminino.
Em
primeiro lugar é preciso alertar, que em vários casos o problema não está
diretamente relacionado a uma disfunção sexual especifica desta fase (resposta
sexual), mas se torna um conjunto com as fases anteriores, isto é, dificuldade
(ou falta) de desejo ou mesmo de excitação.
Não
é possível apontar um único fator responsável pela dificuldade de ter orgasmo
nas mulheres. Algumas características comuns são encontradas na grande maioria
das anorgásmicas. As principais são: tem menor percepção dos sinais que seus
corpos sentem durante a fase da excitação, isto é, desconhecem seu corpo;
tendem a sentir mais culpa em relação à sexualidade ocasionada muitas vezes por
uma educação repressora; possuem preconceitos negativos sobre as atividades
sexuais; veem a masturbação como algo negativo e muitas têm medo de perder o
controle durante o orgasmo.
Dúvida
que também ocorre muitas vezes é se o tamanho do clitóris influencia no acontecer
e na intensidade do orgasmo. Assim como o tamanho do pênis nos homens não
interfere no prazer, o tamanho do clitóris não tem influência alguma na
capacidade ou não da mulher sentir orgasmo. O que é preciso observar é a sua
funcionalidade, isto é, a capacidade ou não de receber e enviar estímulos
nervosos.
O
clitóris durante a fase de excitação aumenta de tamanho, passa dos
aproximadamente 0,5 para até 2,0 centímetros de comprimento. Possui milhares de
terminações nervosas e por isto se torna a parte mais sensível da genitália
feminina.
Em
algumas sociedades é praticada a excisão, que constitui a retirada cirúrgica do
clitóris o que impossibilita o orgasmo feminino. Este ato constitui-se numa
mutilação genital feminina e tem sequelas físicas e psicológicas irreversíveis,
constituindo em uma violação dos direitos humanos.
Ernesto Friederichs Mandelli, Psicanalista com especializações em
Sexualidade e Educação Sexual. E-mail: mandelli@elo.com.br - twitter: http://twitter.com/efmandelli