quinta-feira, 23 de junho de 2011

A PSICANÁLISE E A MOTIVAÇÃO HUMANA - MASLOW E AS NECESSIDADES HUMANAS – II PARTE

Na sequência da reflexão da interação da Psicanálise com a Administração é necessário construir a base teórica para a compreensão dos assuntos. Para isto se faz necessário realizar um breve passeio sobre a teoria psicanalítica nos pontos de interesse para os objetivos aqui propostos.

Nos escritos de Sigmund Freud sobre o funcionamento psíquico, encontram-se os chamados processos primários que são as formas pelas quais a mente humana opera. Aqui é importante resgatar a ideia da Administração sobre processo, que é de um modo de fazer alguma coisa, isto é, como diz a dicionário Priberam da Língua Portuguesa um conjunto de manipulações para obter um resultado. Lembrando que uma ‘entrada’(seja ela energia, afeto, percepção, etc.) sofre uma ‘transformação’ e resulta em uma ‘saída’ diferente da 'entrada'.

Na Psicanálise o Administrador destes processos é o aparelho psíquico, aquele que realiza as manipulações das lembranças e dos impulsos chamados de “processos mentais”. Ele (aparelho psíquico) é composto por três instâncias: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. Cada um com suas especialidades.

 O consciente (Cs) é chamado de parte executiva da personalidade e seu funcionamento ocorre baseado no princípio da realidade. É o que se chama normalmente do racional é onde ocorrem decisões lógicas e baseadas em ponderações, por exemplo, o que pode e o que não pode (regras).

 No pré-consciente, encontra-se o lugar das nossas lembranças o nosso arquivo mnêmico. Fica afastado da consciência, mas que com concentração e esforço pode ser recuperado. Pode-se afirmar que tudo o que se vive, lê, estuda e ouve fica arquivado.

 No inconsciente (Ic) esta localizada a fonte de toda energia psíquica que é a responsável pelos pensamentos, afetos, criatividade e comportamento humano. Ela é contínua e tende sempre a descarga. Na linguagem psicanalítica esta energia é chamada de pulsão. A pulsão substitui o instinto, pois os mamíferos possuem dois instintos, o de sobrevivência e o de reprodução. No ser humano, estes instintos são “recobertos” pela cultura na qual está submetido. A forma desta cultura se manifestar é sempre pela linguagem.

 Um exemplo é a diferença entre fome e apetite, a fome é uma necessidade por alimento (energia) para manter o corpo funcionando e apetite é uma associação feita com a necessidade de alimento (instinto) e o prazer de se alimentar. Na natureza não são encontrados mamíferos obesos, pois eles se alimentam apenas com o necessário para viver, enquanto que o indivíduo come mais que precisa e com isto acumula gordura.

 Voltando à Psicanálise, esta pulsão que é constante e sempre buscando a descarga, ao ser impedida por causa do princípio da realidade, acumula-se aumentando a excitação do sistema nervoso. Quando parte desta energia é descarregada, ela se transforma em comportamentos (ações) e estes estarão baseados no principio primário que é a busca do prazer e a evitação do desprazer.

 Abraham Maslow, um dos teóricos da motivação e muito usado nos processos de Qualidade Total (TQC), define cinco categorias de necessidades humanas. Sem entrar no mérito se são ou não hierarquizadas, encontram se as seguintes: fisiológicas (comer, abrigo, beber, sono, sexo, etc.), segurança (garantir a satisfação das necessidades anteriores), sociais (relacionamento, pertencer a um grupo, etc.), estima (ser reconhecido pelos outros como indivíduo, não ser simplesmente mais um) e as de autorealização representadas pela efetivação de todo o potencial que o ser humano possui.

 Ao fazer-se a junção da teoria das pulsões com a Teoria de Maslow é possível perceber que o fator motivacional encontrado nas quatro primeiras necessidades, é o de evitar o desprazer, pois a fome (sobrevivência) causa desprazer, assim como a dúvida de ter um salário no final do mês seguinte, ou então sentir-se isolado e não reconhecido em seus esforços e em suas características individuais causam sofrimento (angústia). Nesta situação podemos comparar o sofrimento com a sensação de frustração por não possuir a capacidade de atender aquelas necessidades (fisiológicas, segurança, sociais e estima).

 Quanto se trata da AUTOREALIZAÇÃO, é possível perceber que a sua motivação é pela busca do prazer, pois ser um Administrador competente, um cidadão responsável, ou mesmo um profissional reconhecido, o sofrimento (angústia) e substituído pela satisfação.

Baseado nesta reflexão é possível fazer a avaliação da importância motivacional que existe na definição da filosofia organizacional que se faz com o estabelecimento da Visão, do Negócio organizacional, da Missão, dos objetivos estratégicos e das metas individuais.